CAMINHO DE FERRO DO LIMPOPO |
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A ponte de Magude por ocasi찾o da sua inaugura챌찾o em Novembro de 1940 | | A Sr짧 D. Maria do Carmo Fragoso Carmona, procedendo ao descerramento de uma lápide na ponte de Magude |
Em 1902, numa reuni찾o da C창mara de Comércio de Bulawayo, W. H. Hadeen, um dos membros mais proeminentes das actividades económicas da Rodésia do Sul, defendeu a ideia de que se deveria construir uma Linha de Caminho de Ferro que, partindo daquela Cidade rodesiana, fosse atingir directamente o Porto de Louren챌o Marques. A ideia de Hadden prestou-se a comentários entre os restantes membros e pouco adiantou.
Em Fevereiro de 1904, em nova reuni찾o da C창mara de Comércio de Bulawayo, de novo alguém levantou o problema e depois de largas discuss천es, foi finalmente votada a recomenda챌찾o de que a melhor maneira de assegurar uma prosperidade crescente para Bulawayo, como Centro comercial da Rodésia do sul, seria estabelecendo-se uma liga챌찾o de Caminho de Ferro da Gwanda com Louren챌o Marques, através de Pietesburg e Selati. Ficou mais resolvido nessa reuni찾o convidar-se a popula챌찾o de Bulawayo a assinar uma peti챌찾o que nesse sentido seria enviada a Lorde Alfred Milner, ent찾o Governador de Transvaal, o qual estava sinceramente empenhado na reconstru챌찾o da economia do País abalado pela guerra Anglo-Boer. Entretanto, R. S. Cotton, representante local da Companhia de Mo챌ambique, n찾o só condenou a ideia de que Louren챌o Marques seria um Porto melhor e mais eficiente do que a Beira para o escoamento dos produtos da Rodésia do sul, como ainda chamou aten챌찾o para o facto de que a constru챌찾o de uma Linha de Caminho de Ferro para Louren챌o Marques iria atingir os interesses dos accionistas da Linha Vryburg - Bulawayo. Mesmo assim, a recomenda챌찾o foi aprovada por 19 votos contra 5, mas nada de prático resultou da peti챌찾o dirigida a Lorde Milner [...].
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O engenheiro Trigo de Morais, cujo grandioso projecto de coloniza챌찾o e regadio do Vale do Limpopo por ele estudado, em 1925, veio a ter realiza챌찾o só em 1963. Na imagem, explicando pormenores dos trabalhos em curso na 챗poca | | A ponte-a챌ude do Limpopo, depois de concluida. Com 651 metros de comprimento, custou 210 000 000 $ 00 incluindo 20 843 000 $ 00 da parte sobre a qual assenta a via férrea |
A bem elaborada memória sobre o aproveitamento das terras do Limpopo, da autoria do engenheiro Trigo de Morais, publicada aquando da visita do Marechal Craveiro Lopes a Mo챌ambique, conclui, dando como elemento bem curioso acerca da história do famoso projecto, o comentário que a seguir transcrevemos: "depois veio o despacho de 17 de Agosto de 1951, que fechou o período de 26 anos de reflex천es sobre a irriga챌찾o do Vale do Limpopo e converteu em realidade o Caminho de Ferro que era utopia um quarto de século antes".
O Caminho de Ferro fez-se ligando Moçambique a Rodésia, exactamente como o havia sonhado Trigo Morais. O Porto de Lourenço Marques passou a servir, efectivamente, a Rodésia e a África central. essa via férrea deu ao Porto principal da Província de Moçambique maior posição de valor económico quanto à importação e exportação das riquezas dos países vizinhos. Já a tinha antes quanto à drenagem das mercadorias importadas e exportadas pelo Transvaal. Essa posição assume, agora, importância maior, visto que passou a possibilitar embarque económico, para onde desceu, da Rodésia, pela via férrea do Limpopo, o cobre de Nchanga, Nkana, e Lusnshya, o manganês de Broken Hill e os asbestos de Vugue e Shabani, destinados à venda no exterior, canalizados pelo Porto de Lourenço Marques em tonelagem que atingiu a casa de muitas dezenas de milhar. Para guardar esse novo trâfego rodesiano, a Administração ferroviária chegou a construir na àrea do Porto de Lourenço marques um grande armazém, que comportava mais de 180mil sacos de milho.
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Fotografia histórica: as duas linhas férreas, a portuguesa (no primeiro plano) e a rodesiana, na posi챌찾o em que se encontravam antes de se colocar o último carril do Caminho de Ferro do Limpopo, em 19 de Maio de 1955, acerca de 30 Km da fronteira portuguesa | | Coloca챌찾o do último carril da Linha do Limpopo, em território portugu챗s (mo챌ambicano) |
O Colonato do Limpopo situa-se na parte baixa do Vale do rio Limpopo, margem direita, caracterizando-se este rio por ter uma bacia hidrográfica de 415 000 quilómetros quadrados, dos quais 19 por cento estão em território nacional e 81 por cento nos territórios da República da África do sul. Nasce o Limpopo, a oeste de Pretória, na altitude de 1500 metros, e os seus principais afluentes, na margem direita, tém todas as nascentes e confluências no transvaal, excepto o rio dos Elefantes, cuja confluência fica em território de Moçambique, depois de dentro da Província se desenvolver em 110 quilómetros.
O rio dos Elefantes, da bacia hidrográfica, em zona montanhosa de grandes quedas pluviométricas, é o principal abastecedor do caudal do Limpopo em Mo챌ambique.
Quem ler com aten챌찾o os relatórios anuais do engenheiro Pinto Teixeira, na sua qualidade de Director dos Servi챌os dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Mo챌ambique, verifica que ele previra as dificuldades que a Rodésia do sul encontraria com o surto de desenvolvimento que já se processava naquele país, e desde ent찾o, sempre preconizou uma liga챌찾o directa do Porto de Louren챌o Marques com Bulawayo, como acabou por acontecer.
O Ministro das Obras Públicas, da Rodésia do sul, Gilchrist, quando visitou Mo챌ambique em Novembro de 1933, mostrou-se também inclinado pela utiliza챌찾o do Porto de Louren챌o Marques para o escoamento do seu gado das Rodésias, desde que fosse estabelecida uma linha que ligasse aquele país com Louren챌o Marques pelo Vale do Limpopo, via Pafúri.
Com a ideia firmemente assente na sua mente, o engenheiro Pinto Teixeira fizera começar a Linha Limpopo em 1929, a qual em 1941 já atingia 87 quilómetros de exploração até ao Guijá, passando sobre a ponte General Carmona, em 1940, a qual atravessa o Incomáti em Magude. Os trabalhos dessa magnífica ponte, no seu tempo a maior de África em cimento armado, haviam começado em 1935, sendo inaugurada solenemente em Novembro de 1940 pelo Governador geral, General José Tristão de Bettencourt, assistindo como convidado de honra o Ministro dos Transportes da União, F. C. Sturrock.
A inauguração simbólica da ponte de Magude fizera-se em 1939 pelo Chefe do Estado, General António Ôscar de Fragoso Carmona e fora um dos grandes acontecimentos da visita presidencial, porquanto era essa a maior ponte em cimento armado construida em Moçambique no seu tempo: a ponte tem cerca de 470 metros de expansão e está construida sobre 14 arcos de 3 articulações. Na sua construção empregaram-se cerca de 100 000 sacos de cimento de produção local. Custou cerca de 150 000 libras estrelinas.
O comboio presidencial, rebocado pela máquina 504, partiu pelas 8 horas da manhã da Estação central de Lourenço Marques, no dia 24 de Julho de 1939 em direcção a Magude. Em Moamba, o chefe do Estado foi alvo de uma grandiosa manifestação de simpatia, tendo a viagem presidencial dado motivo à inauguração também do novo desvio na referida esta챌찾o, facilitando assim as viagens normais entre Xinavane e Louren챌o Marques.
pouco passava das 11 horas quando o comboio presidencial chegou ao ponto terminal da viagem sobre a ponte, em Magude, cujo custo total estava or챌ado em 15 000 contos. Em frente da ponte em constru챌찾o na outra margem do rio, estendia-se uma legenda de sauda챌찾o ao venerando chefe do Estado - Magude sauda Vossa excel챗ncia ! .
O Governador geral, interino, Dr. Nunes de Oliveira depois de breves palavras de saudação ao Chefe do estado, pediu licença para ler a portaria que dá o nome de General Carmona à referida Ponte. Finda a leitura, o Dr. Nunes de Oliveira ofereceu à Senhora D. Maria do Carmo Fragoso Carmona, esposa do Chefe do estado uma artística placa de prata e ouro com a transcrição da referida portaria.
Foi a Senhora de Fragoso Carmona quem procedeu ao descerramento das lápides comemorativas do acto. O Chefe do estado, que se encontrava acompanhado pelo Ministro das Colónias, Dr. Francisco Vieira Machado, felicitou os engenheiros Pinto Teixeira, Director dos Servi챌os dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Mo챌ambique, e eduardo Barbosa, Chefe da Divis찾o de Estudos e Constru챌찾o que directamente dirigia a constru챌찾o e ainda o Chefe da sec챌찾o, Luis Duarte dos Santos, encarregado das Obras de constru챌찾o da bela Ponte.
http://www.cfmnet.co.mz/linhalimpopo.htm