OS MEUS AMANTES
I
Há anos, que já v찾o algo distantes,
A minha professora me ensinou
A gostar dos meus primeiros “amantes”.
O gosto, para sempre me ficou.
II
Com eles aprendi o “Bê à Bá”
Da inicia챌찾o aberta ao intelecto.
Desnudo a Obra impressa que neles há!
Difícil é, escolher o mais dilecto.
III
Vivo momentos belos, de aventura,
Vestindo a pele dos Doutos personagens.
E vejo de palanque a M찾e Natura
Parindo as mais idílicas paisagens.
IV
Se uns me transportaram à pré-história,
Mostrando-me lugares, que intercalam
Com factos que, nas brumas da memória,
Perduram ainda nas “Pedras que Falam”.
V
Outros, em que me revejo enfim,
Delatando o sofrimento imundo,
Causado por acólitos de “Odin”,
Desde os primórdios mundos que há no Mundo.
VI
Com alguns, fiz viagens de Conquista!
Por longos mares de lendas e mistério:
Atravessando a era quinhentista,
Privando com Heróis do nosso Império.
VII
Há os que me mostraram os palácios,
Da longa monarquia portuguesa;
Onde alguns, só cultivavam o ócio!
Escravizando o povo, na pobreza.
VIII
Porém, há o reverso da medalha,
Pois muitos foram Reis exemplares!
Fizeram do reinado, uma batalha
De Obras, ainda hoje modelares.
IX
Como o sol que se p천e ao fim do dia
Em suaves matizes deslizantes,
Aprendi a amar a poesia,
Nos versos dos “Vates” mais fulgurantes.
X
Vivi as desventuras e o lirismo
Dum Homem, de alma pura e repleta.
De amores e infindo patriotismo,
Luís Vaz de Cam천es, primaz Poeta.
XI
A “Musa”, com o seu meigo manto, envolve
As almas dos sensíveis e imortais:
Antero, Pessoa, Cesário e Nobre!
E um vasto leque, doutros seus iguais.
XII
Tenho um, que de forma eloquente,
Me mostra devassando, tanta vez:
A vida e os “Autos de Gil Vicente”!
Patrono do Teatro Portugu챗s.
XIII
Nas asas do sonho, subo às alturas,
Aonde os meus “amantes” me levaram
A ver outros povos, outras culturas,
E amores e desamores que se cruzaram.
XIV
Com outros, fui desvendando o segredo
Da bela arte; “alada e acústica”!
Que os bons compositores, cheios de enlevo!
D찾o á luz, e ao mundo, a boa música.
XV
Vi barracas e casas de abastan챌as;
Separadas, às vezes só por muros.
Dum lado, se empanturram nas festan챌as;
Do outro, sobrevivem nos monturos
XVI
Sem o poder do homem sobre o homem,
E cada qual, só com o que é preciso,
N찾o havia desabrigados, nem fome!
Era a vida na terra, um paraíso.
XVII
S찾o estas as ila챌천es que vou tirando,
Quando me refugio no meu canto,
Com mais de mil amantes conversando,
Através deles, é que eu viajo tanto.
XVIII
Por eles, troco outros lazeres e labores;
Quando os acaricio, toda eu vibro.
S찾o meus fiéis amantes, meus amores!
Fazem parte de mim! S찾o os meus livros.
Graziela Vieira
Valada--Ourém