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General: Crónicas e cronistas
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De: sao_percheiro25 (Mensaje original) |
Enviado: 07/10/2007 23:30 |
JOSÉ GOMES FERREIRA
N찾o fiques para trás, ó companheiro (...)
Às seis da tarde costumávamos descer o Chiado até ao Metro. Ele aparecia na Moraes quase sempre de surpresa, trabalhávamos o que havia para trabalhar, contávamos histórias um ou outro, conversávamos de tudo e de nada e, pelo fim da tarde, o seu braço enfiado no meu, cabelo branco ao vento, uma velha gabardina desabotoada, descíamos o Chiado a pé até ao Metro. O Zé Gomes adorava ser reconhecido e cumprimentado nas ruas. Sorria à esquerda e à direita, alisava com a mão, vaidoso, a sua bonita cabeleira branca, enfiava o braço no meu e, muito direito, baixando levemente a cabeça, cumprimentava com elegância e educação todos os que o saudavam. - Quem é esta? – perguntava-me em voz baixa – Você conhece? - Ó Zé Gomes, sei lá! Não posso conhecer todas as pessoas que o cumprimentam... - Ent찾o porque é que ela nos cumprimentou? - Ora essa... porque conhece os seus livros, certamente, porque o viu na televis찾o... Ele ficava vaidoso e embevecido. Até amanh찾 S찾oP |
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De: sao_percheiro25 |
Enviado: 08/10/2007 14:05 |
AS FEIOSAS E AS BOAZUDAS Faz muito tempo que não vejo alguém exaltar as vantagens das feiosas, coitadas. Pois te digo que na feiúra não está o caos, muito pelo contrário e, quase envergonhado de lembrar, vamos ao ditado, o que seria do belo se não fosse o feio.
Ser feia tem vantagens mis, como diria Zagallo, aliás, mis vantagens sem corpo de miss. Já viu uma boazuda, de pé, no ônibus quase cheio (se cheio nem é bom falar) e um sujeito escalado, escoradinho no traseiro da dita, com aquele olhar bobão de quem pensa que engana, dizendo, "nem consigo me mexer", e só no embalinho. Já viu uma feiosa passar este desgosto? Aparece um papa-tudo, ela se não gosta pelo menos dá uma olhadinha pro urubu, com aquele olhar tô querendo, ele viu, e não raro vai mexendo, tudo por culpa do embalinho.
Feiosa sai do ônibus à noite e atravessa o parque sem problemas. Já pensou uma boazuda fazer algo parecido. Se bem que tem as feiosas que juram que não são e saem ligeirinho com aquele passo tomara que me comam e ninguém come.
Tem vantagens que só o subjetivo esclarece, a boazuda nem ganha, deixa rolar, qualquer um come filé sem precisar de convite; a feiosa conquista, tem que comer pelas âberadaâ, ter paciência, ser compreensiva, mas conquista, é outro papo. A boazuda quer um bonitão que tenha um algo mais, coisa rara; a feiosa quer um bonitão que ..., bem, se não é lá essas coisas, dá pra fazer inveja às amigas.
As boazudas serão taxadas para todo o sempre de burras a primeira vista, não criam problemas em concurso, se confundem com objetos quando raciocinam e vivem à procura de um trouxa pra bancar as contas, trocando trouxa por trouxa; a feiosa só é taxada de burra quando, além de tudo, é burra, e racha a despesa sem pestanejar, é independente e não só defende como pratica a igualdade entre os sexos.
A feiosa entende que você não pode ganhar tudo que gostaria; a boazuda entende que é capaz de gastar tudo que você poderia ganhar.
Namorado de boazuda é corno até prova em contrário; de feiosa, namora uma moça simpática. As feiosas casam por amor, e o amor é eterno mesmo que sem chama; a boazuda casa por causa da chama, que apaga, para logo ali descobrir que trocou a admiração de todos por um roncador, peidorreiro, indiferente.
O certo é que se passarmos a analisar todas as vantagens que existem na feiúra, corremos o risco de chegarmos a conclusão que ser feiosa é beleza pura; o canal é ser feiosa. O problema é que o feio tornado belo faria o belo, feio e assim, este ganharia tantas vantagens que voltaria a ser belo e em meio a esta confusão, somos de parecer que o melhor é deixar tudo como está.
Se uma boazuda, duas boazudas, três boazudas, n boazudas não forem do seu eterno agrado, sempre haverá por aí um porto seguro e..., não vem me dizer que estás querendo o céu e a terra, estás?
Marco Ant척nio Canto |
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De: misabelantunes1 |
Enviado: 08/10/2007 17:54 |
S찾o, Obrigada por teres trazido aqui, José Gomes Ferreira. Em troca, deixo-te um poema dele, de que gosto muito. Beijinhos. Isabel Entrei no café com um rio na algibeira Entrei no café com um rio na algibeira e pu-lo no ch찾o, a v챗-lo correr da imagina챌찾o... A seguir, tirei do bolso do colete nuvens e estrelas e estendi um tapete de flores a conceb챗-las. Depois, encostado à mesa, tirei da boca um pássaro a cantar e enfeitei com ele a Natureza das árvores em torno a cheirarem ao luar que eu imagino. E agora aqui estou a ouvir A melodia sem contorno Deste acaso de existir -onde só procuro a Beleza para me iludir dum destino. José Gomes Ferreira
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De: sao_percheiro25 |
Enviado: 08/10/2007 19:26 |
Olha Isabel também te deixo este de que gosto muito, um beijo. Agora, apodrecer. Nas ruas, no suor das m찾os amigas dos amigos, na pele dos espelhos... desespero sorrido, carne de sonho público, montras enfeitadas de olhos... ...mas apodrecer. Bolor a fingir de lua, árvores esquecidas do princípio do mundo... "como estás, estás bem?", o telefone n찾o toca! devorador de astros... ... mas apodrecer. Sim, apodrecer de pé e mec창nico, a rolar pelo mundo nesta bola de vidro, já sem olhos para agu챌ar peitos e o sol a nascer todos os dias no emprego burocrático de dar raz찾o aos relógios, cada vez mais necessários para as certid천es da morte exata, Sim, apodrecer ... "...as m찾os, a cólera, o frio, as pálpebras, o cabelo a morte, as bandeiras, as lágrimas, a república, o sexo... ... mas apodrecer! Sujar estrelas. |
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De: sao_percheiro25 |
Enviado: 09/10/2007 00:53 |
O sol daqui brilha mais do que o de lá. Aqui encontro um espaço bom entre o que quero ser e o que penso que sou. É uma transição constante, como entrar em salas com ar-condicionado e depois sentir o calor do sol grudar na pele. Calor bom que vem junto da brisa, que vem junto com o cheiro do mar. Entro no carro e sinto outra cidade. Pior, melhor. Meus paralelos. S찾o trocas constantes da vida, nas curvas e retas. Troquei de pista. Por gentileza, onde fica o farol? Caminho sem me preocupar com a dire챌찾o. Todos os caminhos me levam para o mar. Quando me perco, acredito que estou longe dele, de repente ele aparece. E assim, lembro da minha família. Minha m찾e, meu mar, que sempre me traz para perto quando estou distante. Minha alma vagueia nas noites. De um lado para o outro. Me procuro nele, me procuro em mim e já n찾o sei o que guardei. Quero frases curtas. Há um espa챌o sideral de mim. Um buraco-negro. Novamente o dia amanhece. Novamente o sol me traz de volta dos meus sonhos. O que vejo? Sou ele! Sou um sonho. Um novo surreal vivendo em terras estranhas. e belas. Sonho e acordo contigo. S찾oP |
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