OTA = Ber챌o da Humanidade?!?
Como consequência da actual orientação política da UE, liderada pela Chanceler alemã, os ministros presentes na recente reunião realizada no Luxemburgo estiveram de acordo em relação à introdução da legislação que pune o revisionismo histórico. As consequ챗ncias desta decis찾o v찾o ser especialmente graves para Portugal, uma na챌찾o que apenas recentemente conquistou a livre express찾o de opini찾o. De repente, foi imposto um dogma de uma religi찾o inventada nos EUA, no fim do século XIX, que nada tem a ver com a lusa gente. Há séculos Portugal já sofrera sob o fundamentalismo do: "Crê e não aprofundes!". Agora começou a época do: "Ajoelha-te, engole e não investigues!". A primeira "vitória" deste novo fanatismo foi a desist챗ncia da programada instala챌찾o de uma cadeira sobre revisionismo numa universidade portuguesa. Os preparativos desta cadeira nem sequer apontavam para estudos do século XX, embora, com o decorrer dos tempos, provavelmente também a este chegaria. A ideia era a de come챌ar bem pelo início da História da Humanidade, onde Portugal dá cartas, sem que a maioria dos portugueses o saibam. Revisitar ocorr챗ncias históricas n찾o é negar nada, mas apenas reexaminar afirma챌천es tidas como óbvias mas nunca devidamente estudadas ou provadas. Só a mentira tem medo da Verdade e necessita de protec챌찾o através da prepot챗ncia! A Verdade resiste e virá sempre ao de cima! A História n찾o é uma ci챗ncia exacta como a matemática, mas algo que merece ser constantemente revisto e reexaminado perante novas descobertas de fontes e de conhecimentos que possam eventualmente trazer mais luz. Todas as afirmações em relação à História deviam ser acompanhadas da menção: "Salvo melhor critério". Impor uma vers찾o por for챌a de lei, mesmo muito politicamente correcta que seja, é sempre um dogma de uma interpreta챌찾o tendenciosa, o que em nada beneficia a busca da verdade. Um dos primeiros temas, ao qual o curso anulado pretendia dar plataforma de discussão, seria sobre a eventualidade de terras portuguesas poderem ser candidatas à classificação de: Berço da Humanidade (até se encontrarem outros locais eventualmente anteriores). Viver na ignor창ncia do passado da sua própria espécie só é perdoável enquanto n찾o se encontrar um caminho de acesso a novas informa챌천es. Ignorar descobertas, escond챗-las ou denegri-las é optar viver como "estúpido". Até à primeira metade do século XIX servia, quase exclusivamente, a Bíblia como fonte informadora das nossas origens e acreditava-se piamente que Jesus Cristo tivesse nascido no ano zero, ou seja, o ano 3948 desde a criação do mundo. Estudos mais recentes demonstram fortes probabilidades de Jesus ter nascido no ano 7, ou 4, antes de zero, anulando-se mesmo a hipótese do ano zero. Porém, ninguém tem a coragem de mudar a data no nosso calendário. Portugal teve um Rei que assumiu tal tarefa. Foi D. Jo찾o I, que recuou da data do ano Ano Cesar para o Ano Domini, o que obrigou a voltar 38 anos para trás. Ainda haverá gente com tal coragem? No reinado de D. Pedro V houve gente com coragem, mas, como de costume, deram-se mal com a incompreens찾o e mediocridade dos seus pares. Uma figura de destaque entre os cientistas lusos de ent찾o foi Carlos Ribeiro, nomeado Chefe da Comiss찾o de Geologia de Portugal, em 1857. Nesta personagem combinavam-se dois interesses, que acabaram por entrar em conflito: a arqueologia e a geologia. Tendo estudado as formações geológicas do Vale do Tejo, classificou zonas do Miocénico Inicial (Aquitaniano-Burdigaliano e Helveticano), como datando de há cerca de 10 milhões a 25 milhões de anos. Foi com estupefacção que descobriu, encrostado em rochas sedimentares, pedras lascadas, que a arqueologia só podia classificar como sendo de origem humana. Os "mais hereges" entre os cientistas da sua época já tinham chegado à conclusão que a versão mosaísta da interpretação das nossas origens não podia corresponder à verdade histórica, o que os levou a aventurar a hipótese de que o mundo talvez já existisse há milhões de anos e que o ser humano tivesse surgido à 50.000 ou 70.000 anos. Falar em milh천es de anos de exist챗ncia do ser humano seria, ent찾o (como parece ainda hoje), um absurdo, ou seja, o fim de qualquer credibilidade. Carlos Ribeiro colocou o seu interesse científico acima das conveni챗ncias pessoais, sendo por isso fortemente atacado e criticado. Ainda hoje os seus estudos s찾o genericamente ignorados e a institui챌찾o que guarda os seus achados n찾o só n찾o os tem expostos (provavelmente para evitar polémicas ou comentários irónicos), como nem sequer consegue localizá-los todos. Faltam cerca de 80% dos seus achados! Felizmente, grande parte dos mesmos foi publicada no século XIX, por desenho e fotografia. Recentemente descobriu-se que os primatas também constroem ferramentas. Talvez se torne necessário redefinir a partir de quando um primata é humanóide e quando um humanóide se torna homem. A questão é pertinente, mas exige clarificação à luz dos conhecimentos mais recentes, que demonstram que muito do que se considerava inabalável não passa hoje de mera hipótese. O que Ribeiro descobriu foi a reminisc챗ncia de um gigante lago de água doce no vale onde hoje se situa a localidade da Ota. Ainda hoje, tr챗s rios alimentam este vale (o Rio de Alenquer; o Rio de Paúl da Ota; e a Ribeira e Paúl do Alvarinho). Esta zona de aluvi찾o (ainda hoje com uma camada de lodo de 20 metros de espessura), esconde um Tesouro Arqueológico da Humanidade t찾o importante, que ultrapassa incomparavelmente os achados das gravuras rupestres de Foz C척a! Imaginemos um enorme lago de água doce (potável), cheio de peixes. Uma ilha no meio. Uma vegetação imensa à volta. Seres, primatas, humanóides ou humanos, nas suas margens, batendo em silexes para os transformarem em utensílios a seu gosto. Nada disso chegaria ao nosso conhecimento se n찾o fosse o caso das suas ferramentas terem ficado submersas em grandes cheias e empedradas nas rochas sedimentares, que a natureza aí formou ao longo de dezenas de milh천es de anos. A História do Homo Erectus terá de ser revista na sua totalidade. Já n찾o há Homem Neandertalensis, Homem de Java ou Homem Pequinensis que valham alguma compara챌찾o possível ao "Homem do Lago da Ota". No século XIX alargou-se a provável origem do ser humano para cerca de 200.000 anos. Entretanto tal período foi alargado para 500.000 anos. Alguns cientistas até já se atrevem em falar na hipótese do homem já ter existido há um milh찾o de anos! Seres humanos, no Lago da Ota, há cerca de vinte milh천es de anos, ainda é considerado totalmente inverosímil! Baseado em qu챗? à triste que os nossos investigadores se tenham vergado às conveniências políticas e, em defesa do seu "bem estar", preferido evitar qualquer contestação do trabalho de denegrimento que um cientista polaco e um francês, hóspedes de Portugal na 2ª Guerra Mundial, lançaram sobre os achados de Carlos Ribeiro. Já em 1880 porém, uma comissão internacional de cientistas se fez à Ota, seguindo as pistas deixadas por Carlos Ribeiro (precisamente onde hoje se pretende colocar a pista de um novo aeroporto de Lisboa) e conseguiu descobrir, indiscutivelmente "in loco", dentro da camada do Miocénico, silexes lascados atribuíveis ao homem. Permitir a destrui챌찾o de tal ber챌o da humanidade seria cegueira imperdoável, n찾o apenas de alguns políticos e investidores como de uma gera챌찾o inteira da humanidade! Ver também: Verbotene Arch채ologie de Thompson-Cremo, ISBN 3-88498-070-X www.nexusmagazine.com/articles/ribeiro.html Artigos do Engº Civil Luís Leite Pinto e www.alambi.net |