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General: D.FUAS
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Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 1 de 6 en el tema 
De: e-petromax  (Mensaje original) Enviado: 14/10/2007 20:30
LEMBRAM DO D.FUAS E DA N.SRA. DE NAZARÉ.
O ESTADO DO PARÁ, APESAR DO SEU TAMANHO, CONTA COM
POUCO MAIS DE 4.000.000 DE HABITANTES, DOS QUAIS QUASE
2.OOO.OOO NA CIDADE DE BELÉM.
NESTE DOMINGO, MAIS DE 2.000.000 DE ROMEIROS SE SOMAM
À POPULAÇÃO. VEEM DE CARRO, DE CARREIRA, DE BARCO, DE
AVIÃO, A PÉ, DE BICICLETA. O INTERIOR DO MAIOR ESTADO DO
BRASIL, FICA VAZIO. SÓ VENDO. A PROCISSÃO DE POUCO MAIS
DE 4 KMS LEVA EM MÉDIA DE 6 A 7 HORAS.
FALAR DO CIRIO DE NAZARÉ, OU TENTAR EXPLICA-LO, NÃO É
TRABALHO QUE CAIBA AQUI.
DEEM UMA OLHADA NO LINK ABAIXO


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Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 2 de 6 en el tema 
De: mayra1950 Enviado: 14/10/2007 21:17
Jo찾o,
Estou aqui a assistir!
Muito bonito mesmo, um imenso encontro da fé.
Obrigada por teres postado todo Sírio de Nazaré aqui. Pela TV(em casa), só assistimos a uns "pedacitos"!
Um ótimo domingo para ti!
Mayra
P.S.
"Aquela surpresa", já me aconteceu!
Não poderia ter sido melhor.
Fiquei super feliz.

Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 3 de 6 en el tema 
De: 7804fugas Enviado: 15/10/2007 02:30
Oi Meninos
lá por andarem por essas bandas, D.Fuas e N짧 Sra da Nazaré, a historia é onde eu moro desde k quase vim pra Portugal, um dia destes a ver se a reconto, é linda, acreditam
bjs
Milá

Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 4 de 6 en el tema 
De: 7804fugas Enviado: 15/10/2007 02:30
Oi Meninos
lá por andarem por essas bandas, D.Fuas e N짧 Sra da Nazaré, a historia é onde eu moro desde k quase vim pra Portugal, um dia destes a ver se a reconto, é linda, acreditam
bjs
Milá

Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 5 de 6 en el tema 
De: 7804fugas Enviado: 15/10/2007 15:27
A Lenda da Nossa Senhora da Nazaré
Durante séculos acreditou-se que o Santuário de Senhora de Nazaré tinha sido um dos mais antigos do país, fundado na sequ챗ncia do milagre da Virgem ao cavaleiro D. Fuas Roupinho, em 1182. A narrativa que suportava esta convic챌찾o de milhares de peregrinos fornecia todos os pormenores: a imagem da Senhora tinha sido esculpida no Oriente por S찾o José, na presen챌a da M찾e de Cristo. Depois passou por várias vicissitudes até chegar ao Mosteiro de Cauliana, em Mérida. Com a derrota dos crist찾os em Guadalete, o rei godo D. Rodrigo refugiou-se no mosteiro. Perante o avan챌o isl창mico, o Rei e Frei Romano, um dos monges ali residentes, decidiram partir para lugar seguro, levando consigo a pequena imagem mariana e um cofre com caixa com relíquias e um relato das circunst창ncias da fuga. Chegaram em Novembro de 714 ao Monte de S찾o Bartolomeu, nas proximidades da actual Nazaré. O monarca e o monge separaram-se tendo o primeiro permanecido no local e o segundo levado o ícone e as relíquias para um monte vizinho. Aí Frei Romano para se abrigar construiu um pequeno nicho entre os rochedos. Com a partida de D. Rodrigo para o norte, a imagem ficou esquecida na pequena lapa construída pelo monge, no actual promontório do Sítio (Nazaré).
Apenas no século XII seria descoberta por D. Fuas Roupinho que a venerava sempre que ali se dirigia para os prazeres da caça. A 14 de Setembro de 1182, um dia de névoa, o cavaleiro teria sido atraído por um veado em direcção ao abismo do promontório. No momento em que o cavalo chegava ao extremo do rochedo, prestes a lançar-se no precipício, D. Fuas teria evoca a Virgem, lembrando a sua Imagem depositada ali próximo. Imediatamente o cavalo estacou a sua marcha e por milagre D. Fuas salvou-se. Em sinal de agradecimento o cavaleiro, alcaide de Porto de Mós e almirante de D. Afonso Henriques doou aquele território à Senhora da Nazaré e mandou ali edificar uma ermida. Atraídos pela fama do milagre vieram os primeiros romeiros, entre os quais o primeiro rei português e os principais nobres da sua corte.
Esta versão do passado do santuário foi contada a primeira vez nos finais do século XVI, pelo cronista Frei Bernardo de Brito, monge Bernardo de Alcobaça. O relato assentava na carta de doação do Sítio por D. Fuas Roupinho, que o cronista teria descoberto no seu Mosteiro e viria a publicar na obra Monarquia Lusitana. Mas a intervenção de Frei Bernardo de Brito não se ficou por aqui. Cerca de 1600, na sequência de um voto pessoal, deslocou-se ao santuário e, com a ajuda de alguns devotos da Senhora, mandou desentulhar a gruta subterrânea para ali fazer uma capela. Por fim, colocou nela um letreiro em que registava a “estória” da Sagrada Imagem. Desta forma, o cronista não só alargava o espaço de culto como procedia a alterações da memória histórica, pois pela primeira vez a Virgem da Nazaré era associada a D. Fuas Roupinho.

A divulgação da narrativa do milagre trouxe um aumento de peregrinos ao pequeno templo do Sítio, contribuindo para o crescimento do povoado e para a multiplicação do número de milagres atribuídos à Virgem da Nazaré, com o consequente acréscimo da quantidade de oferendas dos fiéis. Por outro lado, esteve na origem de novas práticas devocionais, pois cada vez mais romeiros procuravam ver a marca da pata do cavalo gravada na rocha do promontório. Outros levavam consigo pedaços de terra da gruta onde a imagem da Senhora estivera escondida durante séculos.
Vários factores contribuíram para a rápida aceita챌찾o da narrativa por parte dos devotos. Entre eles contam-se o prestígio do mosteiro de Alcoba챌a enquanto guardi찾o de alguns dos mais antigos manuscritos do Reino, a possibilidade de comprovar as afirma챌천es do monge através de vestígios concretos, a cor escura da imagem que por si só confirmava a antiguidade da mesma, o enquadramento da lenda dentro dos esquemas das narrativas cavaleirescas e de origem dos santuários, ou ainda o facto da lenda ir ao encontro das necessidades de maravilhoso sentidas pelos devotos e transportar consigo uma carga simbólica apreciável (cf. dicotomia fiel/infiel, bem/mal, salva챌찾o/perdi챌찾o, cosmos/caos, etc.).
Existem contudo, outros factores que devem ser tidos em linha de conta para compreender a incorpora챌찾o desta narrativa na memória colectiva dos portugueses.
Em primeiro lugar, a sua transmiss찾o por meios diversificados e de grande capacidade difusora. Assim, ao sucesso da oralidade dos primeiros anos, que comportou altera챌천es da vers찾o monástica, correspondeu uma extraordinária divulga챌찾o por meios impressos a partir da década de 1620. No final do século XVII, a lenda da Senhora da Nazaré tinha já sido publicada em mais de uma dezena de obras, em língua portuguesa e espanhola. N찾o esque챌amos ainda a sua divulga챌찾o por meios iconográficos. A Senhora, que até ali era vista como uma Virgem do Leite, passou a ser constantemente representada na cena do milagre do cavaleiro. Esta imagética foi levada ao extremo através da sua permanente inclus찾o em retábulos, bandeiras, círios, medalhas, medidas e registos e outros objectos de grande capacidade evocativa.
A estratégia resultou em pleno, sobretudo a partir de meados do século XVII, quando os registos iconográficos foram legitimados pela associação da heráldica da Casa Real portuguesa. Um outro aspecto propiciatório foi, obviamente, o conjunto das peregrinações ao santuário, que serviu como factor de actualização, comemoração e evocação cíclica do milagre. Por último, talvez o factor mais interessante tenha sido a capacidade de silenciamento das memórias concorrentes do santuário. Logo na primeira metade do século XVII se começou a desenhar uma certa contestação à sua memória histórica, por parte do Mosteiro de Alcobaça, uma vez que esta anulava os direitos senhoriais dos bernardos sobre o Sítio. Contudo, a intervenção da Coroa, salvaguardando os direitos jurisdicionais da Confraria da Senhora e do Rei sobre o local, veio reforçar a autenticidade atribuída à pressuposta doação de D. Fuas e ao seu conteúdo.
Hoje, sabe-se que o documento da Doação de D. Fuas, que nunca foi encontrado, não tem qualquer fundamento histórico. Não existe nenhum manuscrito coevo que confirme a existência daquele cavaleiro. A imagem da Senhora, trabalho de oficina regional datado dos séculos XIV – XV, também não permite aceitar, sem reservas, a historicidade duma das mais belas lendas portuguesas.


In A constru챌찾o da memória nos centros de peregrina챌찾o, Communio.

Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 6 de 6 en el tema 
De: 7804fugas Enviado: 15/10/2007 15:39
Outra Vers찾o.....

O velho rei ergue a cabe챌a e olha. Olha e pensa. Pensa e revolta-se. N찾o se conforma com estar ali, quedo e aborrecido, enquanto seu filho Sancho anda correndo aventuras e perigos no Alentejo e no Algarve. E também enquanto o seu fiel D. Fuas Roupinho se bate, decerto como o valente que sempre é, em Porto de Mós, defrontando um inimigo muito superior em número e em for챌as...

Não, não está certo! D. Afonso Henriques, o já velho monarca que lançara as raízes do novo reino de Portugal, não pode esconder a sua impaciência.

Estamos no ano de 1180. Mais ou menos a meio do ano. Ficara combinado que el-rei n찾o saísse de Coimbra sem que chegassem notícias de Porto de Mós, ou algum mensageiro dos campos do Alentejo e do Algarve, por onde D. Sancho passeava a sua 창nsia de conquista. Mas para D. Afonso Henriques essa espera é longa demais. Para entreter a sua impaci챗ncia, percorre a largos passos as c창maras da alcá챌ova de Coimbra, que já caíra em seu poder. Assoma a uma janela e exclama:

- Porém, que posso eu fazer.. sen찾o esperar? Que Deus se amerceie do meu bom Fuas Roupinho e que ele volte depressa a minha presen챌a!

O rei de Portugal retoma o seu passeio. Agitado e inquieto. N찾o é homem para estar parado. N찾o é homem para aguardar serenamente os acontecimentos.

De súbito, um clamor inesperado corre pelas ruas, espalha-se pela cidade e acaba invadindo o próprio pa챌o.

Os sentidos do velho monarca ficam alerta. Será um novo ataque dos mouros?

A resposta não tarda a chegar, com o clamor alegre do povo. Clamor que sobe pela Couraça de Coimbra e que se precipita irresistivelmente ao encontro do velho rei.

E com o clamor vem D. Fuas Roupinho, alcaide de Porto de Mós, trazendo atrás de si um rebanho de mouros, prisioneiros e taciturnos.

- Bravo D. Fuas... Cheguei a recear por vós.

As palavras de el-rei s찾o sinceras, e nelas se mistura a admira챌찾o e a amizade.

D. Fuas ajoelha respeitosamente aos pés do rei. Depois ergue-se e diz:

- Senhor, a minha carne pode ser já velha, mas a moirama ainda n찾o arranjou lan챌as capazes de me matar..

D. Afonso Henriques sorri.

- Sois sempre o mesmo, D. Fuas! Nem os anos nem as canseiras conseguem quebrantar vossa alma de lutador.

D. Fuas sorri também, ao responder:

- Aprendi convosco, Senhor! Com tal mestre, pena seria que eu saísse mau discípulo...

Foi a vez de rirem ambos. Sentando-se, e convidando D. Fuas a sentar-se, o rei de Portugal pede a D. Fuas que lhe conte tudo quanto se passara.

Em breves e simples palavras, D. Fuas Roupinho conta essa grande aventura.

Em certo momento, talvez porque ousara infiltrar-se demais no campo inimigo, vira-se cercado por forças muito superiores às suas. Reflectira um pouco. Desafiar o inimigo à luz do dia, seria imprudência. Valia mais esperar pela noite...

Assim, quando a noite chegou, arrastados por D. Fuas, os portugueses, poucos embora, num desses lances temerários em que a audácia esmaga o número, caíram de surpresa sobre os mouros, dominando-os por completo...

D. Afonso Henriques escuta-o em sil챗ncio. Mas os olhos d'el-rei exprimem o seu contentamento.

D. Fuas Roupinho manda ent찾o que ali mesmo amontoem aos pés do rei de Portugal as armas, as bandeiras e os tesouros que a sua bravura e a dos seus homens tinham sabido conquistar.

Depois, manda que tragam também, pálido e desalentado, o próprio rei mouro Gamir, comandante do exército inimigo.

- Senhor meu rei... Aqui tendes igualmente a vossos pés, Gamir, rei infiel de Mérida, o qual ousou desafiar o vosso poder.. Agora, ele é apenas vosso prisioneiro.

O rei mouro deu um passo em frente.

- Tu... Tu és esse Iben Erik de que tanto se fala?...

Faz-se mais pálido. A sua voz transforma-se num murmúrio.

- Agora compreendo!... Com um chefe como tu... com cavaleiros como os teus... nada mais poderemos fazer.. Que Alá nos proteja!... Vamos perder todas as nossas terras... todos os nossos tesouros!...

E sem for챌as para mais, Gamir cai redondo no solo, enquanto um grito aflitivo ecoa pela sala.

- Pai!... Meu querido pai!... Soldados adiantam-se para separar a jovem que se abraçou ao velho rei mouro, chorando convulsivamente. Mas D. Afonso Henrique suspende-os com um gesto. E logo ali ordena que sejam retiradas as correntes que manietam os dois vencidos, e que passem a ser tratados como verdadeiros cristãos, entregues à guarda de D. Fuas Roupinho.

Entretanto o tempo vai passando, e D. Fuas Roupinho recebe novos encargos do seu rei e senhor. Assim, por incumb챗ncia dele, dirige-se a Lisboa, onde apronta uma frota destinada a perseguir as galés sarracenas que infestam o mar.

Pela primeira vez na História, os Portugueses saem a lutar sobre as ondas do oceano. E embora ainda sem grande experiência, conseguem vencer declaradamente os Mouros, sem dúvida muito mais experimenta-dos em batalhas marítimas, travadas ao longo da costa africana.

Foi esta a primeira grande vitória naval dos Portugueses. Animados pelo próprio triunfo, atrevem-se a ir mais longe. Sempre sob o comando do intrépido D. Fuas Roupinho, primeiro almirante de Portugal, avan챌am até ás águas de Ceuta, depois de terem percorrido triunfalmente toda a costa do Sul. E de Ceuta voltam, trazendo apresadas inúmeras embar챌천es mouras.

A corte portuguesa veste galas para acolher D. Fuas Roupinho e os seus homens. O rei Afonso abra챌a o almirante vitorioso e diz-lhe:

- Ide para Porto de Mós, D. Fuas. Ca챌ai e folgai a vosso gosto, que bem ganhastes o direito a descansar dos trabalhos da guerra.

Sem mostrar alegria nem tristeza, D. Fuas limita-se a dizer:

- Cumpro sempre as vossas ordens, sejam elas quais forem, Senhor!

Reza a tradi챌찾o que, no dia seguinte, D. Fuas se encaminhou para Porto de Mós. E que ali encontrou a jovem princesa moura chorando a morte de seu pai.

Mal v챗 o alcaide, corre para ele.

- Senhor, senhor, nem sei como agradecer-vos... Mas o senhor meu pai pediu-me que o fizesse, mal vos visse... Fostes t찾o bom para ele e para mim!

D. Fuas Roupinho n찾o consegue esconder a emo챌찾o.

- Gra챌as, princesa. E conformai-vos com paci챗ncia. Foi Deus que assim o quis!

Ela ergue para ele os olhos, vermelhos de tanto chorar.

- Deus?... Dissestes Deus?...

E logo, num desabafo íntimo, acrescenta:

- Gostaria de conhecer o vosso Deus... E muito em especial a M찾e desse Deus, que dizem ser t찾o bom e t찾o generoso...

De novo, a emo챌찾o passa pelos olhos de D. Fuas Roupinho. As suas m찾os acariciam os longos e negros cabelos da jovem princesa moura. E promete:

- Amanh찾 mesmo te levarei a ver a Sua Imagem... uma imagem que eu venero!

Cumprindo o prometido, manh찾 cedo, D. Fuas Roupinho leva consi-go a jovem princesa moura e vai mostrar-lhe a imagem de Nossa Senhora, entre duas rochas, na Nazaré.

Pela primeira vez na sua vida, a filha do rei Gamir cai de joelhos diante de uma imagem crist찾.

- É linda a Vossa Senhora... Muito linda! E D. Fuas Roupinho conta-lhe então, docemente, a história maravilhosa daquela imagem.

Um monge grego fugira com ela para Belém de Judá, dando-a a São Jerónimo. Este, por sua vez, mandara-a a Santo Agostinho. E Santo Agostinho entregara-a ao Mosteiro de Cauliniana, a uns doze quilómetros de Mérida. Aí puseram à imagem o nome de Nossa Senhora da Nazaré, por ela ter vindo da própria terra natal da Virgem Maria.

Quando os mouros derrotaram os crist찾os, obrigando o rei Rodrigo a fugir para Mérida, Rodrigo levou consigo a preciosa imagem. Mas nem mesmo assim se sentiu absolutamente seguro. E resolveu fugir de novo, agora na companhia do abade Frei Romano, possuidor duma preciosa caixa de relíquias que pertencera a Santo Agostinho.

Após uma aventura dramática, quase mortos, os dois homens chegaram ao sítio da Pederneira, na costa do Atl창ntico. Ent찾o, resolveram separar-se.

Rodrigo ficou no monte que se chama de S찾o Bartolomeu e Frei Romano foi viver para o monte fronteiro.

Combinaram, porém, corresponder-se por meio de fogueiras, que acendiam à noite.

Mas, certa noite, a fogueira de Frei Romano n찾o se acendeu. N찾o mais se acenderia!

Rodrigo acudiu inquieto, e foi encontrá-lo morto. Apavorado, escondeu a imagem e a caixa de relíquias numa lapa, e abalou dali, correndo como um doido.

Segundo conta ainda a tradi챌찾o, veio a morrer perto de Viseu, num sítio denominado Fetal...

Concluindo a sua história, D. Fuas Roupinho acrescenta, olhando a imagem:

- Só há bem pouco tempo alguns pastores a descobriram, e eu logo me tornei num dos seus maiores devotos. Venero-a com todas as for챌as da minha alma.

A jovem princesa parece alheada e distante. Olhos fitos na imagem, repete como em ora챌찾o:

- É linda, a Senhora!... É linda, a Senhora!...

D. Fuas afaga-lhe a cabe챌a e diz-lhe meigamente:

- Olha, minha filha... Podes ficar aqui a adorá-la o tempo que quiseres. Eu vou ca챌ar. Depois, voltarei a buscar-te.

E é então que se passa algo de extraordinário. D. Fuas Roupinho monta e galopa pelo campo, quando vê de repente passar junto de si um vulto negro e estranho... É um veado! - pensa ele... Um veado, com certeza!

Sente-se feliz. Não poderia começar melhor a sua caçada. Para mais, um veado como nunca vira em toda a sua vida. Esporeia mais o cavalo. Não pode perder presa de tanto valor.. Como num desafio, o veado torna a passar junto dele. Uma vez. Duas vezes. D. Fuas Roupinho sente irromper todo o seu brio. Pois um herói como ele, um homem habituado aos combates mais árduos, vai perder uma tão formidável peça de caça? Nunca! Há-de apanhar o veado, custe o que custar. Esporeia o cavalo até fazer sangue e aproxima-se da presa. Já falta pouco. Está quase a alcançá- -lo... De lança em riste, já canta vitória... Mas, de repente, vê a terra desaparecer sob as patas do cavalo... Está à beira dum precipício, a pique sobre o mar!... Um brado aflitivo sai-lhe da garganta, enquanto o cavalo se empina, relinchando desesperadamente, e o veado se some no espaço, desfazendo-se como fumo:

- Virgem Santíssima, valei-me Valei-me, minha Nossa Senhora da Nazaré!

Por um instante (parece uma eternidade) cavalo e cavaleiro lutam sobre o abismo. Mas a Virgem ouvira decerto o apelo angustiado de D. Fuas Roupinho. E ele salva-se. Por milagre. Por aut챗ntico milagre!

Nas rochas, ficam marcadas as patas traseiras do cavalo, sinais que ainda hoje ali se podem ver.

D. Fuas corre ao local onde deixara a jovem princesa junto da imagem de Nossa Senhora. Encolhida a um canto, trémula, o rosto banhado em lágrimas, ela mostra-se aliviada ao v챗-lo regressar.

- Oh, senhor, tive tanto medo!... Ainda bem que voltasses!... Passou por aqui um animal medonho... Parecia o Génio do Mal!

- Bem sei... Bem o vi...

E sem mais palavras de momento, o cavaleiro desmonta e ajoelha, rezando fervorosamente, a agradecer à Virgem o auxilio que lhe prestara. De que lhe serviria, afinal, ser um herói como era, se não tivesse a seu lado a protegê-lo a presença milagrosa de Nossa Senhora da Nazare? Esse, sim, era maior de todos os prodígios!

E enquanto se ergue, respirando fundo, como que a afastar os últános temores, D. Fuas Roupinho confessa serenamente:

- Sim, jovem princesa... O monstro que passou por aqui, transformado em veado, era o próprio Dem척nio... Estive prestes a morrer, tentado por ele, mas Nossa Senhora salvou-me!

E, com súbito entusiasmo, acrescenta: - Hei-de levar esta imagem para o local do milagre, para o sítio onde tudo aconteceu... Lá ficará, pelos séculos fora, como sánbolo do misericordioso poder da Virgem!

E logo dali sai a cumprir a promessa. As ordens de D. Fuas Roupinho - e, segundo se diz, ajudando-os por suas próprias m찾os - pedreiros de Leiria e de Porto de Mós constroem a Capela da Virgem num sítio chamado da Memória, em memória de t찾o extraordinário milagre que salvara o almirante portugu챗s de morte certa e brutal.

E a imagem da Virgem Nossa Senhora da Nazaré lá continua a invocar a lenda, atraindo todos os anos milhares e milhares de fiéis, por ocasi찾o das afamadas e tradicionais festas da vila.


IN LENDAS DE PORTUGAL - GENTIL MARQUES



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