VIAGENS NA MINHA TERRA – ALMEIDA GARRET – A LENDA DE SANTA IRIA (V)
“Passaram mais três séculos e meio; e no ano de 1644 a Câmara de Santarém mandou refazer de cantaria lavrada o dito marco ou pedestal, que não era senão de alvenaria, e pôr-lhe em cima a imagem da santa.
Ainda lá está, assaz mal cuidado contudo; lá o vi com estes olhos pecadores no corrente m챗s de Julho de 1843.
Mas, sem milagre nem ora챌천es, o rio tinha-se retirado havia muito, para um cantinho do seu leito, e o padr찾o estava perfeitamente em seco, e em seco está todo o ano até come챌arem as cheias.
Tal é, em fidelíssimo resumo, a história da Santa Iria dos livros.
A das cantigas é, como já disse, muito outra e muito mais simples; conta-se em duas palavras. A santa está em casa de seus pais: um cavaleiro desconhecido, a quem d찾o pousada uma noite, levanta-se por horas mortas, rouba a descuidada e inocente donzela, foge a todo o correr de seu cavalo, e chegando a um descampado dali muito longe, pretende fazer-lhe viol챗ncia...
A santa resiste, ele mata-a.
Dali a anos passa por ai o indigno cavaleiro, vê uma linda ermida levantada no próprio sítio onde cometeu o crime, pergunta de que santa é, dizem-lhe que é de Santa Iria. Ele cai de joelhos a pedir perdão à santa, que lhe lança em rosto o seu pecado e o amaldiçoa.
E acabou a história.”
Bom domingo amigos, e se lá forem bebam um copo por mim!
S찾oP