Minhas queridas,
Já que estamos em maré de ultimas vontades, eu quero ir embrulhada num cobertor de magai챌a que, trouxe da cantina dos meus pais, na Angónia e uma garrafa de Coca-cola que tenho guardada, com um cart찾o, preso, no gargalo dizendo:
Esta garrafa veio de Mo챌ambique e contém:
- A liberdade da minha inf창ncia.
- O africanismo da minha adolesc챗ncia.
- Os sonhos da minha juventude.
- A b챗n챌찾o da maternidade.
- O orgulho de ser mo챌ambicana.
- A mágoa de renunciar à minha nacionalidade.
- A tristeza da partida.
A promessa de regressar um dia.
- A saudade.
Esta Coca-cola sabe à nostalgia do meu passado.
Oeiras, 1/10/2001
A assinalar a minha sepultura. Quanto ao fundo musical, deixo-o à escolha dos amigos, qualquer tema do João Maria Tudela que, com a sua voz linda e o seu sentir moçambicano, tão bem soube cantar os encantos da nossa terra.
Beijinhos.
Isabel