:: O Tejo e o Arripiado
A pitoresca aldeia do Arripiado, fica situada na Freguesia da Carregueira a norte do concelho da Chamusca, junto à margem sul do Rio Tejo. à nesta bela povoação que começa a famosa Lezíria Ribatejana. Sendo edificada em declive, as construções destas paragens, vão desde a estrada Nacional 118, até à beira-rio é um dos meus passeios favoritos.
:: Portos Fluviais
À beira-rio estão localizados separadamente, dois Cais Fluviais: O Cais Militar, que deve o seu nome ao habitual uso militar (entre os quais, o Campo Militar de Santa Margarida); e ainda o Cais de S. Marcos, local onde existiu uma capela com o mesmo nome. Neste último existe ainda uma Barca de Passagem, ligando o Arripiado à vizinha Aldeia de Tancos.
:: Miradouro do Almourol
De visita ao Arripiado é indispensável conhecer o Miradouro do Almourol, neste local pode observar uma escultura exposta de João Cutileiro - "O Guerreiro", e desfrutar da harmonia da paisagem ribeirinha, na qual o majestoso Rio Tejo banha o secular Castelo de Almourol.
Pode ainda sentar-se no bar/esplanada que existe no local, e refrescar-se, respirando o ar puro que a natureza envolvente lhe oferece. Inesquecível certamente... Aproveite e conheça também os Miradouros do Alto Pina e do Cabeço de Espanha, e ainda, a vista panorâmica da Rua 25 de Abril!
:: Zona Ribeirinha
Ao percorrermos o mais recente Passeio Ribeirinho, podemos observar magnifícas paisagens sobre a imensa e bela Lezíria Ribatejana que aqui come챌a. Na qual, vislumbramos também os aldeamentos vizinhos, que perfilam na outra margem do rio.
Longos, são os passeios que pode fazer à beira-rio, rodeado de um amplo espaço de lazer, onde a harmonia da construção está embutida na natureza envolvente. Tipicamente ribeirinha, esta zona detém grandes recursos turísticos e culturais, estando já concluídos vários projectos de revitalização urbana. à disso exemplo, o recinto da "Festa do Rio e das Aldeias" junto ao Rio Tejo. Certamente, que n찾o se vai arrepender de visitar estes, e muitos outros locais de interesse, numa das mais bonitas aldeias ribeirinhas de Portugal, estou certa, e porque conhe챌o bem esta zona, é realmente um passeio muito agradável, onde se pode merendar, e até namorar...
Neste local pode ainda encontrar expostas outras esculturas de José Coelho: "A Barca", uma evocação ao Arripiado aldeia do Tejo; e os "Peixes", homenagem a todos os pescadores da aldeia. Não deixe de reparar numa bela e antiga âncora, que foi encontrada enterrada nas arreias do Rio Tejo, mais abaixo, perto da ponte da Chamusca. Este instrumento náutico, trás à memória, os grandes barcos que por estas águas outrora navegaram rio a cima...
:: A Igreja de S. Marcos
A sua edifica챌찾o remonta aos finais da década de 50, tendo suas obras sido bastante acelaradas para a sua época. No entanto, estiveram envoltas de algumas histórias bastante curiosas...
Capela de S. Marcos
Antigamente existia na parte ribeirinha da aldeia uma Capela (S. Marcos), que devido às suas reduzidas dimensões e à sua localização junto ao Rio Tejo, era sujeita a constantes estragos causados pelas cheias de inverno... Por estes motivos, a capela teve de ser demolida... Imediatamente, foi criada uma comissão local, para a construção da actual igreja, tendo também S. Marcos como padroeiro. O sítio da edificação do novo templo, passou desde logo a ser um local privilegiado de visita...
Me lembro que um dia, numa tarde quente de Verão, fui com meus sogros, munidos de almoço, e resolvidos a passar uma rica tarde junto ao rio. Tarde que ficou estragada quando meu sogro com a "teimosia" que lhe era peculiar, decidiu que iria nadar! Bom, pensei logo: " já temos o dia estragado", quando vimos quase 100 k se atirar ao rio... Ficamos olhando o corpo se afastando cada vez mais, que aflição, os garotos aos gritos, minha sogra gesticulando os braços só dizia: "malvado", não morreres hoje, (enquanto chorava) claro!
Por fim um barco fui em auxilio do corpo já á deriva, e carregando aquele peso bruto, o trouxeram para terra, ai teve de ouvir das boas da santa esposa, enquanto ele deitava os "bofes" pela boca!
Resultado, acabou-se o passeio, lá se foi o almo챌o, e ainda tive de os aturar todo o caminho!
Fachada da Igreja de Santa Apolónia
Quando surgiu o imperativo logístico de alargar a estação de Comboios de Santa Apolónia em Lisboa, por motivos de segurança, houve necessidade de deitar também abaixo uma igreja (Santa Apolónia), que ficava situada nas suas imediações...
... Ao tomar conhecimento desta situação, o Dr. Ruy Sommer D'Andrade (dono da Quinta do Arripiado), sendo amigo pessoal do Cardeal Patriarca de Lisboa, pediu que a fachada da igreja fosse poupada. Sendo assim "apeada", para que em nova igreja na sua aldeia natal, fosse novamente reconstruída.
... O pedido foi prontamente satisfeito e, a fachada foi então doada pelo Patriarcado de Lisboa à Comissão de construção da nova igreja, no ano de 1958. Assim, depois devidamente desmanteladas e catalogadas, as cantarias da fachada, foram transportadas de Lisboa até Tancos por comboio, de Tancos ao Arripiado de barco e, do Cais de S. Marcos no Arripiado, até ao local da edificação em carros de bois da Casa Sommer. Finalmente, e após inolvidável esforço, o "puzzle gigante" de tão bela obra, chegou a bom-porto, e desta forma ao seu novo local de culto.
Perpetua챌찾o da Memória dos Patronos
Entre as muitas histórias, que no Arripiado se contam acerca da construção da nova igreja, há uma que, pelo mistério que envolve, se pode também destacar... Antes do assentamento da enorme lage que compõe a soleira da porta principal, foi vontade do Dr. Ruy D'Andrade, que ali fosse colocado um embrulho feito com duas chapas em cobre, sendo o conteúdo de tal documento desconhecido. Inclusivé, até para os trabalhadores que lá o colocaram, sendo que, porventura será a perpetuação da memória do patrono da obra, fervoroso crente em Deus e, também de uma fé incontestável. No entanto, ainda permanece envolto de segredo o contéudo de tal testemunho.
A inaugura챌찾o da Nova Igreja
Em dois anos a igreja fora edificada e, em Novembro de 1960 estava pronta para acolher os fiéis do Arripiado. Durante esse tempo, foi a popula챌찾o contribuindo na medida das suas possibilidades, para a edifica챌찾o do templo, quer através dos peditórios efectuados para esse fim, quer na angrea챌찾o de fundos para a compra do relógio da torre.
Completas as obras, a sua inauguração foi agendada para o dia 20 de Novembro de 1960, como se pode observar numa placa colocada no exterior do edifício (onde é feita alusão à data da inauguração e aos patronos da obra). Era aguardada nesse dia solene a participação de, entre outras personalidades, o "Eminentíssimo Cardeal Patriarca de Lisboa e sua Excelência o Governador Civil do Distrito", como se podia ler no convite feito à população, e remetido pela comissão para a compra do relógio. Na noite antecedente, houve também uma solene procissão das velas, por forma a assim se proceder à entronização das imagens da nova igreja, imagens essas, que tinham sido guardadas na Quinta do Arripiado até final das obras. O Povo rejubilou com a sua nova igreja, que de uma explendorosa forma, era ornamentada de tão bela e antiga fachada. Tinha sido possível recupera-la para a devoção e orgulho, de um povo cheio de fé e religião: O Povo Arripiadende! Certamente, também assim será, para quem de fora a vem conhecer ou visitar!
O Templo e a Fé
No interior do novo templo de S. Marcos, destacam-se o imponente tecto em madeira belamente pintado, e os azulejos trazidos da antiga capela de S. Marcos. No exterior, é visível em termos de arquitectura, o estílo barroco da fachada, onde a exemplo disso, se destacam o movimento ondulante do frontão, e os elementos decorativos (florões), que encimam a fachada e que, talvez por falta de espaço, ficaram embutidos nas torres laterais do edifício. No nicho central, encontra-se uma escultura de S. Marcos e o Leão Alado, cuja autoria, é do próprio Dr. Ruy D'Andrade, principal responsável de todo o projecto de construção da nova igreja.
Prociss찾o de S. Marcos
Todos os anos, por ocasi찾o do m챗s de Agosto, há uma prociss찾o em honra de S. Marcos, fazendo percurso de barco nas águas do Rio Tejo, entre as margens ribeirinhas das Aldeias do Arripiado e de Tancos. Ainda hoje há festa e arraial, comes e bebes, felicidade e euforia, no dia em que se inaugurou a igreja.
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:: Percursos, Escadinhas e Recantos
Nesta típica aldeia cujo casario branco trepa pela encosta e se reflecte nas águas do Tejo, que encontramos também os mais belos recantos floridos. As flores fazem parte da tradi챌찾o desta Aldeia Ribeirinha, havendo mesmo a rua e o largo das flores, e vos garanto que ali, ninguém (aqueles amigos do alheio) toca num só vaso, o que n찾o acontece aqui!
Em cada rua, largo ou escadinha encontramos ainda diversas curiosidades em toponímia, a que se junta quase sempre e invariavelmente, uma pequena história sobre a origem do seu nome.
:: Azenhas - Desde os tempos mais remotos que a energia hidráulica tem sido aproveitada para moer cereais. Com os progressos da industrializa챌찾o, as azenhas (moínhos de água equipados com roda exterior) foram-se tornando cada vez menos eficientes, o que levou os moleiros a abandoná-las, embora tenham resistido até ao final o século. No Arripiado podemos ainda ver alguns exemplares na ribeira das Ferrarias e um na Ribeira da Foz.
:: Gastronomia - É já antigo o costume de nesta Aldeia fazer a matança do porco, daí que os seus pratos tradicionais se baseiam nesta carne e naturalmente no peixe do rio. Recomendamos a cachola, a estamenha, a fataça de caldeirada, a fataça frita, o sável frito e a sopa de sável. Como sobremesa o bolo de ferradura e miga doce.
:: Artesanato - O Largo do Oleiro recorda-nos os saberes de mão muito característicos das gentes do Arripiado. A olaria já fez a sua história mas hoje ainda se recriam algumas artes do povo. Entre elas salientamos os calafates que continuam a reparar os barco do rio, os trabalhos em cortiça, madeira e os bordados. Mais recentemente surgiu a pintura a óleo e sobre gesso. Podemos admirar exemplares desses oficíos na Casa das Artes, ou mesmo adquirir algumas dessas pe챌as na Casa do Artesanato no Arripiado.
> Vista panorâmica para a Aldeia do Arripiado (no Rio Tejo)
:: A Lenda do Arripiado - Conta a lenda que no tempo das invasões mouras, habitava o castelo de Almourol um casal que tinha uma filha que se chamava Ari. Certo dia ao passar nesta localidade Ari apaixonou-se por um rapaz cristão, mas este namoro não era aceite pelos seus pais e para impossibilitar a fuga de Ari "pearam-na" (prender uma corda à perna e a outro objecto). E com a história de Ari peada surgiu Arripiada que com o passar dos tempos resultou Arripiado, o mesmo acontecendo com a aldeia de Atalaia. Segundo reza, nesta aldeia viviam uns senhores brasonados que tinha uma aia muito bonita e prendada, e que um dia, um cavaleiro que passou, esta lhe terá atado a bota. Ele então pôs o nome á vila de Atalaia.
E pronto, com fotos e apontamentos da net, numa composi챌찾o da repórter de rua
S찾o Percheiro