.....è um pouco o Natal dos outros.
Quando era menina e mo챌a, na Beira, tinha um sentido diferente do Natal de hoje em dia.
Lembro-me perfeitamente, que, como eram férias escolares, passava o dia em brincadeiras e a perguntar e massacrar meio mundo sobre aquilo que gostava, a escrever cartinhas ao pai natal a perguntar se sempre me dava aquilo que pedia e a dizer que como fui bem comportada, merecia umas prendinhas.
Quando ainda n찾o sabia escrever, pedia a alguém que o fizesse por mim.....
Bom, numa expectativa grande, passava todo o dia 24 a rondar a cozinha, a compor mais uns pedacitos de algod찾o no pinheiro e a enfeitar uns arbustos que tinha no jardim, com fitas e bolas coloridas.....
A neve, para mim, era um imaginário muito distante e dificil de me concentrar...nunca tinha visto ou sentido.
Mas, lembro-me muito bem, das várias cestas de folha de palmeira, compradas na ocasi찾o e que se alinhavam na garagem.
Desde nova, aprendi uma mensagem diferente do Natal.....dar.
Era comum, quem nos visitasse em qualquer época do ano, levar qualquer coisa de casa....tinhamos sempre ailgo a retribuir a gentileza da visita amiga.
Assim, no Natal, muito mais.
E as cestas? Bom, como em casa, os meus tios tinham uma série de afilhados, negros, lá ia uma cestinha para cada casa. Assim, kilo de açucar, arroz, farinha, garrafa de oleo, bolachas e bombons, uma peça de roupa, um brinquedo, algumas coisas de casa em bom estado mas que nao faziam falta, e sempre uma moedita.
Além disso, o pescador que á porta vinha vender o caranguejo e camar찾o, levava nessa data, sempre um mimo. Havia um, sempre fiel todos os anos e que vinha também durante todo o ano, que chegava a regatear e afastar os outros ocasionais vendedores que por ali passavam. Era de rir!
Tinhamos muitos amigos e conhecidos, por isso era um levar e trazer de coisas sem fim. Muitas vezes, davamos o que recebiamos e viamos que nao nos fazia falta...ia para outro lado.
Distribuiamos a fruta a mais que recebiamos, e outras coisas.
Lembro também dos brindes de Natal, que os pais do Manuel Palhares davam sempre por esta altura.....uma vez uma árvore de natal, branquinha, que ainda veio para cá.......tinham sempre algo para oferecer.
Durante parte da tarde, lá ia eu e o tio ou o primo distribuir as coisas de carro, pelos diversos sitios, na Xipangara, atrás da Escola Comercial e no Macurungo.
A noite, era passada so com o pessoal de casa, mas o dia 25 era diferente.
Nesse dia., iamos sempre almo챌ar com familiares ou pessoas amigas que se juntavam e convidavam.
Eram jantares/alancharados/ajantarados, em que eu sismava carregar com as prendas todas para mostrar aos meus amiguinhos..pois que só dia 25 de manh찾 é que abria as prendas.........
Antes de deitar , a 24, deixava uma janela aberta para o pai Natal entrar (que alguem se encarregava de fechar depois, claro..)
Ficava contente por o pai natal atender sempre os meus pedidos.
Aqui, mantenho um pouco essa tradi챌찾o de dedicar um pouco do meu natal aos outros.
Quando os filhoe eram pequenos, os presentes amontoavam-se junto ao pinheiro.....agora recebem as coisas antes do tempo. Prefiro ir com eles ver o que precisam e depois comprar-lhes. Optei por isso, visto ser a melhor solu챌찾o.
Mas há sempre qualquer coisita no pinheiro á espera deles no dia 25, ou ás vezes no dia 24.
Mas fa챌o algo mais: Temos aqui um lar de crian챌as orf찾os ou em situa챌찾o precária, que por várias circunst창ncias, nao v찾o passar o Natal a casa (muitas, nem isso t챗m).
Por sujest찾o de pessoas conhecidas e do meio, há uns anos (4, para ser mais exata), optamos por nos inscrevermos e escolher uma dessas crian챌as para vir passar a semana de Natal/Ano Novo connosco.
S찾o crian챌as pequenas, que sentem mais vazio e solid찾o nessa altura e que por mais que o Lar de Sta. Teresa se esfor챌e, nao consegue dar aquele calor humano que tao bem nos faz.
Assim, trazemos a criança essa semana. Está connosco desde o dia 24 de manha ate ao dia 29 /Dezembro ou 1 de Janeiro, dependendo da situação de folgas do meu marido, ou se temos alguma passagem de ano fora...
No máximo, será entregue no Lar ate ás 18 horas do dia 1 de Janeiro.
È uma forma diferente e carinhosa de fazer com que alguem necessitado de calor humano, tenha um Natal no verdadeiro sentido da palavra.
E uma prendinha, claro..afinal, o que me foi incutido na inf창ncia, ainda prevalece.
Quanto a ementas.....ui, sou muito eclética, também fa챌o bacalhau, mas nao o convencional, cozido com batatas.
Ãs vezes assado no forno com batata e grelos salteados, outras, uma receita que leva camarão, outras uma parrilhada de bacalhau, polvo e algum marisco.........e alguns doces, uns convencionais( rabanadas, sonhos, arroz doce e aletria), outros nem tanto( gulam jamun, e alguns doces indianos ou turcos).Uma tarte de Santiago(de Compostela, que adoro, por supuesto!) ou de amendoa, bolo rei, bola de carnes, ...muitas vezes churros e chocolate quente mais ao deitar.
No dia a seguir, há o lombo de porco ou leitao, chacuti ou caril de camarao, um pulao com todos os matadores........isto alterna com o ano novo, variando alguns salgados e doces, mas muita fruta e mousses, sobretudo.....
Este ano, n찾o sei ainda como vai ser.....n찾o foi de grandes alegrias,houveram muitas desilus천es e doen챌as, tristezas que t챗m que ser contabilizadas, para ver o saldo. E ver se há espa챌o e tempo para dar um colo a alguém, ou se terei eu precis찾o desse colo.
A Todos os participantes desta comunidade, desde já um Belo, Feliz e sobretudo, Humano Natal.....
SAO ALVES