Véspera de Natal. Noite de consoada.
A mesa farta, a casa enfeitada, a familia reunida e a árvore iluminando as oferendas. Está frio, lá fora.
Da janela, vejo o menino que visita o pai na pris찾o. Sob a arcada do prédio em fente, agitam-se os cart천es que servem de casa a um mendigo enregelado e só.
È véspera de Natal dentro das paredes onde me escondo das crianças que pedem esmola. Na televisão há o Natal dos hospitais, plateia de olhos vazios, marejados de lágrimas, de dor e de saudade de um futuro que, para muitos, já passou.
Tenho frio, n찾o sei porqu챗.
A porta da pris찾o abre-se deixando sair o menino. Vem curvado, derrotado pela vida que n찾o teve. O mendigo procura a ceia nos caixotes de lixo.
Há Natais que n찾o entendo. Batem á porta. A mae trás o filho ao colo pede pao, apaziguo a consci챗ncia estendendo-lhe a m찾o com as sobras da minha abund창ncia e devolvo-os ao vazio.
Estou cansada. Durmo.
A porta da pris찾o abre-se lentamente deixando sair o menino de m찾o dada com o pai.
Abre-se a porta do prdio, convidando o mendigo a entrar. As crianças dançam nas ruas enfeitadas exibindo os seus agasalhos coloridos.
A mae com a crian챌a ao colo, está agora á janela da sua casa nova e acena a quem passa com os votos de BOAS FESTAS, despertando-me.
Aconteceu e eu n찾o quero consoada nem oferendas.
Quero de volta o meu sonho de Natal.
DEDICO ESTA MINHA MENSAGEM AOS MENINOS SEM -NATAL E AOS SEM ABRIGO.
SAO ALVES