Amortalhados
ali, nos corredores da morte.
Esperas intensas, noites longas
filas que se aglomeram
nos corredores frios e nus
onde o sorriso esmorece,
da madrugada que anoitece
num dia que nem come챌a
numa noite sem dia,
sem gritos de euforia
porque só o cheiro a morte permanece!
Fazem fila, deitados em maca fria
como carne bolorenta
deitada aos porcos imundos
num mundo onde é sempre noite
porque nunca se fez dia!
Amortalhados
ali, nos corredores da morte
entregues ao seu destino
á sorte sem sorte dum destino
implacável e frio, e assim
gemem de dor, choram de frio!
Ali, nos corredores da morte,
onde Deus n찾o passa
e sim a má sorte!
S찾o Percheiro, 22 Janeiro 2008