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De: mariommarinho1  (Mensaje original) Enviado: 29/01/2008 18:40
A MIRAGEM DE SER PILOTO COMERCIAL

DA D.E.T.A.

Resolvemos, com a aprova챌찾o dos dirigentes, fazer um voo de observa챌찾o e estudo, aterrando em todos os aeródromos que existissem em todo aquele território.

E que terras e que possibilidades se nos haviam de deparar!

O voo foi efectuado num avi찾o Hornet Moth que era já um aparelho de cabine fechada, ao contrário do Tiger em que voávamos de cabe챌a ao vento. Poderia chover, poderiam as condi챌천es meteorológicas ser desfavoráveis que nós prosseguiríamos. Sentíamo-nos já pilotos comerciais, pilotos já com responsabilidades.

Saímos rumo ao norte: Magude, Xai-Xai, Manjacaze, Inharrime, nenhum e, enfim, toda essa região ao sul do Save foi observada. Colhíamos elementos. Que áreas soberbas para laranjais, bananais, arrozais, cana-de-açúcar e tudo o que o homem quisesse lançar à terra!

Nada daquilo era inferior às proximidades de Durban. Que planícies imensas para a criação de gado! Reconhecíamos que tudo aquilo estava mal aproveitado. Do lado do mar, que ricos mariscos! Mexilhões, amêijoas, ostras, lagostas, camarões e belo peixe. Comemos boas petisqueiras e bebemos o saboroso café de Inhambane. Para o norte vimos ilhas de sonho num mar azul e sereno, que só muito mais tarde viriam a ser conhecidas e exploradas, graças ao entusiasmo de um grande entusiasta que nelas gastou uma fortuna ganha na fronteira. Eram as terras do sul que confinavam com um território que esteve durante muitas dezenas de anos entregue a uma companhia a que chamavam a "Companhia de Moçambique". A capital era a cidade da Beira. Um porto livre. Aí compravam-se malas de cânfora lindíssimas a uma libra, sedas, robes e couvre-pieds a dez réis de mel coado. Tudo vinha do Oriente. O território era imenso mas estava atrasadíssimo.

Daí sairiam mais tarde para todo o mundo madeiras riquíssimas. Imensas florestas cobriam a regi찾o. O planalto, óptimo para a agricultura, tinha uma percentagem mínima de aproveitamento. Seguimos para Tete mas antes quisemos passar por Mutarara onde estava a ser construída uma ponte considerada uma das maiores do Mundo, sobre o Rio Zambeze. Fomos, ainda, ver mais abaixo, entre o mar e Mutarara, deslumbrados, planícies que se perdiam de vista, pastagens imensas. A Natureza é fantástica nas suas ofertas! Haja quem as saiba aproveitar com cabe챌a.

Naquelas planícies vimos, desde o crocodilo e o hipopótamo, às centenas, até aos grandes elefantes e antílopes em manadas impossíveis de calcular. Nós voávamos muito baixo pois prendia-nos o espectáculo maravilhoso. Manadas de centenas de elefantes que ao pressentirem o avião se juntavam em grupos, fizeram com que as volteássemos várias vezes. As fêmeas metiam as suas crias debaixo da barriga e os machos enfrentavam o avião levantando-se nas patas traseiras e procurando, com as trombas, derrubá-lo. Nós delirávamos! Zebras eram também às centenas, pastando lado a lado com os belos bois-cavalos. Vimos oito leões a banquetearem-se com duas zebras que deviam ter sido abatidas pouco antes. Os leões agarravam-se com uma pata à sua presa e com a outra queriam dar uma sapatada no avião. O mais impressionante, contudo, eram as imensas manadas de búfalos. Sem exagero, sobrevoámos várias manadas com mais de dez mil animais. Era um espectáculo único. Mais tarde saberíamos que essas manadas estavam calculadas em mais de cem mil cabeças. Continuámos a nossa viagem e fomos até à região de Tete. Passámos primeiro pela célebre ponte de Mutarara que é, de facto, um monumento. Tínhamos ouvido sempre falar em importantíssimas minas em Tete, mas não vimos nenhuma. Se as havia, onde estava a sua exploração, o seu desenvolvimento? Dali subimos ao Zumbo, Marávia e Angónia. Claro que isto s찾o nomes praticamente desconhecidos para a grande maioria. Havia um punhado de agricultores e comerciantes que se fixou lá. Poucos, muito poucos. Outro punhado, de funcionários, que por dever de ofício, por lá passou. Mais nada. As terras de Angónia são das melhores de todo o Moçambique para adaptação do europeu. É uma zona planáltica. A sua altitude ronda pelos mil e trezentos metros. Batata, milho, feijão, trigo, hortaliças, mesmo assim, saem de lá na casa dos milhares de toneladas por ano. Bois, porcos e cabritos é um assombro pela quantidade e pela maneira como se reproduzem. Contaram-nos que as oitenta mil cabeças de bovino, que se calcula lá existirem nas mãos dos indígenas e que estão um tanto degeneradas, são oriundas de um gado levado para ali no tempo das guerras do Gungunhana. Um grupo de landins, escorraçado, foi-se dirigindo para o norte e fixou-se ali com o seu gado. A verdade é que o clima é de tal ordem que, quando uma bacia de água fica fora de casa, na manhã seguinte é preciso partir a camada de gelo que se forma à superfície. Dali saltámos a Vila Cabral, região famosa também pelo seu clima e condições para a agricultura. Não vimos nada. Em boa verdade, para voarmos de Angónia para Vila Cabral tivemos que atravessar uma parte da Niassalândia, para fugirmos à travessia do Lago Niassa. Aproveitámos e entrámos bem no interior deste país. O atraso daquelas regiões era impressionante. Mais tarde eu sobrevoava o Tanganica de ponta a ponta e verificaria o mesmo atraso. No Quénia, a mesma coisa, íamos ganhando um espírito de observação muito especial. O Luís sobrevoaria a seguir os Congos, francês e belga, e uns tantos países já ao norte do Equador e na troca de impressões chegaríamos à conclusão de que, de facto, a África do Sul era uma excepção. De Vila Cabral ao mar são umas boas centenas de quilómetros. Nesse voo passámos por regiões soberbas para toda a qualidade de culturas. As mais evidentes eram o algodão e o tabaco. Para o lado esquerdo ficava o Rio Rovuma com bicharada quase tão abundante como a que tínhamos visto nas planícies do delta do Zambeze. A meio caminho tínhamos Nampula, uma vilória já a querer mostrar-se e que viria a ser uma cidade bastante linda. Daí até ao mar pudemos ver grandes plantações de sisal, de sumaúma e palmeiras (cocos). Havia também os cajueiros que representavam na economia daquela terra um dos primeiros lugares. Mas também nos disseram que foi a natureza que propagou o cajueiro. Esta planta é, a bem dizer, uma espécie de praga. As terras são esplêndidas. Havia um cajueiro. Deixava cair sementes aqui e acolá e novas árvores surgiam. Através dos tempos foram-se formando como que florestas de cajueiros e é o que se vê: uma das principais culturas de Moçambique.

Chegámos a Porto Amélia. Aí a natureza, sempre a natureza, ofereceu-nos uma das baías maiores, mais belas e melhores do mundo. Era um encanto sobrevoar aquilo! É como que uma bacia muito redondinha, de tamanho descomunal com um canalzinho a ligá-la ao oceano. Diziam nesse tempo que cabiam lá as maiores esquadras do mundo. Ainda fomos mais acima, a Mocímboa da Praia. Atingimos todos os pontos que mais tarde viriam a ser a nossa rotina.

No regresso sobrevoámos o porto de Nacala, que nos diziam ser um porto de mar natural com óptimas condições para o futuro. E depois Moçambique, que é uma relíquia histórica e uma cidade muito curiosa. Dava-nos a impressão de que estávamos a sobrevoar uma cidade da Arábia. É tudo tipicamente oriental, à excepção do Forte de S.Sebastião que ali está a atestar a época dos descobrimentos e que é, na verdade, um monumento grandioso.

Daí rumámos para a Zambézia onde estavam instaladas as seis maiores fontes de receita das que directamente s찾o tiradas da terra: a copra, que vem dos palmares, o algod찾o, o a챌úcar, o chá, o sisal, os minérios e onde ainda há muito caju. Era, de facto, uma terra aparte. Que belas terras de regadio! Há água por todos os lados.

A delimitá-la tem a sul o fabuloso Rio Zambeze, um dos mais volumosos do Mundo, com as suas planta챌천es de cana-de-a챌úcar, que produziam mais de cem mil toneladas por ano e por onde, ao longo da margem esquerda, na desaguante, pastavam mais de cem mil cabe챌as de gado bovino. Do outro lado, a norte, o Rio Ligonha. Esse também viria a ser fabuloso, por causa dos riquíssimos minérios que ia pondo a descoberto. Entre esses dois rios limítrofes, v챗em-se muitos outros e uma infinidade de linhas de água. No litoral, é a planície imensa. Além dos coqueiros, riqueza número um, que espécie de Ucr창nia se podia fazer ali! Quanto arroz se podia produzir!...

Sobe-se um pouco e começámos a ver a terra das frutas, do algodão e das madeiras. Dos melhores abacaxis do mundo, encontram-se aí. As citrinas são maravilhosas. Os algodões do vale do Rio Chire têm uma fibra comparada com a dos melhores algodões do Egipto. As madeiras são apreciadíssimas e, nessa altura, já se explorava alguma coisa que, de uma maneira geral, era absorvida pela África do Sul. Existe também a castanha do caju, mas as terras para o amendoim, mandioca, milho, feijão e tabaco oferecem-se às centenas de milhar de hectares. Continuando, chega-se à região das serras, à região do chá por excelência.

Dentro da Zambézia há quatro regi천es produtoras de chá: Milange, Tacuane, Socone e Guiné. Só vamos falar desta última para se fazer uma ideia geral sobre tal cultura. Muita pouca gente conhece esta região. É uma pena! E acontece quase sempre que, quando chegava algum visitante ilustre, mesmo desses que iam da Metrópole e que de cá governavam, esse mesmo se mostrava deslumbrado e ao mesmo tempo triste por não ter tido oportunidade de há mais tempo conhecer uma tal região. Nessa altura reflecti que um comandante de um barco nunca o poderá comandar sem lhe conhecer todos os segredos e sem estar dentro dele. Parece-me que não há português nenhum que não tenha ouvido falar na fabulosa Ilha da Madeira, a Pérola do Atlântico! No entanto, muito poucos portugueses terão ouvido falar deste fabuloso Gurué que abafa debaixo de muitos aspectos a Ilha da Madeira e se tornou o exemplo mais flagrante do espírito empreendedor de um povo. Este Gurué?... Vamos ter na ideia um jardim com mais de sessenta quilómetros de extensão, com água a jorrar por todos os lados e a ser tratado diariamente por uns vinte mil jardineiros. O jardim consiste principalmente num atapetado verde e sem fim - o chá!

O chá é um arbusto que se não deixa crescer muito acima de um metro. A planta que pertence à família das camélias tem uma vida que ronda os cem anos. É plantada ao compasso de cerca de um metro.

Como a raíz se vai desenvolvendo para as entranhas da terra e chega a atingir cinco metros, o arbusto procura a toda a força elevar-se para ser uma grande árvore. Mas o homem não o permite. Poda-a à altura de um metro, mais ou menos. A planta vai alargando e, como está próxima uma da outra, forma um tapete de beleza excepcional. Uma plantação de cem hectares pode ter mais de um milhão de plantas.

Pelo meio das planta챌천es usa-se muito uma planta ornamental, a hortense, que na época da flora챌찾o faz um contraste fantástico entre a sua cor azul e a folha verde, muito brilhante, do chá. Há também os jacarandás, muito usados que, com o seu lilás, tornam este espectáculo da natureza ainda mais encantador. As serras, que est찾o praticamente em cima das planta챌천es, emprestam, com a sua altura descomunal (o monte Namúli tem 2.419 m), um aspecto de esmagadora grandiosidade. Na época das trovoadas o espectáculo é t찾o belo, t찾o grandioso que chega a meter medo. Eu, como tenho uma costela de agricultor, apaixonei-me por aquilo. E disse cá para mim: - Aqui está uma terra onde gostaria de viver. Nestes confins, eu, com um avi찾ozito, havia de prestar grandes servi챌os a estas gentes. Se houvesse retribui챌찾o, a coisa seria possível. Seis anos depois lá estava eu com armas, bagagens e avi찾o!

O Cardeal Cerejeira que penso ser o homem que melhor definiu o Gurué e mais tarde, já num avi찾o Junker 152, visitou comigo o Norte de Mo챌ambique, dizia-me encantado: Que belo! Isto é um mar sem fim todo plantado com manjericos gigantes!

Mas tivemos que regressar à base. Em três etapas alcançámos facilmente Lourenço Marques. Submetidos aos exames finais, vencemos todos os obstáculos. Nós estávamos, de facto, largamente preparados, quer em teoria, quer em prática. Torná-mo-nos finalmente pilotos comerciais.

Havia na Companhia, a D.E.T.A., formada pouco tempo antes, cinco pilotos que faziam as carreiras já estabelecidas através de Mo챌ambique. Nós agora íamos ser os novatos. Logo de entrada tivemos sorte: estavam a abrir o novo aeródromo de Porto Amélia, bem lá ao norte e avi천es de um certo peso n찾o podiam lá ir.

Todas as semanas havia uma liga챌찾o aérea com o Lumbo, que era um belo aeródromo, duzentos quilómetros ao sul de Porto Amélia. A liga챌찾o era feita com o Hornet. Saía de Louren챌o Marques e voltava tr챗s dias depois, fazendo quase uns quatro mil quilómetros, ida e volta. Uma semana, ia o Luís, outra semana, ia eu.

Levávamos correio para outros pontos intermediários e passageiros, quando os havia. Por vezes o tempo era espl챗ndido, mas outras vezes era terrível. Isto durou vários meses e nós fomos adquirindo cada vez mais prática. Pode parecer que deve ser desagradável um piloto voar milhares e milhares de quilómetros sozinho, mas n찾o. Eu adorava aquelas viagens. Quando havia mau tempo, procurava subir muito para passar por cima da tormenta. Em baixo apareciam os cabe챌os negros das nuvens, que compunham figuras bizarras.

Assemelhavam-se a dragões de bocarra aberta ou a adamastores de braços também abertos a quererem abraçar o avião. Eu ia cantando, sozinho, armado em maluco, o "Balance", quando a turbulência era grande, pois essa música dava para isso. Se a turbulência era mais mansinha, então tinha aquela canção “Cielito lindo" (mexicana) que casava muito bem "Ai, ai, ai, ai, ai... Devagarinho..." e lá ia entrando e saindo nuvem após nuvem, lá me ia entretendo, o avião sempre a avançar, até que chegava ao destino. A verdade é que o avião dançava ao som da música. Na aviação há muita camaradagem. Talvez por ser a vida que é, os homens sentem-se na necessidade de se apoiarem mutuamente. Registe-se: o piloto veterano ajuda sempre o novato a elevar-se. Nós sentimos isso. Voaríamos depois durante algum tempo como segundos pilotos e muito depressa éramos senhores absolutos desses aviões bem maiores em que tínhamos de continuar as nossas vidas. Para se ser piloto de 1a. classe exigia-se ter, pelo menos, mil horas de voo. Para comandante de aeronave, além de mais de mil horas, impunha-se também as qualifica챌천es de radiotelegrafista (ainda n찾o havia rádio-telefonia) e navegador. Ao fim de tr챗s anos, nós os dois, éramos Comandantes de aeronaves. Dragon-Fly, Dragon-Rapide, Junker 52, Loockeed, tudo

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