Dezenas de casas na Unidade Chingale e ao longo do vale de Nhartanda e nos bairros Matundo e Chingodzi nas duas margens do rio Zambeze encontram-se debaixo das águas e o maior número das vítimas não conseguiu retirar os seus bens.
O Conselho Municipal da Cidade de Tete disponibilizou desde ontem meios de transporte para evacuar as vítimas para locais seguros junto aos seus familiares em vários bairros da cidade.
“Visitei toda a zona da Unidade de Chingale e é a mais afectada, pois tem mais casas debaixo de água e as pessoas pernoitaram nas salas de aulas e porque o local é para aulas tivemos que levar as pessoas para junto dos seus parentes para permitir que os alunos não fiquem perturbados nas aulas. Assim, pedimos à direcção da escola para colaborar no sentido de deixarem as salas de aulas livres no período nocturno para albergar possíveis vitimas” disse César de Carvalho, Presidente do município.
Por seu turno, Jo찾o Martins, proprietário do Bar e Restaurante Monte Amarelo na cidade de Tete, disse ao nosso Jornal que as perdas s찾o enormes e neste momento está apenas a tentar salvar algumas cadeiras e outros bens que ficaram ligeiramente atingidos pela água.
“Desta vez a situação foi para o pior em relação aos anos anteriores. Estou com a parte da cozinha, bar, sala de refeições, casas-de-banho totalmente submersos atingindo uma altura acima de seis metros. Não consegui retirar nada do bar, despensa e cozinha e muito menos das casas-de-banho. Logo que as águas baixarem é reiniciar uma nova vida. Estou mesmo muito mal, porque ainda tenho encargos, pois tenho que encontrar lugar para guardar o pouco que salvei e tenho trabalhadores que devo pagar os salários”, lamentou.
Por sua vez João Silva um dos moradores do Bairro Chingale, na cidade de Tete, disse que a situação é dramática porque está sem comida e alguns bens que estão submersos devido à subida do nível do rio.
“A minha casa está toda ela submersa, consegui salvar os meus filhos e a minha esposa que está em estado de gravidez e alguns bens. Não consegui retirar comida entre outras coisas de maior peso e nem sei se vou recuperar algo. Da minha casa só se vê o tecto e por isso não tenho esperanças de nada disse o nosso entrevistado.
A cidade de Tete está cortada pelo meio, pois o rio dividiu-a. Toda a zona baixa está completamente cheia de àgua o que torna a situação muito perigosa, conforme avalia César de Carvalho Presidente do Conselho Municipal.
âO sistema de abastecimento de agua à cidade que se encontra no vale de Nhartanda ficou afectado, pois um dos cinco furos de captação de àgua está submerso e apartir de ontem começou a restrição no abastecimento de água à cidade e no bairro Samora Machel vulgo Canongola. Em Mpáduè o pequeno sistema de abastecimento de água está inoperacional porque o posto de transporte de energia eléctrica para o sistema de bombagem de àgua caiu e está submerso. Para se abastecer de água aqueles dois bairros recorrem a tanques-cisternas e isto vai acarretar muitas despesasâ, disse Carvalho.
As autoridades sanitárias na cidade de Tete est찾o igualmente preocupadas com a situa챌찾o porque os casos de cólera e diarreias v찾o aumentar uma vez que a maior parte das latrinas dos bairros onde eclodiu a doen챌a está submersa.
Cecília Matolino directora da Saúde afirmou que com a restrição de fornecimento de água potável à cidade e os bairros Mpáduè e Samora Machel a situação da cólera poderá conhecer novos contornos.
âEstamos preocupados com a situação e isto acontece numa altura em que casos de doentes de cólera estavam a diminuir consideravelmente, pois até ontem tínhamos somente 36 doentes internados no Centro de Tratamento de Cólera. Com esta restrição fornecimento de água poderemos receber novos casosâ, lamentou a directora da Saúde na cidade de Tete.