ABEL COELHO DE MORAIS
A sua autobiografia vende só na Índia mais de 200 mil exemplares por ano
No dia em que a Índia assinala o 60.º aniversário da data em que um radical hindu assassinou à queima-roupa em Nova Deli o herói da independência do país, a última urna com os restos mortais de Gandhi será lançada ao Mar Arábico.
Depois da morte de Gandhi, o seu corpo foi cremado e as suas cinzas dispersas por várias urnas para serem espalhadas, a 12 de Fevereiro, pelos diversos rios da Índia, segundo a tradição hindu. Mas alguns seguidores e dirigentes do partido do Congresso entenderam guardá-las, colocando-as em memoriais em várias cidades do país.
Será a família do "Pai da Nação" a insistir para que as urnas fossem lançadas às águas, o que foi sucedendo ao longo dos anos. Até há pouco, desconhecia-se a existência daquela que será lançada amanhã às águas do Mar Arábico, recentemente descoberta em Mumbai. Pensava-se que a última fora encontrada em 1997, no estado de Uttar Pradesh e lançada às águas do Ganges.
A data é também assinalada com a transfer챗ncia para os arquivos nacionais do original do relatório de polícia, até agora guardado numa esquadra de Nova Deli. Foi também anunciada a divulga챌찾o de uma tradu챌찾o em hindu, já que o original com a descri챌찾o dos acontecimentos que culminaram com os tr챗s tiros disparados por Nathuram Godse, um militante do grupo radical Hindu Mahasabha (Grande Assembleia Hindu), que reivindicava um maior papel político para esta comunidade, na origem de outras organiza챌천es extremistas hindus.
O partido de Godse advogava a unidade do subcontinente após a Grande Divisão - a dupla independência da Índia e do Paquistão, em 1947 - e, ao contrário dos ensinamentos de Gandhi, que contudo reivindica como inspirador, sempre advogou o recurso à violência.
O The Times of India referia ontem que Gandhi permanece hoje uma refer챗ncia central e d찾o como exemplo o facto de a sua autobiografia ainda vender mais de 200 mil exemplares por ano, nas diferentes línguas faladas no país. Outro exemplo dessa popularidade, revelado ontem no Hindustan Times, é o facto de Gandhi ser o nome mais procurado pelos internautas indianos e o número de livros publicados nas últimas semanas sobre o Mahatma (grande espírito), a sua família e os seus últimos momentos.