Entre 40 e 50 anos é a pior fase da vida
Um estudo envolvendo dois milh천es de pessoas em 80 países, incluindo Portugal, constatou um padr찾o mundial extraordinariamente consistente nos níveis de de- press찾o e felicidade que torna a meia-idade o período mais problemático da vida.
O trabalho, realizado por investigadores da Universidade de War-wick e do Dartmouth College, nos Estados Unidos, com o título "Terá o bem-estar a forma de U no ciclo da vida?", será em breve publicado na revista Social Science & Medicine, a publica챌찾o de ci챗ncias sociais mais citada em todo o mundo.
Os cientistas constataram que os níveis de felicidade t챗m a forma curva de um U, com o ponto mais alto no início e final da vida e o mais baixo na meia-idade. Muitos estudos anteriores do decurso da vida sugeriam que o bem-estar psicológico se mantinha relativamente estável e consistente com o avan챌ar da idade.
Com base numa amostra de um milh찾o de pessoas no Reino Unido, os investigadores concluíram que os picos de depress찾o s찾o mais prováveis por volta dos 44 anos, tanto nos homens como nas mulheres. Nos Estados Unidos encontraram uma diferen챌a significativa nos dois géneros, com a infelicidade a atingir o pico por volta dos 40 anos na mulheres e dos 50 nos homens.
A pergunta efectuada nos Estados Unidos era: "De uma forma geral, como é que acha que lhe está a correr a vida - diria que está muito feliz, mais ou menos feliz ou nada feliz?". Na Europa a quest찾o versava assim: "Tudo visto, diria que está muito satisfeito, suficientemente satisfeito, pouco satisfeito ou nada satisfeito com a vida que leva?"
Num total de 72 países em todos os continentes, o estudo constatou a mesma forma de U nos níveis de felicidade e satisfa챌찾o com a vida por idade.
Os dois autores, ambos economistas - os professores Andrew Oswald, da Universidade de Warwick, e David Blanch-flower, do Dartmouth College - consideram que o efeito da curva em U tem origem no interior dos seres humanos, já que encontraram sinais de depress찾o no meio da vida em todos os géneros de pessoas, independentemente de terem crian챌as em casa, de divórcios ou mudan챌as de emprego ou rendimento. Os níveis de educa챌찾o foram igualmente considerados, bem como o facto de se tratar de empregadores ou de empregados.
"Algumas pessoas sofrem mais do que outras, mas os nossos dados indicam que o efeito médio é muito amplo. Acontece tanto a mulheres como a homens, ricos e pobres, com ou sem filhos", afirma Andrew Oswald, citado no site de informa챌천es científicas AlphaGalileo. "Ninguém sabe a causa desta consist챗ncia", referiu.
"Para a pessoa média no mundo moderno, a saúde mental e a felicidade chegam lentamente, n찾o de repente num único ano", observou.
"Só quando chega à casa dos 50" - acrescentou - "é que a maioria das pessoas deixa de ser susceptível à depressão. Mais tarde, aos 70, mantendo-se fisicamente em forma, as pessoas, em média, podem sentir-se tão felizes e mentalmente sãs como aos 20 anos".
O estudo analisou informa챌찾o sobre uma amostra aleatória de 500 mil norte-americanos e europeus ocidentais a partir do Inquérito Social Geral, nos Estados Unidos, e do Eurobarómetro. Os autores analisaram, também, os níveis de saúde mental de 16 mil europeus, os níveis de depress찾o e ansiedade numa larga amostra de cidad찾os brit창nicos e dados do "World Values Survey", que contém amostras de pessoas de 80 países. - M.A.C., com LUSA