A par do que ja postei sobre alguns Carnavais, quero, a titulo particular, falar aqui num dado carnaval, que cada vez ganha mais adesão, vai-se lá saber porquê....(ou sabe-se...)
Foi levado, ao que se sabe, de Àfrica, por escravos, numa forma muito rudimentar e que depressa, foi evoluindo e tomando conta do imaginário de cada um, no outro lado do Atlantico.
A par de uma predisposi챌찾o natural para a musica e dan챌a, há também o clima.
Nesta altura do ano, quente, sufocante, convidativo a tirar roupas, a beber umas cervejas, a gelados e muito, mas muito...calor humano.
Portugal, sempre foi um país cinzent찾o, frio, de pessoas fechadas e habituadas a refrear costumes proibitivos para os padroes culturais e sociais da época.
Com a liberdade trazida pela Abrilada, as mentes, aos poucos foram-se abrindo e deu-se aquilo que quando muito tempo é negado, vai-se compensar em excesso: neste caso, a folia carnavalesca.Avassaladora. Alarve, em alguns casos. E como o que vem de fora, mais liberal e arejado, é mais convidativo e enche o olho, há entao, que extravazar.
N찾o se olha aqui a valores culturais, ancestrais ou tradicionais. Que, felizmente, ainda os há em remotas aldeias perdidas no interior, ou em pequenas vilas em que fazem questao de orgulhosamente cumprirem as tradi챌천es.
Assim, agora, carnaval que se preze, tem que ter samba e doses refor챌adas de bebidas energéticas (pelo menos). Temos as baianas, as sambistas, as passistas, as porta-estandarte, as escolas de Samba á portuguesa...só falta mesmo é a destribui챌찾o em massa de perservativos, a exemplo do Brasil, para ficar uma imita챌찾o mais completa.
Depois vemos cenas cómicas (ou dignas de dó?) de sambistas muito branquinhas e com fracos meneios ou a tentar imitar os ritmos frenéticos originais (mas falta o semba, minha gente!), meias despidas, ou com bodys da cor da carne, a disfar챌ar e tapar o vento e o frio, a tirintar de frio, no ch찾o ou no alto dos carros alegóricos, e com muita sorte, se n찾o chover e ficarem tal qual, pintos molhados, ch척chos, sem gra챌a e sem o tal semba! Até sem salero, que abunda aqui no país ao lado!
Valha-nos os alegres folioes e as bocas da popula챌찾o para amenizar a coisa e dar um toque de gra챌a, disfar챌ando a pobreza de cultura........
Porque, a cultura de cada povo, está naquilo que vem de raíz, no original e genuino.
Carnaval, mascaradas, sim....o Deus Baco fica apaziguado, na quarta-feira de cinzas, cai o pano, esborratam-se as cores, passa a embrieguez, os exageros (alguns pagos amargamente mais tarde) e volta tudo a resumir-se a um tremendo eco na cabe챌a de cada um, a pobreza nua e crua das favelas, dos bairros de lata dos suburbios, nas contas a pagar ou no meio de se arranjar o pao de cada dia........
Sim, minha gente, para esquecer a miséria, há que p척r a mascara e logo a seguir ao frio, á chuva, á reina챌찾o, há que come챌ar a pensar no Carnaval do próximo ano...com frio, ou com calor, imitando ou n찾o, com cartazes mais ou menos controversos, mas que se podem aproveitar do carnaval findo, porque a crise, essa é a mesma, está lá á espreita e n찾o perdoa!
Vamos la a ver, se com as condi챌천es climatéricas a mudar, nao teremos brevemente deste lado a época do Carnaval com calor e suor e a de lá do outro lado do Atl창ntico com frio e neve...ai ainda vou ver se mudam os usos, também....
SAO ALVES