AS quarenta crianças que há duas semanas viajavam num camião em condições deploráveis, pelo que se disse com destino às províncias de Maputo e Tete, sob alegação de que iam estudar, estão a regressar às suas origens, com apoio do Governo e da Save The Children.
Maputo, Segunda-Feira, 11 de Fevereiro de 2008:: Notícias
Segundo apurou o nosso Jornal, 32 petizes arrancaram ao princípio da noite de sábado para a província de Nampula, a partir do Aeroporto da Beira, enquanto as restantes oito ainda aguardavam o seu voo para Cabo Delgado até à altura em que redigíamos este artigo.
A nossa Reportagem testemunhou a chegada à cidade da Beira daquelas crianças que eram tidas como raptadas. Eram 13.00 horas quando um autocarro ido da capital provincial de Manica, Chimoio, se fez ao recinto aeroportuário da Beira. Com panos vermelhos nas suas vestes, os petizes eram orientados por acompanhantes da Acção Social, agentes da PRM e por funcionários daquela ONG.
Num contacto com o nosso Jornal, uma das crianças, ngela Amisse, oito anos, disse que estava satisfeita por estar a regressar ao convívio dos pais. “Eu já falei com o meu pai por telefone. Ele disse que estava à minha espera. Estou contente”, afirmou.
Assane Lourenço, outra das crianças, disse, por seu turno, que estava contente porque ia rever a sua mãe. “Vou subir avião para ir ver a minha mãe. Estou muito contente”, manifestou-se.
Momad Menrage, de 16 anos de idade, revelou ao nosso Jornal que ao longo da via, entre o rio Zambeze e Inchope, os responsáveis que os conduziam maltratavam-nos sem saberem porquê. “Nós éramos tapados com lonas na carroçaria, batiam-nos na cabeça quando quiséssemos espreitar. Eles maltratavam-nos com a alegação de que nos queriam proteger contra acidentes”, disse.
Falámos com o menor tido como herói do grupo. Emane Nordine, 10 anos de idade, que foi quem denunciou o suposto rapto, quando foi abandonado no rio Zambeze. “Eu estava a fazer necessidades maiores quando eles arrancaram. Estou contente por ter feito isso, porque não sabíamos onde íamos”, afirmou.
Entretanto, Ilundi Cabral, oficial de projectos da Save the Children, que acompanhava aos miúdos, disse que a sua organização apoiou os petizes em alojamento, transporte e alimentação. “Tivemos um grande apoio das LAM, que nos ofereceram um preço especial e foram flexíveis”, acrescentou.