|
General: UM AVÔ (Danuza Leão)
Elegir otro panel de mensajes |
|
De: mayra1950 (Mensaje original) |
Enviado: 22/02/2008 00:43 |
Um av척 Eu já estava no meio do jantar quando eles chegaram e se sentaram na mesa ao lado. Ela uma senhora vaidosa, com os cabelos pintados, brincos, anéis, essas coisas que nós mulheres gostamos de usar. Ele, um senhor já bem senhor, daqueles que só se v챗em na Fran챌a. Um senhor daqueles bem idosos de antigamente. Pequeno, magro, os cabelos completamente brancos cortados curtos, olhos azuis e bochechas rosadas. Como era inverno, ele, muito elegante, usava um suéter, um paletó de tweed, um cachecol e um gorrinho de lã que tirou, assim que se sentou à mesa. Dava para perceber que devia cheirar a lavanda. A pele era fina, e sem uma só ruga. O casal não tinha a rapidez da juventude; o andar era lento, os gestos, vagarosos, e as palavras, calmas. Ele ajudou-a a tirar o casaco, esperou que ela se sentasse (na banqueta ao meu lado) e só então se sentou, diante dela. Levaram um bom tempo para escolher o que iam comer, e era comovente ver como ele procurava saber do que ela gostaria, e dando sugest천es; delicado, sempre muito atento a tudo que ela dizia, e sem nenhuma impaci챗ncia ou pressa, características dos muito jovens. E falavam baixinho. A garrafa de vinho chegou, ele provou primeiro, disse ao gar챌om que estava aprovada; serviu a sua dama, em primeiro lugar, depois a ele mesmo. Pediram uma grande bandeja de frutos do mar, e a cada um que comiam, faziam um comentário; como a maioria dos franceses, eles conheciam o assunto. Deixaram para o final um siri imenso, e com toda a calma do mundo -e com pin챌as especiais- tiraram até o último pedacinho da carne, sempre comentando sobre o que estavam comendo. Deram toda a import창ncia do mundo ao jantar, e depois da conta paga -sem pressa- ele se levantou, puxou a mesa para que sua companheira pudesse sair, ajudou-a a colocar o cachecol, o casaco, depois vestiu o seu, colocou o gorrinho na cabe챌a e saíram, ela na frente, ele atrás. Imagino que já tivessem passado há um bom tempo dos 80, mas ainda tinham o prazer da boa mesa, da boa companhia. Seriam casados? Acho que n찾o, velhos casais n찾o costumam ter tantos assuntos, e raramente saem sozinhos para jantar. Fiquei pensando em como gostaria de ter tido um avô como ele. Um avô que me levasse a um restaurante quando eu era criança, me fizesse conhecer os mistérios das ostras, a reconhecer um bom vinho. Um avô que me ensinasse, pelo exemplo, a ser gentil, atenta aos outros, que puxasse a cadeira para mim, que me desse muita atenção, aquela que só se dá às pessoas de quem se gosta muito. Que me forçasse, delicadamente, a pedir uma sobremesa; que me perguntasse, antes de pedir a conta, se eu estava contente, e que quando saíssemos, de mãos dadas, parasse para me comprar um saquinho de chocolates, assim por nada, só porque isso é coisa de avô. Um av척 que cheirasse a lavanda como ele devia cheirar, calmo como ele, gentil como ele, com os olhos t찾o azuis quanto os dele, e que gostasse muito de mim. Só que aos tr챗s anos eu já n찾o tinha mais nenhum av척, e como nunca tive, nunca me ocorreu que eles me faziam falta. Mas nessa noite -e pela primeira vez- pensei em como seria bom ter tido um av척 que gostasse muito de mim. Eu também não tive avô..infelizmente ! Beijinhos, Mayra |
|
|
Primer
Anterior
2 a 2 de 2
Siguiente
Último
|
|
De: ant처nio7742 |
Enviado: 22/02/2008 00:55 |
Eu ca, coitado de mim.
Ouvi dizer que tinha tido dois av척s e duas avós.
Mas, só conheci um av척.
É o que está na fotografia de " a vida do António".
Boa àrvore para todos
Zikomo Kombiri
Em 21/02/08, Mayra1950 <meoliv_@hotmail.com> escreveu:
UM AVÔ (Danuza Leão)
Responder
|
|
De: Mayra1950 |
Um av척
Eu já estava no meio do jantar quando eles chegaram e se sentaram na mesa ao lado. Ela uma senhora vaidosa, com os cabelos pintados, brincos, anéis, essas coisas que nós mulheres gostamos de usar. Ele, um senhor já bem senhor, daqueles que só se v챗em na Fran챌a. Um senhor daqueles bem idosos de antigamente.
Pequeno, magro, os cabelos completamente brancos cortados curtos, olhos azuis e bochechas rosadas. Como era inverno, ele, muito elegante, usava um suéter, um paletó de tweed, um cachecol e um gorrinho de lã que tirou, assim que se sentou à mesa. Dava para perceber que devia cheirar a lavanda. A pele era fina, e sem uma só ruga. O casal não tinha a rapidez da juventude; o andar era lento, os gestos, vagarosos, e as palavras, calmas. Ele ajudou-a a tirar o casaco, esperou que ela se sentasse (na banqueta ao meu lado) e só então se sentou, diante dela.
Levaram um bom tempo para escolher o que iam comer, e era comovente ver como ele procurava saber do que ela gostaria, e dando sugest천es; delicado, sempre muito atento a tudo que ela dizia, e sem nenhuma impaci챗ncia ou pressa, características dos muito jovens. E falavam baixinho.
A garrafa de vinho chegou, ele provou primeiro, disse ao gar챌om que estava aprovada; serviu a sua dama, em primeiro lugar, depois a ele mesmo.
Pediram uma grande bandeja de frutos do mar, e a cada um que comiam, faziam um comentário; como a maioria dos franceses, eles conheciam o assunto.
Deixaram para o final um siri imenso, e com toda a calma do mundo -e com pin챌as especiais- tiraram até o último pedacinho da carne, sempre comentando sobre o que estavam comendo. Deram toda a import창ncia do mundo ao jantar, e depois da conta paga -sem pressa- ele se levantou, puxou a mesa para que sua companheira pudesse sair, ajudou-a a colocar o cachecol, o casaco, depois vestiu o seu, colocou o gorrinho na cabe챌a e saíram, ela na frente, ele atrás.
Imagino que já tivessem passado há um bom tempo dos 80, mas ainda tinham o prazer da boa mesa, da boa companhia. Seriam casados?
Acho que n찾o, velhos casais n찾o costumam ter tantos assuntos, e raramente saem sozinhos para jantar.
Fiquei pensando em como gostaria de ter tido um avô como ele. Um avô que me levasse a um restaurante quando eu era criança, me fizesse conhecer os mistérios das ostras, a reconhecer um bom vinho. Um avô que me ensinasse, pelo exemplo, a ser gentil, atenta aos outros, que puxasse a cadeira para mim, que me desse muita atenção, aquela que só se dá às pessoas de quem se gosta muito. Que me forçasse, delicadamente, a pedir uma sobremesa; que me perguntasse, antes de pedir a conta, se eu estava contente, e que quando saíssemos, de mãos dadas, parasse para me comprar um saquinho de chocolates, assim por nada, só porque isso é coisa de avô.
Um av척 que cheirasse a lavanda como ele devia cheirar, calmo como ele, gentil como ele, com os olhos t찾o azuis quanto os dele, e que gostasse muito de mim.
Só que aos tr챗s anos eu já n찾o tinha mais nenhum av척, e como nunca tive, nunca me ocorreu que eles me faziam falta.
Mas nessa noite -e pela primeira vez- pensei em como seria bom ter tido um av척 que gostasse muito de mim.
Eu também não tive avô..infelizmente !
Beijinhos,
Mayra | | Exibir outros grupos nesta categoria.
-- Zikomo
|
|
|
|
|
|
|
©2024 - Gabitos - Todos los derechos reservados | |
|
|