O mundo “desabou” quando o médico disse aos pais de Joana Vieira de 12 anos, que a menina “não tinha hipóteses, a não ser fazer o tratamento até chegar a hora dela”. A mãe deixou o emprego, o salário do pai não chega, as prestações do apartamento ficaram em atraso e agora vão ter de o entregar ao banco.
As dores de cabeça, os vómitos e os desequilíbrios da Joana começaram a agudizar-se em Maio de 2006. Os pais, Joaquim Vieira e Carla Anjos, levaram-na a uma consulta médica no Hospital S. Sebastião (Santa Maria da Feira), mas a clínica que a observou achou que tudo não passava de uma influência da telenovela que passava na altura na SIC. Até que, por exigência da mãe, foi-lhe feita uma radiografia à coluna cervical, que mostrou que algo não estava bem e a menina foi imediatamente transferida para o IPO no Porto. O diagnóstico não podia ser pior: um tumor maligno alojado no cérebro.
“Foi um choque muito grande. Nem queríamos acreditar que podemos ficar sem a nossa menina. Não tem sido nada fácil”, contam os pais.
A esperança da menina com ‘astrocitoma maligno (grau IV)’ mora agora na Clínica Quadrantes, em Lisboa. Embora os especialistas da clínica privada não dêem garantias, acreditam que há fortes probabilidades de queimar e adormecer o tumor, que já retirou parte da visão à criança. “Apenas vê 40 por cento de uma vista, mas da outra está cega”, explica a mãe.
O tratamento, que custa cerca de 11 500 euros, poderá ser suportado pelo IPO do Porto, ao abrigo de um protocolo com a clínica privada, e que poderá ser assinado em breve. Caso contrário, os pais, n찾o sabem o que fazer para tentar salvar a Joana.
No entanto, a menina com o sorriso tapado pela máscara que tem de usar, encontrou no Santuário de Fátima uma for챌a que n찾o consegue explicar e que tem sido fundamental para que possa continuar a lutar.
“Olho para a imagem de Nossa Senhora e só peço ajuda, para mim e para todos os que sofrem e até para os que fazem mal. Acredito que tudo se vai resolver, porque as pessoas não me vão virar as costas”, diz, num discurso amadurecido pela dor.
À PROCURA DE AJUDA PARA A FILHA JOANA
A mãe de Joana, Carla Anjos, de 36 anos, foi obrigada a deixar o emprego para acompanhar a filha. O salário do pai, motorista nos Bombeiros de Santa Maria da Feira, é o único sustento da casa. “São os amigos que nos têm ajudado com alguns bens, mas, mesmo assim, o dinheiro não chega e vou ter de entregar a casa ao banco porque deixei de pagar a prestação. Que mais posso fazer?”, questiona o pai.
Para poder avançar para o tratamento na Clínica Quadrantes, em Lisboa, os pais de Joana abriram uma conta solidária na Caixa Geral de Depósitos, a qual só pode ser movimentada pela meia-irmã mais velha, mediante a apresentação de documentos que comprovem que o dinheiro é para as suas necessidades. “Não queremos que ninguém pense que nos estamos a aproveitar da bondade das pessoas”, explica, envergonhado o pai.
Para quem queira ajudar a pagar o tratamento ao ‘astrocitoma maligno’, de que padece a menina de Santa Maria da Feira, o CM divulga o NIB da conta na Caixa Geral de Depósitos: 00 350 306 000 557 445 00 27.
A FÉ DE JOANA EM FÁTIMA
A menina de 12 anos sente que a ajuda divina pode ajudá-la a recuperar e frisa que a fé em Nossa Senhora de Fátima tem-lhe dado for챌as.
NÚMEROS DA ONCOLOGIA
- 50 por cento dos cancros nas crian챌as s찾o as leucemias agudas e os tumores do sistema nervoso central. A doen챌a desenvolve-se muito rapidamente.
- 75 por cento é a percentagem da taxa de cura dos casos de cancro nas crian챌as. Há 40 anos, a taxa era de 20 por cento.
- 300 crian챌as padecem actualmente de cancro em Portugal. O número de novos doentes tem aumentado nos últimos anos.
- 28,1 cento dos hospitais são obrigados a dar assistência oncológica às crianças em unidades destinadas a adultos.
- 6 meses. No primeiro meio ano de vida, as crian챌as n찾o devem ser expostas ao sol, nem usar protectores solares.
- 1,5 por cento é o ritmo dos novos casos de cancro até aos 19 anos e de 1% nos mais novos.
- 11 diagnósticos por milhão de crianças a mais regista-se por década e mais 23 casos na adolescência.
Francisco Manuel