Desenlace
Rompi com a Poesia!
Tirei a canga,
o grilh찾o, o la챌o
e
solto o bra챌o
se voltei à pena
pus no papel um outro risco,
busquei antigas ferramentas.
Rompi com a Poesia, que bandida,
na madrugada me invadia o quarto
e me levava à saleta fria
usando como isca um verso novo
do poema de amor que brotaria
longe do leito da mulher amada
que, excitada, tateava o linho,
buscando aquele que se ausentara.
Rompi com a Poesia
que exigia tanto (Todo o meu tempo)
que discriminava
velhos amigos que n찾o eram vates
e me afastava de mil parcerias,
das pescarias aos jogos-de-cartas
das "arrancadas" aos "fora-de-estrada",
dos bate-papos aos contar-piadas.
Rompi com a Poesia, volto aos barcos!
E
invés da forma que se fez poema,
prefiro a forma que se fez o casco
e às estrofes, rimas e aos versos,
prefiro esquadros, réguas e compassos!
E quanto às Musas (Que me foram caras!)
troco por Sereias, por Yaras...
troco por mulheres do mercado!
Rompi com a Poesia e é preciso
partir no tempo predeterminado
quando a maré-alta sobe o cáis,
no mais,
o prazo é esgotado!
Se perco o barco fico só no porto
oh, me desculpem, quase que esque챌o!
Quem trouxe aí algum Poema Novo?
Sergio Severo/1999