"Pulga atrás da orelha" não será mais que uma expressão popular - a intuição é apenas saber acumulado
Eduarda Ferreira
Aprimeira impress찾o sobre uma pessoa que acabamos de conhecer, a rápida decis찾o que tomamos num momento de perigo tudo isso se enquadra no que chamamos intui챌찾o ou até pressentimento, categorias que a ci챗ncia tem geralmente remetido para o campo da cren챌a e supersti챌찾o. Agora, há um grupo de cientistas que vem afirmar que a "pulga atrás do ouvido" tem uma explica챌찾o. Afinal, na base desse tipo de decis천es, o nosso cérebro nada mais faz do que ir buscar experi챗ncias anteriores.
Temos dificuldade em explicar por que raz찾o acertamos em pressentimentos e na instant창nea empatia ou antipatia para com alguém que acabamos de conhecer. Apesar de praticamente quase toda a gente ter confirmado que essas sensa챌천es s찾o certeiras em grande parte das vezes, a ci챗ncia sempre as remeteu para campos que n찾o lhe pertencem e que s찾o falhos de prova. Agora, alguns investigadores v챗m admitir que a intui챌찾o é um fenómeno psicológico que se explica bem.
Uma pesquisa coordenada por Gerard Hodgkinson, da Universidade de Leeds, descreve assim o processo que desembocará nos episódios intuitivos o cérebro mais n찾o faz do que, num ápice, e perante uma situa챌찾o, ir buscar informa챌천es a situa챌천es que já vivemos, ajustando-as para decidirmos um acto ou formar uma opini찾o. Todo esse processo se passa a um nível de que n찾o tomamos consci챗ncia e daí alguma aura de mistério e supersti챌찾o que o tem rodeado.
Os autores do estudo consideram que os bons ou maus pressentimentos, afinal, s찾o t찾o válidos quanto um raciocínio lógico e que bem poderemos seguir mais vezes aquilo que é mais do que o nosso próprio palpite.
Gerard Hodgkinson descreve o que aconteceu com um piloto de Fórmula Um que se sentiu impelido a travar antes de fazer uma curva em gancho que se lhe apresentava. Se o não tivesse feito, iria colidir com outros carros que haviam sofrido um desastre mais à frente. Mas o piloto não sabia explicar a sensação de risco. O motivo para a travagem só ficou explicado depois de algumas sessões de análise por psicólogos e pela passagem de um vídeo. De forma muito subtil, que não deu para ele apreender logicamente, ele vira que a multidão não estava a aplaudir a sua chegada, mas sim a olhar para o outro lado e sem se mexer. Algo não "batia certo", foi o que o seu cérebro lhe disse sem que ele tivesse racionalizado sobre a existência de um risco e a forma de o evitar.
Para o coordenador do estudo da Universidade de Leeds, as intui챌천es que temos baseiam-se na avalia챌찾o muito rápida das pistas que possuímos sobre um dado acontecimento ou pessoa, pistas essas que assentam nos ensinamentos retirados de situa챌천es pelas quais já passámos. Hodgkinson afirma que a verdadeira intui챌찾o é experimentada em momentos de grande risco ou quando estamos submetidos a um bombardeamento de informa챌천es com vista a uma decis찾o e ainda a press천es de tempo . Por regra, isso coincide com situa챌천es em que ficamos impedidos de fazer uma análise consciente da realidade.
A resposta instintiva que damos à situação nem sempre é do nosso agrado, ficando nós com a sensação de que deveríamos ter feito o contrário. O tempo pode acabar por demonstrar que a primeira impressão estava correcta. O estudo, que foi publicado no "British Journal of Psychology", não dá garantias sobre se é melhor ou não seguirmos a nossa intuição.