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notcias: Raul Solnado homenageado no teatro que fundou em 1965
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De: misabelantunes1  (Mensaje original) Enviado: 24/03/2008 18:23
Raul Solnado "Gostei muito de saber que me querem homenagear no Teatro Villaret que fundei em 1965 e onde me mantive até 1976"

"Isto de se fazer humor é uma coisa muito séria. E dá muito trabalho", Quem o diz é Raul Solnado, o actor multifacetado, criativo e empreendedor que, graças à sua fé na arte que decidiu abraçar, conseguiu tornar-se no único actor nacional a abrir um teatro nos difíceis tempos de marasmo cultural que caracterizavam o país em 1965. A esse espaço deu-lhe o nome de Teatro Villaret, em homenagem ao actor que, muitos anos antes, o conseguira emocionar até ás lágrimas.
Amanh찾, o lisboeta Teatro Villaret reabre ao público prestando homenagem ao seu fundador, ao mesmo tempo que estreia a pe챌a "A Gorda - Fat Pig", do dramaturgo norte-americano Neil LaBute.
Raul Solnado, que nos últimos tempos tem recusado diversas homenagens, achou justo que se lembrassem dele enquanto figura crucial do Teatro Villaret, por onde passariam grandes espectáculos de autores contempor창neos, cujos temas actuais atraíram o público e outras companhias que aí come챌aram, gradualmente, a instalar-se."Acho muito bonito que tivessem esta ideia. E sinto-me vaidoso que se tivessem lembrado de mim".
Solnado é um actor versátil mas foi com os papéis cómicos que se imp척s e se tornou uma figura mítica na história do teatro em Portugal. A sua carreira está repleta de sucessos que ainda hoje perduram na memória do público e atravessam gera챌천es de f찾s. Aos 79 anos, que completará no próximo dia 19 de Outubro, confessa que se há algo de que se orgulhe é de ter público de diferentes gera챌천es a aplaudi-lo. "As crian챌as hoje ouvem as coisas que gravei e acham gra챌a".
As rábulas t챗m o seu ponto alto com um sketch do espanhol Miguel Gila, chamado "A guerra de 1908", que Solnado estreou em 1961 no Teatro Maria Vitória. Este foi o seu maior 챗xito de sempre.
"Sofri muito na estreia", recorda o actor. "Tinha muitas dúvidas, não em relação ao texto, mas ao gosto do público. Hoje as pessoas riem melhor do que naquela altura, até porque estão mais acostumados a um tipo de humor baseado no non sense. Mas naquela época isto era novidade. Eu não sabia se um texto deste tipo ia funcionar. Aliás, acho que os cómicos têm sempre essa dúvida. Uma piada pode levar horas a ser construída e depois ser um fiasco quando apresentada em público. Mas aquele texto do Gila era genial. No fundo era uma crítica a todas as guerras. Em Portugal claro que foi logo entendido como uma crítica mordaz à guerra colonial. Foi marcante. Estava cheio de medo porque aquele tipo de humor não era habitual, nem mesmo em revista. E foi precisamente na revista "Bate o pé" que incluí o texto. Não era fácil. No dia da estreia ia morto de medo. Mas achava que tinha que insistir, tentar fazer algo diferente do habitual. E deu certo."
Para Raul Solnado, "o humor é das coisas mais difíceis da escrita. Daí a dificuldade de hoje em dia se encontrarem grandes textos de novos humoristas. As pessoas, por vezes, n찾o levam a sério o humor. Na realidade o humor n찾o é para brincadeiras. Pensa-se que um actor cómico n찾o tem que trabalhar tanto como um actor dramático. Mas n찾o é verdade. As pessoas nem sonham o qu찾o difícil e violento é o trabalho d e actor, seja qual for o registo".
Para Solnado, "ser cómico n찾o e fácil ou difícil, mas sim fácil ou impossível. A palavra difícil n찾o existe para um cómico".
Curiosamente, foi com um drama que Raul Solnado pela primeira vez se emocionou no teatro. "Tinha oito anos e fui com o meu pai ver a pe챌a "A recompensa", com o Jo찾o Vlilaret. Fiquei t찾o marcado que me emocionei até ás lágrimas. Ver Jo찾o Villaret a representar foi algo de transcendente. Isto foi de tal modo marcante que, quando tive oportunidade para abrir o meu próprio teatro, decidi dar-lhe o nome do Villaret. E assim fiz".
A ideia de criar uma casa onde tivesse oportunidade de levar o repertório por si escolhido surgiu de um insucesso na sua carreira. "Em 1958 estava a fazer uma revista no Brasil e protagonizei o meu mais glorioso fracasso. Aliás tive vários ao longo da minha vida mas aquele foi a pedra de toque. Naquela altura estava a ser iniciado um movimento fabuloso no teatro brasileiro. Surgiram muitos teatros de bolso. E ent찾o tive a ideia de trazer o modelo para Portugal. N찾o foi fácil concretizar mas acabei por conseguir. E mantive o Villaret aberto durante 11 anos, até 1976".


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