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General: PAULINA CHIZIANE A ESCRITA NO FEMININO
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De: misabelantunes1  (Mensaje original) Enviado: 07/04/2008 19:12
"Wusheni estava atrás da porta empunhando a catana com for챌a de mulher. No momento certo deu o golpe certo. Na agonia do adeus, Manuna vira a ponta do punhal rasgando verticalmente o ventre de quem o fere. Wusheni e Manuna, dois irm찾os que partilharam do mesmo ventre, do mesmo leite, do mesmo amor e do mesmo ódio tombam na mesma batalha". De horrores como este se fez a guerra em Mo챌ambique e deles nasceu Ventos do Apocalipse, o segundo romance da escritora Paulina Chiziane, que a Caminho editou em Maio passado, em Portugal.
Balada de Amor ao Vento é o seu primeiro livro. Fala de qu챗?
É uma história de amor. Do conflito vivido por uma mulher moçambicana entre o mundo moderno e o mundo tradicional, entre os valores impostos e os seus próprios anseios.
A Inoc챗ncia Mata descreveu-o como um livro femininista. Concorda?
Quando pronuncio a palavra femininista, faço-o entre aspas, porque não quero associar-me às loucuras do mundo. É um livro feminino porque nele exponho a mulher e o seu mundo, embora não seja uma obra onde desafie o estatuto da própria mulher. Isso ajuda a reflectir e a reconhecer afinal quem é a "mulher" com que nós vivemos. É a minha forma de contribuir para a compreensão dessa realidade e, quem sabe, ajudar a definir novos caminhos. Também é uma paixão. Gosto de escrever sobre mulheres. Vou escrever sobre o quê, se não sobre o que sei?! Não sou capaz de ter uma visão assexuada da vida.
A Paulina escreve no feminino?
Sou uma mulher e sinto as coisas como mulher que sou. Como é que n찾o hei-de ver as coisas como uma mulher, como é que n찾o hei-de usar as palavras que as mulheres usam? As mulheres quando se juntam t챗m a sua linguagem própria, a sua vis찾o e a sua maneira singular de expressar as coisas. Por exemplo, numa ilha no sul de Mo챌ambique as mulheres quando se cruzam com outras mulheres, saúdam-se de forma quase ritual e ficam ali uns bons quinze minutos a faz챗-lo. O homem, normalmente pescador, quando encontra um amigo diz "bom dia" e o outro responde "Yhaaa". E acabou. Cada um vai para o seu lado. As palavras e as express천es dum e doutro mundo (masculino e feminino) s찾o efectivamente diferentes.
Este livro retrata experi챗ncias muito pessoais?
Pessoais na medida em que muitas destas mulheres vivem ao meu lado. Quando olho para a minha m찾e, para a minha avó e um bocadinho para mim mesma, enfim quando olho para toda a comunidade que me rodeia sei que é de nós todas que falo, sei que é sobre nós todas que escrevo e a nós todas que vou retratando aqui e ali.
Todas as mulheres do livro que tentaram demonstrar a sua insatisfa챌찾o perante a vida que levavam acabaram por ser punidas. Passa-se o mesmo na vida real?
Toda a mulher que luta por uma mudan챌a é sempre punida e esse é, efectivamente, o mundo real que descrevo.
Qual foi a reac챌찾o das mulheres mo챌ambicanas a este livro?
No início houve, apenas, uma certa curiosidade. Depois foram lendo, foram-se identificando e agora a reac챌찾o é muito boa. Para grande parte delas sou a pessoa que diz o que sentem, mas n찾o t챗m coragem de dizer. Isso para mim é muito importante.
A sociedade mo챌ambicana reprime as mulheres?
Digamos que sim, mas não podemos olhar para o país como um todo nesta matéria. Temos as regiões do sul e do centro, que são regiões patriarcais por excelência. O norte já tem características diferentes. É uma região matriarcal, onde as mulheres têm outras liberdades. Acho que Gaza, província de onde sou oriunda, é a região mais machista de Moçambique. Uma mulher, além de cozinhar e lavar, para servir uma refeição ao marido tem de o fazer de joelhos. Quando o marido a chama, ela não pode responder de pé. Tem que largar tudo o que está a fazer, chegar diante do marido e dizer "estou aqui". Há pouco tempo um jornalista denunciou um professor de Gaza. Nas aulas quando fazia uma pergunta os rapazes respondiam de pé, mas obrigava as meninas a responderem de joelhos. Quando as alunas íam ao quadro, tinham que caminhar de joelhos e só quando lá chegavam é que se punham de pé. O professor foi criticado e prometeu mudar. Mas para a comunidade ele estava a agir correctamente.
LIVRO DE AMOR E GUERRA
O segundo livro fala sobretudo da guerra...
Sim, apesar do amor também aparecer.
As personagens femininas continuam a ser as mais importantes?
Sim. As personagens mais importantes do livro são personagens femininas. Há uma personagem de amor, a Whusheni, que morre na guerra. Há a Minosse, a última mulher do régulo, que consegue fazer uma revolução na sua vida e tem alguns momentos de felicidade. Num dos três contos que abrem o livro aparece a Massupai, uma mulher que foi capaz de matar os filhos e trair toda a sua aldeia. Quis mostrar que as mulheres não são só vítimas. Nesta guerra vi casos concretos. A Renamo tinha um truque muito bom. Quem fazia o trabalho de reconhecimento da aldeia e das zonas que eram atacadas eram as mulheres. A mulher aparecia na aldeia, conversava, ia buscar água e observava, porque sabia de tácticas de guerra. Era depois ela quem dava o sinal às tropas que estavam escondidas. Os estereótipos colados à imagem da mulher funcionaram muito bem nesta guerra, na qual participaram de uma forma muito cruel. E ninguém deu por isso. Quando eu digo que as mulheres são invisíveis, são-no em todos os aspectos. Neste livro, descrevo essa parte horrível da guerra, mas não descrevi tudo. Há coisas que jamais terei coragem para escrever.
Trabalhou para a Cruz Vermelha durante a guerra. Foi nessa altura que observou todos esses horrores?
Estava a trabalhar na emergência. Trabalhei muito no campo. Assisti à guerra do princípio ao fim e testemunhei os mais terríveis horrores.
Entretanto, já escreveu um novo livro. De que trata?
É um livro sobre as incompatibilidades entre as crenças. É uma longa história de feitiçaria. Temos dois mundos: o actual, feito de realidades novas e evolutivas, e o que nos é imposto, que vem do passado, da nossa tradição, da nossa cultura, das nossas crenças e mitos. Uma dualidade característica de África e dos africanos em particular. Como é que gerimos a dualidade e a coexistência de mundos tão díspares? A que crença recorrer quando nos surge uma desgraça? Esse é o grande dilema. Os padres que me ensinaram diziam que recordar os meus antepassados era ser pagão, mas recordar um santo António e uma santa Teresinha era ser-se cristão. É este mundo duplo em que vivemos que eu procurei descrever neste terceiro livro.
Como é que se vai chamar?
"O sétimo juramento". Porque o sete é um número mágico. Deverá sair em Portugal em Mar챌o do próximo ano.
Manuela Sousa Guerreiro


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De: mayra1950 Enviado: 07/04/2008 21:19
Isabel,
Fui ao link e fiquei fã dessa "guerreira".
Maravilhosa idéia de fazernos conhecer a Paulina Chiziane.
Beijos,
Mayra


 
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