Maputo (Canal de Moçambique) – Enaltecendo o papel da mulher na sociedade moçambicana no âmbito das celebrações do dia da Mulher moçambicana, 7 de Abril, várias personalidades políticas e académicas comentaram em exclusivo ao «Canal de Moçambique» sobre a cada vez mais crescente nomeação de mulheres para cargos políticos e administrativos em Moçambique e, em síntese todos recomendaram que o critério a usar para a nomeação não deve cingir-se apenas ao equilíbrio do género, mas antes deve-se olhar para a competência das próprias mulheres nomeadas para que o país não caia na regressão. Mas quem foi mais longe, sem dúvida, foi o Secretário Geral da Frelimo, Filipe Paúnde que disse sonhar com "uma presidente para Moçambique". Apela contudo para que haja calma até que isso se concretize. Moçambique é um dos países do mundo com mais mulheres a exercerem cargos políticos no governo, no parlamento e na direcção de instituições públicas e, está em primeiro lugar na região austral da Africa como o país com mais mulheres no parlamento. Este cenário foi enaltecido nas celebrações do dia da mulher moçambicana, que ontem se assinalou em mais um feriado nacional em homenagem a Josina Machel e à Organização da Mulher Moçambicana, uma organização do partido Frelimo, pelo Presidente da República e outras personalidades. Perante esta situação a questão que se coloca é a competência das mulheres nomeadas para esses cargos. Por significativo número de cidadãos a questão de haver tantas mulheres é polémica. Alegam que "muitas mulheres que ocupam tais cargos estão nomeadas para garantir o equilíbrio do género". E como a questão é controversa levámo-la à consideração de várias personalidades. O antigo PR, Joaquim Chissano reconheceu que no seu governo havia menos mulheres do que no executivo actual, e disse que "a nomea챌찾o de muitas mulheres para cargos públicos é o cumprimento criterioso das recomenda챌천es do governo da Frelimo" que segundo ele come챌ou com a participa챌찾o das mulheres na luta de Liberta챌찾o Nacional (1964-1974). Chissano diz acreditar na compet챗ncia das mulheres que exercem cargos públicos e de poder no País, mas recomenda que "se d챗 mais tempo" a elas para mostrarem trabalho. Recomenda ainda que "a nomea챌찾o n찾o se baseie apenas no equilíbrio do género, mas sim na capacidade das mulheres nomeadas". Esta ideia foi comungada ainda pelo ministro da Saúde, Ivo Garrido, que entretanto afirma que "a posi챌찾o da mulher na sociedade mo챌ambicana deve ser refor챌ada, principalmente a da mulher rural". Outra entrevistada que diz esperar ver uma mulher na presidência de Moçambique é Dália Fonseca, estudante finalista de Relações Internacionais e Diplomacia no ISRI. Ela diz acreditar na capacidade da mulher moçambicana e, à semelhança do que disse Paúnde também "sonha com uma mulher na «Ponta Vermelha»". O reitor do ISRI, Patrício José, disse que "n찾o podemos assumir necessariamente que a mulher que está no poder está lá para garantir o equilíbrio do género". Muito reticente, o reitor do ISRI afirmou: "n찾o tenho fundamentos para afirmar que a nomea챌찾o de mulheres para cargos políticos e de administra챌찾o pública no país surge apenas para equilibrar o género". Patrício José no entanto reconheceu ser de considerar a preocupa챌찾o dos que isso sustentam. (Borges Nhamirre)
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