Os ladrões escolhem a noite para assaltar ourivesarias, farmácias, cafés, bombas de gasolina e furtar caixas de multibanco. Mas é de dia que roubam telemóveis e residências, revelam estatísticas da GNR
De acordo com os dados mais recentes, de 2007, facultados pela GNR, a maioria dos assaltos à mão armada (60,23 por cento) ocorre durante a noite, sendo que 36,76 por cento entre as 18h00 e as 24h00 e 23,47 por cento entre as 00h00 e as 6h00.
Os restantes 39,81 por cento sucedem das 6h00 às 18h00.
Nos assaltos à mão armada incluem-se os realizados a estabelecimentos, dos quais quase metade (42,59 por cento) em ourivesarias (23,23 por cento), farmácias (12,67 por cento) e cafés ou restaurantes (6,69 por cento).
Roubos de viaturas com violência na presença do condutor (carjacking), assaltos a bombas de gasolina, furtos em estabelecimentos (ourivesarias e cafés ou restaurantes) e de caixas de multibanco também acontecem mais à noite, segundo as estatísticas da GNR.
Para os ladr천es, a noite representa, nestes crimes, um factor de menor risco e maior probabilidade de sucesso, já que, nalguns casos, o período coincide com o fecho dos estabelecimentos ou menor movimento de pessoas e com «seguran챌a mais fragilizada», referiu o chefe de Investiga챌찾o Criminal da Guarda Nacional Republicana, tenente-coronel Albano Pereira.
Comparativamente com 2006, o carjacking", o furto de caixas de multibanco e os assaltos a ourivesarias aumentaram em 2007. Em contrapartida, os assaltos a cafés ou restaurantes, farmácias e bombas de gasolina diminuíram em igual período.
No caso do carjacking, dos assaltos a ourivesarias e dos furtos de caixas de multibanco, são causados por grupos «tendencialmente mais jovens do que há uns anos, com um tipo de organização mais defensiva em relação à polícia», precisou Albano Pereira.
«Perante o tendencial 챗xito, t챗m mais confian챌a e desenvolvem a actividade criminal», acrescentou.
Por oposi챌찾o, e enquadrados no mesmo agrupamento de crimes, os roubos por estic찾o, na via pública, em resid챗ncias e de telemóveis e os assaltos a veículos de transporte de valores e de tabaco ocorrem de dia.
Para fazer um retrato tanto quanto possível alargado da criminalidade associada à noite, em contraponto com a de dia, a Lusa procurou, sem sucesso, obter dados de outras forças policiais e entidades.
A Polícia Judiciária (PJ) n찾o deu resposta ao pedido de informa챌찾o e a PSP alegou que n찾o dispunha de dados.
O Ministério da Justi챌a, que tutela a PJ, remeteu o assunto para o Ministério da Administra챌찾o Interna, que o encaminhou, por sua vez, para a PSP.
Mesmo a GNR n찾o forneceu dados absolutos e comparativos, invocando que o Relatório de Seguran챌a Interna de 2007 ainda n찾o foi divulgado pela tutela na Assembleia da República.
Porto, Lisboa e Aveiro foram, em 2007, os distritos onde ocorreram mais assaltos com armas em ourivesarias, farmácias e cafés ou restaurantes, quase sempre cometidos por uma a tr챗s pessoas.
No caso das farmácias, o assalto é efectuado por uma pessoa, que «passa por cliente que quer aviar uma receita», explicou o tenente-coronel Albano Pereira.
Segundo a GNR, cerca de dois ter챌os dos crimes de carjacking acontecem entre as 21h00 e as 07h00, embora a Guarda, «nos seus estudos, tenha identificado uma delimita챌찾o horária substancialmente mais restrita para a qual dirige as suas ac챌천es de preven챌찾o», adiantou o chefe de Investiga챌찾o Criminal.
A maioria das viaturas roubadas com viol챗ncia na presen챌a do condutor, de marcas de topo, s찾o usadas em furtos de estabelecimentos, como ourivesarias, e caixas de multibanco ou vendidas no estrangeiro em circuitos de tráfico e falsifica챌찾o de veículos.
Como «uma casa está cheia de labirintos», é de dia, quando há mais visibilidade, que os ladr천es roubam no interior de habita챌천es, de acordo com Albano Pereira.
É também durante o dia que se sucedem os furtos de telemóveis, sobretudo no meio escolar, e os assaltos a veículos de transporte de valores e tabaco, coincidindo, nestes últimos dois crimes, com o período normal da prestação de serviço.
Lusa / SOL