Chimoio (Canal de Moçambique) - A fronteira de Machipanda, na província de Manica, tem ultimamente estampada e à vista desarmada a crise aguda que atingiu o Zimbabwe. Vêem-se zimbabweanos acotovelando-se à procura de viveres. Uma enorme bicha de camiões carregando alimentos, combustível e outros produtos que escasseiam naquele pais vizinho, alinham-se numa longa recta que termina no posto fronteiriço, principal passagem terrestre entre Moçambique e Zimbabwe. “Há um êxodo de cada vez mais zimbabweanos a entrarem em Moçambique”, confirma um agente da autoridade de Migração moçambicana na Machipanda. Manica virou o ponto de refúgio para os que se aliviam do naufrágio do Zimbabwe. Atravessam a fronteira para comprar o que já não encontram nas prateleiras vazias das lojas do país vizinho. São milhares os zimbabweanos que por estes dias abandonam temporariamente o pais rumando a Moçambique, alguns legalmente, aproveitando a recente supressão de vistos entre os dois países. Outros nem por isso… Segundo o inspector de Migra챌찾o na fronteira de Machipanda, Boste Marizane, houve tend챗ncia de aumento de zimbabweanos a atravessarem a fronteira para Mo챌ambique após as elei챌천es do passado dia 29 de Mar챌o. Quando comparado com dias anteriores há mais gente que entra em território mo챌ambicano e n찾o sai. Se sai n찾o sai por ali, n찾o sai por onde entra. A titulo de ilustrativo, o serviço de Migração no posto fronteiriço de Machipanda registou nos dias 27 e 28 de Março a entrarem em Moçambique de 201 Zimbabweanos. No próprio dia das eleições (29 de Março) 215 zimbabweanos atravessarem a fronteira para o nosso país. Nestas datas 307 zimbabweanos regressaram à proveniência. De acordo com a mesma fonte, o cenário viria a mudar no dia 30 de Março. A migração registou a entrada de pelo menos 348 zimbabweanos. Apenas 40 regressaram à proveniência. “Não posso admitir categoricamente que todos que entraram para Moçambique nessa data não regressam à proveniência. Podem ter usado um outro posto fronteiriço, visto que a província tem outros postos fronteiriços”, disse Marizane. Entretanto estima-se que 5.500 zimbabweanos atravessaram a fronteira desde as eleições de Zimbabwe no passado dia 29 de Março, mas as autoridades governamentais em Manica dizem que estes cidadãos não vêm à procura de asilo em Moçambique. “Ha muita velocidade de entrada de zimbabweanos, e nós estamos a acompanhar o evoluir da situação. Não se está a dar asilo, pois o Zimbabwe não está em guerra. Mas admitimos que muitos estão a entrar ligados a trocas comerciais, uma vez termos um acordo neste sentido”, disse-nos o porta voz da Policia em Manica, Pedro Manuel Jemusse. Dados oficiais indicam que pelo menos 180 cidad찾os de nacionalidade zimbabweana encontram-se a residir legalmente na província de Manica. Legalmente, note-se. Mas o número real de zimbabweanos que vivem em Manica pode ascender aos sete mil. A fonte referiu, no entanto, que os 180 cidad찾os zimabaweanos que residirem legalmente em Manica, est찾o envolvidos em actividades comerciais e na agricultura. (José Jeco, Chimoio, 15/04/07)
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