Beira (Canal de Mo챌ambique) - Os passos que se d찾o na implementa챌찾o de uma vis찾o de desenvolvimento para este Mo챌ambique chocam com abordagens estreitas, centradas na sobrevaloriza챌찾o dos interesses do indivíduo e de seu grupo restrito. Esta maneira de ver e abordar as coisas e assuntos e sobretudo de for챌ar todos os mo챌ambicanos a aceitar esse ponto de vista e de actua챌찾o e de crucial import창ncia no que respeita a resultados que se alcan챌am, De algum tempo a esta parte, abundam discursos optimistas quanto ao que o executivo esta realizando para promover o desenvolvimento nacional. Longe de nos querermos enveredar pela via totalmente negativista de considerar que o governo n찾o esta a fazer nada. Mas também muito longe de nos alinharmos pelo que nos dizem dignatários internacionais e nacionais sobre o desempenho do governo. Estamos bem lembrados dos elogios que choviam aquando da destrui챌찾o da indústria de caju aconselhada e imposta pelo Banco Mundial há alguns anos. N찾o estamos esquecidos de que os elogios s찾o em parte auto-justifica챌천es para aplicadors de fundos e projectos que se fizeram neste pais. E preciso estar extremamente atento quando se fala de que esta tudo muito bem e de as autoridades est찾o fazendo tudo as mil maravilhas porque este discurso esconde realidades muitas vezes incomodas. A verdade manda dizer que as aplica챌천es de fundos em mega-projectos e outras realiza챌천es infraestruturais n찾o t챗m sido sinónimo de um progresso ou maior qualidade de vida para os milh천es de mo챌ambicanos. A exist챗ncia de estradas n찾o significa automaticamente maior acesso aos mercados para os agricultores mo챌ambicanos. Também a exist챗ncia de melhores infra-estruturas de outra natureza n찾o tem como sinonimo imediato a melhoria da vida dos mo챌ambicanos. Quando muito com as aplica챌천es feitas e com o sistema corrupto de comiss천es ficou a ganhar algum ou muito dinheiro algum governante bem colocado e as empresas executoras dos projectos. Talvez isso signifique a implementa챌찾o da estratégia de empoderamento negro. Mas o enriquecimento de uma minoria ou a constru챌찾o de sumptuosas habita챌천es em alguns pontos do país n찾o tem nada a haver com desenvolvimento. A exist챗ncia ou constru챌찾o de hotéis de cinco ou mais estrelas também n찾o e desenvolvimentos dos mo챌ambicanos. Desenvolvimento significa melhor qualidade de vida, maior acesso, auto-sufici챗ncia, informa챌찾o, saúde, educa챌찾o de qualidade. O resto é história para fazer crescer as estatísticas mas que no fundo n찾o tem significado algum para a economia real da maioria dos mo챌ambicanos. Com o apoio de parceiros unilaterais e multilaterais t챗m sido ensaiados diversos programas para mudar a face deste pais. De pais empobrecido mas prenhe de recursos naturais subaproveitados para um pais din창mico, com economia vibrante e uma popula챌찾o satisfeita nas suas necessidades básicas. Só que paradoxalmente a elite politico-financeira olha para a parte como se fosse o todo, olha para o seu umbigo como se fosse o país e o povo mo챌ambicano. Esta maneira de ver as coisas reduz as possibilidades reais e concretas que existem de mudar o panorama nacional. Sejamos francos e honestos para connosco próprios, tenhamos a coragem de reconhecer que a pobreza em Mo챌ambique e algo induzido por décadas de implementa챌찾o de politicas económicas que negligenciam o acesso da maioria as possibilidades e ao potencial económico existente. Quando a iniciativa das realiza챌천es económicas e implementa챌찾o de qualquer programa que vise produzir lucros e quase sempre for챌osamente restringida ao mesmo círculo de pessoas, deixa de haver novidade na arena económica. Tudo e previsível, os vencedores dos concursos s찾o previamente conhecidos, os créditos bancários para a economia s찾o dirigidos para as mesmas pessoas, as «joint-ventures» com significado e apetecíveis s찾o celebradas pelos mesmos parceiros. Fica claro como agua cristalina que isto e exclus찾o de parte significativa da popula챌찾o mo챌ambicana do que seriam ganhos legítimos e esperados numa situa챌찾o de desenvolvimento equilibrado fundado nos preceitos da Boa Governa챌찾o, transpar챗ncia, toler창ncia e amor a pátria. Independentemente do vigor ou pujan챌a discursiva, a despeito das manifesta챌천es protocolares envolvidas ou produzidas pelo aparato governamental quando se pretende apresentar realiza챌천es referentes ao seu desempenho, a realidade desmente todo e qualquer palavreado ou pompas. Mo챌ambique esta conhecendo um desenvolvimento irregular, diferenciado, assimétrico e muitas vezes circunscrito a cidade capital e arredores. Todos os recursos gerados pelo país s찾o sem escrúpulos usados para sustentar o top+o da burocracia governamental. Alimentar uma teia de interesses empresariais privados e suportar despesas com projectos de impacto reduzido no que se refere a redu챌찾o dos níveis de pobreza da popula챌찾o. Aventar hipótese de desenvolvimento, querer desenvolvimento, falar dele só uma coisa mas fazer isso acontecer e outra coisa bem diferente. N찾o estamos contra a elite nacional mas contra o seu péssimo desempenho quando é hora de servir de guia e catalizador do desenvolvimento nacional Enquanto as contrapartidas do que o pais possui continuarem no segredo dos deuses e enquanto que o acesso ao que e publico for limitado por uma maquina governamental que as vezes com o beneplácito do Parlamento age mais como uma organiza챌찾o mafiosa, os mo챌ambicanos continuar찾o privados de aceder ao que por direito e natureza lhes pertence. Como se compreende que depois de mais de trinta anos o dossier de identifica챌찾o e atribui챌찾o de pens천es e outras regalias aos antigos combatentes n찾o tenha terminado? De quer desenvolvimento se fala quando os fazedores da pátria est찾o na penúria na sua maioria mergulhados na miséria analfabetismo e sem alternativas de acesso a um sistema de saúde? Fome crónica, doenças em espiral, educação de qualidade sofrível, industria média paralisada e moribunda, não são nossas invenções. É a realidade que também importa incluir nos relatórios. Deixemos que os BM/FMI, BAD e outros falem... A realidade é bem diversa como todos e mesmo eles sabem. (Noé Nhantumbo)
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