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General: MAFALDISSES E CRÓNICAS SOBRE RODAS
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De: sao_percheiro25  (Mensaje original) Enviado: 25/05/2008 23:13
Maravilhoso mundo de Mafalda Ribeiro transposto para livro
Segunda-Feira, 19 de Maio de 2008

O maravilhoso mundo de Mafalda Ribeiro transposto para livroVasco Lopes

Quem é, afinal, Mafalda Ribeiro? Para começar, talvez seja melhor socorrermo-nos de palavras escritas pela própria: “Sou portadora de uma doença rara chamada Osteógenese Imperfeita, que faz com que tenha a portabilidade de um bebé e o tamanho/peso de uma criança em idade pré-escolar. Mas sou uma mulher adulta com uma actividade profissional que desde tenra idade me habituou a sair à noite e a não ter qualquer pudor em expor a minha suposta diferença em locais públicos. Ao contrário do que muitos podiam pensar, a minha condição física nunca fez de mim uma menina tímida e recatada. Não sou caseira, assumo. Calada, envergonhada e discreta são adjectivos que não me servem”.
“A minha raridade provoca principalmente fragilidade óssea, o que me obriga a ter cuidado com o meu corpo para não o partir constantemente, como se de um cristal frágil se tratasse”, escreve também Mafalda Ribeiro, que nos relata como é viver, todos os dias, com a sua «companheira inseparável»: “Quando se está numa cadeira de rodas não é o fim do mundo, mas pode ser o início de uma nova visão do mundo. Uma visão mais pormenorizada, consciente, reflexiva, observadora e cuidada do que podemos ou não fazer com o objecto que passa a ser as nossas pernas”.

UM DESAFIO CHAMADO NM
Estes três fragmentos (retirados de outros tantos textos) fazem parte de um conjunto de crónicas publicadas por Mafalda Ribeiro, uma jovem de 25 anos muito especial, que trabalha como assessora de imprensa da Valorsul. Há cerca de um ano, uma antiga colega da Escola Superior de Comunicação Social, Sandra Cardoso (que, na época, era a coordenadora de edição do NM), lançou um repto à sua amiga Mafalda: escrever, todas as semanas, uma crónica na última página do Notícias da Manhã.
Como o «bichinho» do jornalismo nunca abandonou totalmente Mafalda (e dado que a crónica acaba por estar a meio caminho entre o jornalismo e a literatura), o desafio foi aceite e, todas as semanas, metade da última página de sexta-feira do NM fica a cargo desta jovem lutadora.
Um dia, chega ao NM um e-mail onde Mafalda Ribeiro lan챌ava a todos um desafio: publicar todas as crónicas em formato de livro. De imediato, a Papiro Editora aceitou o desafio, que acabou por se materializar no livro «Mafaldisses - crónicas sobre rodas...», que reúne 53 crónicas publicadas ao longo de um ano e uma semana, com prefácio da apresentadora televisiva Fernanda Freitas e posfácio da jornalista Sandra Cardoso.

MUITAS ESTÓRIAS
Em pouco menos de 140 páginas, Mafalda Ribeiro fala-nos de si, da sua «conviv챗ncia» com uma doen챌a rara, dos obstáculos que enfrenta no dia-a-dia, mas também das suas muitas conquistas pessoais. Com um estilo muitas vezes mordaz, mostra-nos o nosso mundo a partir de um 창ngulo completamente diferente, transformando episódios factuais (muitas vezes, absolutamente caricatos) em pe챌as de uma literatura rica de conteúdos, mas, ao mesmo tempo, incrivelmente fácil de ler.
Por outro lado, «Mafaldisses» é igualmente um livro pedagógico, que nos ensina a lidar com a diferença e jamais virarmos as costas às adversidades com que deparamos. Revela-nos também, infelizmente, uma das maiores lacunas do nosso País: a deficiente acessibilidade para todos aqueles que estão confinados a uma cadeira de rodas, mas que nem por isso querem deixar de fazer uma vida normal - e Mafalda relata-nos bastantes episódios destes passados em espaços nocturnos, museus, cafés, restaurantes ou simples parques de estacionamento (como a crónica «A Placa Azul»).
Porém, há um texto que pode exemplificar muito do que é este livro, nas suas múltiplas texturas que, ao mesmo tempo, nos d찾o vontade de rir e chorar: «O Elevador».
Casa cheia na Byblos
A apresentação de «Mafaldisses - crónicas sobre rodas...» teve lugar na última quinta-feira à noite na Livraria Byblos, em Lisboa. O auditório da Byblos foi demasiado pequeno para mais de uma centena e meia de pessoas que assistiram esta apresentação, numa sala onde marcaram presença muitas figuras públicas - algumas das quais, relataram aos presentes como é conviver, no dia-a-dia, com Mafalda Ribeiro. «Especial», «comunicativa» e «grande» (se não em tamanho, pelo menos em alma) foram os adjectivos mais usados para descrever a jovem de 25 anos, que, sentada na sua inseparável cadeira de rodas, não se cansava de mostrar um sorriso bem rasgado. Quando chegou a hora de falar, Mafalda teceu mil e um elogios a mil e uma pessoas, com especial destaque para os pais, a quem a autora dedica alguns textos. Um detalhe curioso revelado pela própria: tal como a imortal Mafalda de Quino, também esta Mafalda detesta sopa! De todas as pequenas estórias contadas naquela sala, destaque para um episódio vivido entre Mafalda e o apresentador Jorge Gabriel, que, de resto, foi o «anfitrião» da noite. Certa vez, estavam ambos ao telefone e Jorge Gabriel apercebe-se que a mãe de Mafalda ralhava com esta ao longe, lembrando-a que saíra à noite e descurara os seus estudos; ao aperceber-se deste «ralhete», o popular apresentador passa um enorme raspanete à amiga. “A dada altura, dei comigo a chorar”, contou. “Mas foi naquele momento que me apercebi que a tinha tratado como uma pessoa normal. E ela é uma pessoa normal”, acrescentou.

S찾o estes exemplos de vida, que eu procuro deixar áqueles amigos mais descrentes, e a quem fa챌o eu,S찾o Percheiro, outra cadeira sobre rodas, que aproveitem todos os momentos bons da vida, n찾o deixem que nada possa tirar o colorido que a vida vos deu, ao vos tornar "pessoas completas fisicamente"!

Mas para isso se agarrem a algo, n찾o deixem que a mente fique parada, lutem, encontrem um ideal, trabalhem nele porque vale a pena acreditem,

Um beijo bem carinhoso de muitas Mafaldas, e algumas...

S찾o Percheiro



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