Cimeira/FAO: Agências da ONU anunciam programa para uma "revolução verde" em África
04 de Junho de 2008, 17:25
Roma, 04 Jun (Lusa) - Três agências das Nações Unidas anunciaram hoje um programa para lançar uma "revolução verde" em África com o objectivo de apoiar os pequenos agricultores daquele continente, que assim poderiam enfrentar melhor a crise alimentar.
"É um acordo sem precedentes que abrirá uma nova era em África", afirmou o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, responsável pela Aliança por uma Revolação Verde em África (AGRA), uma organização não governamental (ONG) internacional que apoia os pequenos produtores africanos.
Esta "revolu챌찾o verde" pretende aumentar a produ챌찾o agrícola, mas respeitando o ambiente, e traduzir-se-á em ajudas directas exclusivamente a pequenos agricultores para "relan챌ar assim todo o sistema económico do continente" africano, disse Annan.
A AGRA e tr챗s ag챗ncias da ONU - o Programa Alimentar Mundial (PAM), a Organiza챌찾o para a Alimenta챌찾o e a Agricultura (FAO) e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA) - assinaram hoje o acordo para lan챌ar esta "revolu챌찾o verde" durante a cimeira sobre alimenta챌찾o organizada pela FAO que decorre em Roma até quinta-feira.
As agências da ONU e a AGRA (que é financiada pelas Fundações Rockefeller e Bill & Melinda Gates) fornecerão aos agricultores africanos novas variedades de sementes e plantas adaptadas e permitir-lhes-ão um melhor acesso às rações para animais e aos métodos de "luta contra as pragas e animais destruidores sem prejudicar o ambiente". As estradas e os meios de comunicação serão também objecto de intervenções de "melhoria", segundo um comunicado conjunto das organizações.
"A nossa meta é aumentar a produção agrícola [africana] em 6 por cento ao ano", disse Annan, sublinhando que o objectivo é "reduzir a ajuda alimentar a África".
A produção alimentar por habitante diminuiu em África ao longo dos últimos trinta anos e a produtividade das explorações africanas representa apenas um quarto da produtividade média mundial.
Mais de 200 milhões de pessoas sofrem de fome crónica em África e cerca de 33 milhões de crianças com menos de cinco anos estão sub-alimentadas, segundo dados das agências da ONU.
O secretário-geral das Na챌천es Unidas, Ban Ki-Moon, estimou hoje que sejam necessários entre 15 a 20 mil milh천es de dólares anuais para resolver a crise alimentar mundial, considerando que a Humanidade n찾o pode fracassar na luta contra a fome.
Ban Ki-Moon defendeu, por outro lado, que é preciso atacar as causas do problema da fome no mundo, considerando que é necessário que o sistema de comércio internacional funcione de forma eficaz, colocando mais alimentos a pre챌os razoáveis no mercado.
A crise alimentar que afecta dezenas de países mais pobres é o tema da reuni찾o extraordinária da FAO que decorre em Roma até quinta-feira.
Durante o encontro, o Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou que vai desbloquear 1,2 mil milh천es de dólares adicionais para ajudar na luta contra a crise alimentar.
Também presente na cimeira, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, apelou ao levantamento das restrições comerciais às exportações, sustentando que encorajam a subida dos preços e atingem os mais pobres.
O director-geral da FAO, Jacques Diouf, anunciou ainda que o Banco Isl창mico de Desenvolvimento (BID) irá atribuir 1,5 mil milh천es de dolares aos programas de desenvolvimento e de ajuda alimentar aos países mais pobres.
MP.