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Texto adaptado de uma história de Portia Nelson: |
Eu caminho pela rua. Existe um buraco na cal챌ada. Estou distraído, pensando em mim, e caio lá dentro. Me sinto perdido, infeliz, incapaz de pedir ajuda. N찾o foi minha culpa, mas de quem cavou aquele buraco ali. Eu me revolto, fico desesperado, sou uma vítima da irresponsabilidade dos outros e passo muito tempo lá dentro.
Eu caminho pela rua. Existe um buraco na cal챌ada. Finjo que n찾o vejo, aquilo n찾o é meu problema. Eu caio de novo lá dentro. N찾o posso acreditar que isso aconteceu mais uma vez. Devia ter aprendido a li챌찾o e mandado alguém fechar o buraco. Demoro muito tempo para sair dali.
Eu caminho pela rua. Existe um buraco na cal챌ada. Eu o vejo. Eu sei que ele está ali, porque já caí duas vezes. Entretanto, sou uma pessoa acostumada a fazer sempre o mesmo trajeto. Por esse motivo, caio uma terceira vez: é o hábito.
Eu caminho pela rua. Existe um buraco na cal챌ada. Eu dou a volta em torno dele. Logo depois de passar, escuto alguém gritando - deve ter caído naquele buraco. A rua fica interditada, e eu n찾o posso seguir adiante.
Eu caminho pela rua. Existe um buraco na cal챌ada. Eu coloco tábuas em cima. Posso seguir meu caminho e ninguém mais tornará a cair ali.
Paulo Coelho
Beijinho,
Mayra