OFICIAIS seniores dos países da região estiveram reunidos ontem em Maputo, à busca de um acordo de partilha da bacia do Zambeze, tendo em vista uma melhor gestão daquele importante recurso hídrico para o desenvolvimento. Um entendimento de partilha daquele recurso já deveria ter sido assinado no ano passado, mas as partes não chegaram a entendimento sobre questões cruciais, nomeadamente sobre a satisfação de interesses particulares dos países.Maputo, Sábado, 26 de Julho de 2008:: Notícias
De acordo com o director nacional de Ãguas, Julião Alferes, países como o Zimbabwe e a Zâmbia têm dificuldades para avançar para a assinatura de protocolos regionais de partilha do Zambeze, porque não concluíram ainda as estratégias e planos nacionais de gestão de recursos hídricos e não podem, assim, ratificar sem ter a certeza de que os seus interesses estão bem defendidos.
“Nós respeitamos este posicionamento, mas renovamos o apelo para que possamos caminhar juntos neste processo. Há países que estão melhor preparados do que outros. Já temos a estratégia de recursos hídricos, temos ideia das quantidades e necessidades futuras”, disse.
Segundo a nossa fonte, já existe um protocolo assinado pelos países que partilham a bacia para a cria챌찾o da Comiss찾o da Bacia do Zambeze (ZAMCOM), que teria como miss찾o zelar pelos interesses dos países na explora챌찾o, uso e planeamento dos recursos daquele recurso hídrico.
As discussões sobre o assunto já se arrastam há algum tempo e inicialmente alguns apareciam a dizer que a água é “gerada” nos seus países e, por isso, têm direito a maior quantidade, enquanto que outros reclamavam a necessidade de troca de dados sobre mitigação de cheias e secas, da disponibilidade de água para irrigação, produção de energia, etc. A assinatura de um acordo neste âmbito, segundo a nossa fonte, é a forma mais adequada para a melhor utilização dos recursos.
No encontro de ontem as partes assumiram o compromisso de avançar rapidamente para a operacionalização da ZAMCOM. “Estes processos levam algum tempo. No nosso caso particular, temos grandes interesses. Estamos a jusante, pretendemos um desenvolvimento rápido da bacia do Zambeze quer na agricultura, quer na produção de energia, infra-estruturas que não podem ser construídas sem atender à situação do uso de recursos, para além de sofremos frequentes cheias”, disse Julião Alferes.
Por seu turno, o Vice-Ministro das Obras Públicas e Habita챌찾o, Gabriel Muthisse, afirmou na abertura do encontro que a conclus찾o do plano e da estratégia de gest찾o dos recursos hídricos do Zambeze é testemunho do empenho dos países-membros no aprofundamento da coopera챌찾o neste domínio.
Muthisse apelou para a ratificação do acordo, o que permitiria a instalação do Secretariado Permanente da ZAMCOM como um veículo fundamental no processo de mobilização de fundos para os objectivos de desenvolvimento da região.