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notcias: OLÍMPICOS 1948
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De: misabelantunes1  (Mensaje original) Enviado: 08/08/2008 13:29
Olímpicos 1948
Há 60 anos os atletas portugueses eram distintíssimos
2008-08-05 12:44:00 Luís Octávio Costa



Há 60 anos, reinava Peyroteu e mais quatro violinos, a selecção de hóquei em patins dedicava a vitória no Campeonato do Mundo a Salazar e à sua "querida pátria", Baptista Pereira atravessava o Tejo em 34 minutos e 48 segundos e estimativas mostravam que praticavam desporto em Portugal cerca de 2800 mulheres (primeiro o voleibol, com pouco mais de 300 praticantes, depois a patinagem, a natação, o ténis, o golfe, o campismo e o esqui).

Olimpicamente falando, Portugal levou 47 atletas aos Jogos e trouxe duas medalhas de Londres. No regresso, a imprensa n찾o poupava os superlativos absolutos. Brilhantíssimos! Digníssimos! Distintíssimos!

"Fernando e Duarte Bello alcan챌aram o melhor resultado do desporto portugu챗s de todos os tempos, classificando-se em 2º lugar nas regatas de swallow tripulando um barco emprestado de uma classe que n찾o conheciam!" O título a vermelho do jornal A Bola, edi챌찾o de 1948, resume o que se passou na baía de Torquay, a cerca de 300 quilómetros de Londres - a viagem arrastava-se durante cinco horas num comboio com paragem em todas as esta챌천es e apeadeiros -, cidade anfitri찾 dos primeiros Jogos Olímpicos depois da Segunda Guerra Mundial.

A equipa portuguesa de vela, pode ler-se na compilação Vela Olímpica Portuguesa - 75 Anos, "reclamou da pouca assistência que lhe foi dada à chegada, do desembarque dos barcos que vieram de Lisboa no cargueiro Crosbian e do reforço das verbas a que julgava ter direito". "O Estado dá sempre pouco", comentava Nobre Guedes, então secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal (COP), organismo que, a meio do campeonato, suspendeu o velejador Henrique Sallaty por este ter escrito uma crónica para A Bola sobre a falta de apoio do COP.

Nuno Morais, corredor dos 200 metros, queixava-se da mudan챌a do clima e da alimenta챌찾o. Luís Alcides e José Vieira, atletas do triplo salto, lamentavam a falta de um massagista.

Entretanto, a bordo do Simphony, Duarte Bello (leme) e Fernando Bello (proa), "para o grande público ilustres desconhecidos por via inteiramente da escassa popularidade de que a vela desfruta como modalidade desportiva" (Mundo Desportivo, 1948), faziam das tripas cora챌찾o. "N찾o conhecíamos o barco a n찾o ser de fotografias. Foi maior a estranheza do barco do que das correntes e ventos de Torquay que nada tinham de especial", disse ent찾o Duarte Bello, que venceu a primeira regata (alcan챌ou mais dois primeiros lugares, dois quartos e dois quintos).

A 14 segundos do título
"N찾o fomos campe천es olímpicos por uma unha negra. Perdemos o título olímpico por 14 segundos", acrescentou. Por causa desse segundo lugar - e de uma série de outros segundos lugares - há quem lhe atribua a frase "o segundo é o primeiro dos últimos". Duarte Bello filho confirma ao P2 o "complexo". "N찾o se contentava com o segundo lugar. A vela é um desporto de riscos e ele gostava de arriscar como se estivesse no casino."

O medalhado Duarte Bello nasceu em Louren챌o Marques, Mo챌ambique, em 1921. Chegou a Lisboa com sete anos numa altura em que o pai n찾o o deixava embarcar no Marylin, o veleiro da família. Entrou tarde na organiza챌찾o Mocidade Portuguesa, criada no Governo de Salazar - "Era uma escola de vela excepcional: bons instrutores, bons barcos e mentalidade vencedora, mas nunca andei lá a marchar", disse ao P2 Mário Quina, medalha olímpica de prata em Roma, 1960 -, que só o aceitou porque já sabia andar de barco. Coleccionou campeonatos da classe Lusito, o grande barco escola da época, treinou-se num Sharpie e recebeu o seu primeiro Star em 1940 (foi proprietário de seis, todos com o nome Faneca, tendo conquistado seis medalhas de prata nos Campeonatos da Europa e tendo participado em cinco edi챌천es dos Jogos Olímpicos).

"Via mal ao longe, tinha os óculos sempre molhados e sujos de sal, o que dificultava a detec챌찾o das bóias", conta ao P2 o primo Fernando Lima Bello.

Duarte foi engenheiro civil e aplicou os seus conhecimentos numa série de inova챌천es nos barcos - é dele a patente das Bello Bailer, hoje corriqueiras boeiras de escoamento de água, assim como da calha circular boom vang. Coleccionava amigos, era poliglota, gostava de escrever cartas pela manh찾 e acreditava que dormir era uma perda de tempo.

Duarte acabou por ser operado às cataratas e velejou com dificuldades de visão até aos 70 anos. Em 1993, um ano antes de morrer, deu uma entrevista ao semanário Independente. "Aos oito anos de idade não havia no mundo nada que me fascinasse mais do que um barco fora de água."

Os cavalos e os presidentes
Em Outubro de 1949, o general Franco, acompanhado pela mulher, Carmen Polo y Martínez Valdés, instalava-se em Portugal para a primeira e última visita oficial a um país estrangeiro. Antes de partir, resumiu a estadia a dois momentos: o doutoramento honoris causa pela Universidade de Coimbra e a reprise de Mafra, cart찾o de visita da equita챌찾o militar portuguesa, uma sequ챗ncia de figuras de escola executadas por um grupo de 12 oficiais que na altura frequentavam o curso de Mestres da Equita챌찾o. Essa exibi챌찾o foi conduzida por Fernando Paes, meses antes medalha de bronze (na disciplina ensino), em Londres, com o cavalo Patamás.

As cheias de Caxias em 1967 levaram uma grande parte das recorda챌천es físicas desse momento. Perderam-se fotografias (algumas publicadas na revista desportiva Stadium), recortes de jornais e cartas trocadas. A filha Maria do Pilar conta ao P2 o que a enxurrada n찾o arrastou e exibe com orgulho um punhado de fotografias sépia - Fernando Paes fardado e em pleno voo no salto de obstáculos. Maria do Pilar conta que Fernando, "muito alto, boa figura e ar distinto", era o mais velho de seis irm찾os e que optou por estudar no colégio militar porque era a forma mais barata de aprender a montar.

Um recorte do Diário de Notícias que sobreviveu às cheias falava assim do sobrinho do Presidente Sidónio Pais: "Um militar brioso dotado de raras qualidades de integridade de carácter, de dignidade e de coragem moral, tão intransigente no cumprimento dos seus deveres militares, como na humanidade e elegância moral no trato com os mais humildes e com os seus amigos."

Em família, recorda-se aquela tarde em que o filho do Presidente Craveiro Lopes desrespeitou uma ordem de servi챌o de Fernando Paes - que obrigava os cavaleiros a conservar o boné da farda até ao final da prova - e acabou expulso da cerimónia onde o pai era convidado de honra. "Esse episódio terminou com um processo do Ministério da Defesa. O seu sentido de justi챌a e frontalidade trouxe-lhe alguns dissabores, mas era uma pessoa de princípios", conta Maria do Pilar.

Em 1948, Fernando Paes encarregava-se de dar uma sequência olímpica à modalidade que em 1924, em Paris, tinha resultado na primeira medalha portuguesa de sempre nos Jogos Olímpicos (bronze conquistado por Aníbal Borges de Almeida em obstáculos).

Promovido a alferes em Novembro de 1927, foi chefe do gabinete do governador geral de Moçambique (entre 1933 e 1937) e da Índia (de 1940 a 1943), distinguindo-se pela posição que ocupou como cavaleiro. Em 1950, foi nomeado comandante do Grupo de Esquadrões da Escola Militar de Equitação, tendo acumulado uma série de distinções, louvores e condecorações (mereceu, por exemplo, a distinção Esporas de Ouro no curso dos Ecuyers-en-Chef de Cadre Noir de Saumur, uma das mais importantes distinções equestres mundiais).

Hoje, em Pequim sobram apenas superatletas.



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