Maputo (Canal de Moçambique) - A travessia para a Catembe está difícil. Há longas bichas. Durante certos períodos do dia tudo pára incluindo o ferry-boat pára de funcionar, devido às obras em curso. E quando os serviços marítimos param por causa das obras, não há transferência de doentes da Catembe para os hospitais de Maputo, não se realizam enterros por não haver transporte de urnas, e todo um conjunto de peripécias se passa por ali. É sem dúvida para que melhores dias aí venham, mas é certamente possível fazer melhor. Enquanto não houver quem olhe por quem sofre com o que ali está a acontecer, os catembenses são obrigados a mudarem de hábitos. Quem dá uma olhadela naquilo? A reabilita챌찾o das ponte-cais de acostagem do ferry-boat e a chegada de dois novos meios de transporte marítimo deste tipo, previsto para o próximo m챗s de Novembro, abre novos horizontes aos habitantes da Catembe, do outro lado da baía de Maputo, mas até que as prometidas melhorias aconte챌am n찾o há quem d챗 uma m찾o naquilo e as enormes dificuldades por que est찾o a passar os catembenses, seguramente que v찾o continuar. A reportagem do Canal de Mo챌ambique esteve no local onde se faz a travessia através do ferry-boat e de outras tr챗s pequenas embarca챌천es pertencentes a um privado tendo constatado que as obras de reabilita챌찾o das duas pontes de acostagem tanto do lado da cidade capital como da Catembe já come챌ara, o que dá boas perspectivas, mas ninguém se dá ao trabalho de evitar que as pessoas que n찾o t챗m outra alternativa continuem sujeitas ao que está a tornar as suas vidas um aut챗ntico martírio. As obras est찾o a cargo da construtora «Teixeira Duarte». O valor está estimado em 71.513.560,57 meticais. E a conclus찾o das obras, na melhor da hipóteses, só para Janeiro de 2009. Até lá, quem acode os catembenses?
Obras e seus transtornos
A travessia, devido à realização da obras tem criado embaraços terríveis a muita gente. Há longas bichas. Mesmo com as pequenas embarcações não há quem faça algo para que o trânsito não chegue a parar por completo. Quanto ao «ferry boat» compreende-se que em certas ocasiões tudo paralise por longas horas. Mas ninguém pensou que é necessário, durante esses períodos, providenciar-se mais pequenas embarcações. As que há não satisfazem a demanda e os doentes são as principais vítimas. “É doloroso porque temos que formar longas bichas”, disse-nos Jaime Cossa, residente na Catembe, quando interpelado (pelo repórter free-lancer autor desta peça) à saída do «ferry-boat». Jaime Cossa sabe que o funcionamento do ferry-boat é interrompido para permitir o bom curso das obras, todos os dias, por volta das 11 horas e retoma as suas actividades as 16 horas. Mas julga que os transtornos podiam ser, pelo menos alguns, evitados. “Isso cria problemas para os estudantes que frequentam as escolas da cidade de Maputo no período da tarde e também aos cidadãos que trabalham por turnos bem como ao funcionamento das ambulâncias que transportam os doentes para os hospitais localizados na cidade de cimento, nomeadamente o de José Macamo e Hospital Central de Maputo”, lembrou Cossa. Já Clemente Chivandze tem outra maneira de olhar para o que está a acontecer. Considera que “a reabilitação das pontes-cais, apesar de estar a acontecer tardiamente, é benéfica, dado o facto de que as pontes já não possuíam as barreiras metálica de protecção, o que tornava perigoso deslocar pessoas com crianças de Maputo para a Catembe e daqui para lá”. As barreiras caíram devido à oxidação provocada pela água do mar, lembra Chivandze. E conta que “os estudantes são os mais prejudicados pois quando o ferry-boat pára, eles não podem utilizar o seu passe escolar devendo nesse momento usar o dinheiro para pagar o bilhete nas pequenas embarcações que também não chegam”. “Há ainda outros problemas. No mesmo período em que o ferry-boat pára não são realizados os enterros pois não há como transportar as urnas”. Do lado da Catembe, a nossa reportagem falou com o proprietário do famoso restaurante Diogo. Ele também não deixa dúvidas a quem as tenha. “A situação é dramática devido à falta de embarcações”. Este cidadão de referência na Catembe considera ainda que “sem embarcações, na Catembe não há turismo”. Tem uma proposta concreta. Pede que se ponha a operar entre as duas margens embarcações que habitualmente fazem transportes para a Ilha da Inhaca. A ideia aqui fica para quem quiser deitar-lhe mãos para ajudar os cetembenses a passarem um pouco melhor enquanto o bem maior não chega. (Alexandre Luis)
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