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De: mariommarinho1  (Mensaje original) Enviado: 16/10/2008 18:05

Freitas era "devoto de Salazar", escreveu Marcelo


ANA SÁ LOPES
Leilão. No dia 25, no Hotel Fénix, é leiloado um lote de cartas que Marcelo Caetano, exilado no Brasil depois do 25 de Abril, escreveu a um destinatário chamado António e à sua mãe

Várias cartas do exílio de Caetano no Brasil v찾o a leil찾o

"Querido António", "caro António". Marcelo Caetano manteve durante vários anos uma correspond챗ncia regular com um jovem adulto, de direita, e com a sua m찾e. Com o filho, Caetano discorre sobre a política e a sua mágoa com o país, com os partidos de direita - omnipresente nas cartas é o "desgosto" com o seu antigo discípulo Freitas do Amaral, ent찾o líder do CDS, referido imensas vezes.

"O Diogo era devoto de Salazar, amigo do presidente Tomás, de quem um tio era ajudante, ao ponto de ir preparar os seus exames para o Palácio de Belém! A revolu챌찾o dos cravos foi sobretudo a derrocada do carácter dos portugueses. Que homem!" A carta em que Marcelo Caetano fala assim do seu antigo discípulo, Diogo Freitas do Amaral, é escrita a 13 de Abril de 1977, nove meses antes de o ent찾o presidente do CDS assinar o acordo com o PS de Mário Soares para o Governo.

O contexto é a expuls찾o de Galv찾o de Melo do CDS, que o ex-presidente do Conselho considera n찾o ser justificada. "N찾o sei o que pensas do CDS", escreve Caetano a António, "para mim tem sido um desapontamento, como para a maioria das pessoas minhas conhecidas que a princípio acreditaram nele. E as atitudes do meu antigo discípulo - assistente Diogo do Amaral - na política e em rela챌찾o a mim foram um dos maiores desgostos que neste período sofri." Continua Marcelo, invocando os "favores" de Salazar para com o pai de Freitas do Amaral: "O Galv찾o de Melo n찾o será muito boa pe챌a, mas o que ele disse n찾o justificava de modo nenhum a reac챌찾o do CDS, presidido por um filho de um antigo secretário de Salazar que este beneficiou largamente."

Dias mais tarde, a 28 de Abril de 1977, Marcelo escreve novamente a António e concede, relativamente ao CDS, que "na verdade, no desgra챌ado panorama da política portuguesa actual, n찾o há melhor".

"Quanto ao CDS, compreendo muito bem a tua posição (...). As minhas razões de desconsolo com o partido e de indignação com o presidente são pessoais. E infelizmente justificadíssimas. No ano passado estive muito mal de saúde com o desgosto que me deu o sr. Diogo do Amaral. Mas isso é coisa minha e vocês têm de se agarrar ao que houver de menos mau." Um mês depois, a 25 de Maio de 1977, em nova carta, o diagnóstico do ex-presidente do Conselho no exílio sobre a direita portuguesa será genericamente arrasador. "O que me impressiona no panorama político português actual é não ver ninguém com qualidades morais de liderança do País e sobretudo da chamada direita. Infelizmente conheço muito bem os Kaúlzas e os Adrianos Moreiras que tudo sacrificam à ambição do mando e tive um enorme desapontamento com o Diogo do Amaral. Do Galvão de Melo, simpatiquíssimo desmiolado que durante anos conheci fiel sustentáculo do salazarismo, nem se fala."

A 20 de Fevereiro de 1978, Marcelo sente-se aterrado com o pluripartidarismo. "Quanto à política portuguesa, ela só confirma o que durante anos dissemos sobre o regime de partidos nesse país. Há-de ser cada vez pior." Mas em 8 de Junho seguinte tem a "impressão de que a direita se está fragmentando inconvenientemente" e faz planos estratégicos. "Tudo haveria a ganhar em fundir o MIRN e a Democracia Cristã com nova chefia, embora os antigos chefes ficassem a apoiar. Assim, nenhum dos grupos poderá ganhar dimensão e força suficiente para se impor. Um novo partido, com gente nova à frente, estou convencido de que obteria grande êxito. O que aqui chega é um grande desencanto com o CDS e um veemente desejo de aparecimento de um partido moderno e eficaz que faça frente à esquerda. Muita gente actualmente inscrita no PSD também se juntaria a esse partido."

Este conjunto de 15 cartas e seis bilhetes, até agora desconhecidos do público, vai a leilão no dia 25, no Hotel Fénix, às 15.00, por iniciativa de Nuno Gonçalves, leiloeiro e livreiro.

O mistério da carta quase indecifrável de Salazar

Leilão. Entre as várias peças que agora vão à praça está um bilhete de Salazar dirigido a Urbano Rodrigues

A letra de Oliveira Salazar é praticamente ilegível. Nuno Gon챌alves vai levar a leil찾o no dia 25 deste m챗s, no Hotel Fénix, uma carta de Salazar, com a chancela do gabinete do presidente do Conselho, dirigida a um "senhor Urbano Rodrigues", jornalista. Está datada de 17 de Novembro de 1950.

É muito difícil conseguiu desbravar o conteúdo da comunicação de Oliveira Salazar ao jornalista Urbano Rodrigues. Aparentemente, e tanto quanto é possível decifrar, trata-se de uma reacção do chefe do Governo, satisfeita, a um artigo de jornal escrito por Urbano Rodrigues. A base de licitação deste conjunto de cartões do então "presidente do Conselho" são cem euros.

Mas existem muitas outras preciosidades apresentadas neste leilão: um álbum fotográfico de viagem de Hermenegildo Capelo, o oficial da Marinha Portuguesa que foi explorador em África e que participou com Roberto Ivens na travessia entre Angola e a costa do Índico; uma colecção completa da Ilustração Portuguesa.

Uma das peças mais notáveis que vão a leilão - e que estará em exposição a partir do dia 24, sexta-feira, das 15.00 às 23.00 - é um exemplar da revista de arte portuguesa KWY, que até hoje nunca foi a leil찾o. A KWY foi criada em Paris por Lourdes Castro e René Bertholo, que eram editores, impressores e distribuidores. Impressa em serigrafia, a revista durou 12 números, publicados em seis anos, e teve, entre os seus variadíssimos colaboradores, a pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva. A base de licita챌찾o do exemplar é de 25 mil euros.

Num leilão com 542 lotes, há muitíssimo mais por onde "pegar". Caricaturas de Rafael Bordalo Pinheiro, cartas de Miguel Bombarda (o médico psiquiatra republicano que foi assassinado por um doente no dia 5 de Outubro de 1910) a Ana de Castro Osório, em que tece elogios à acção propagandista de Ana de Castro Osório, em defesa da condição feminina. Também vão a leilão cartas de Manuel Arriaga a Ana de Castro Osório, datadas de 1906, em que o futuro presidente da República acusa a recepção do livro Às Mulheres Portuguesas, fazendo considera챌천es em defesa do feminismo.


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De: mariommarinho1 Enviado: 16/10/2008 23:45

Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 3 de 3 en el tema 
De: m짧concei챌찾oalves1 Enviado: 17/10/2008 01:36
Ai Mário...que dilema!
Mas já ouvi muito esquerdista bradar para o assento etereo, onde t찾o ilustre personagem subiu : "Volta, estas perdoado"!
Que queres que te diga?
N찾o há volta a dar....ou seja, atrás de mim virá, quem de mim bom fará.....
Jinhos,
SAO ALVES


 
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