É uma autêntica surpresa, mas os números não enganam: em termos globais, os carros a diesel consomem menos energia e têm menos emissões de dióxido de carbono (CO2) que os híbridos (gasolina/motor eléctrico). E os híbridos estão apenas ligeiramente abaixo dos carros a gasolina nos dois indicadores.
A conclus찾o consta de um estudo do Departamento de Transportes, Energia e Ambiente do Instituto Superior Técnico (IST) sobre a avalia챌찾o energética e ambiental de veículos ligeiros em ciclo de vida total. Este ciclo inclui o fabrico, desmantelamento e reciclagem do automóvel; o consumo de energia na produ챌찾o e distribui챌찾o do combustível desde o po챌o de petróleo até ao depósito; e o consumo de energia entre o depósito do automóvel, o motor e as rodas.
Tiago Farias, coordenador deste departamento único no país, que investiga em simult창neo a energia e o ambiente nos transportes portugueses, desmistifica de certo modo as conclus천es inéditas do estudo: "O conceito de híbrido é excelente, porque a altera챌찾o do fluxo energético é a primeira revolu챌찾o no automóvel em 100 anos, mas temos de reconhecer que o resultado prático actual n찾o é brilhante".
A bateria que alimenta o motor eléctrico do híbrido é carregada quase sempre quando este circula no modo a gasolina. A excep챌찾o dá-se quando o sistema de recupera챌찾o de energia das travagens funciona, "mas a sua contribui챌찾o é muito modesta".
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TOYOTA PRIUS 1.5 HYBRID. É o melhor classificado na categoria Compactos do Top Ten da Quercus, produzido para o site da EDP Preço: 26.830 euros (29.704 euros na versão High Pack) Comparação: Ford Focus 1.6, Audi 3 1.9, VW Golf 1.9, Mazda 3 1.6, Honda Civic 1.4i, Seat Leon 1.9, Mercedes A160, Hyundai i30 1.6 e BMW 118d Consumo: 4,3 litros por 100 km Emissões de CO2 104 g/km |
Em todo o caso, "o híbrido é um grande passo, é uma etapa de transi챌찾o necessária para chegarmos ao carro eléctrico, ao chamado "plug-in"" (com tomada eléctrica para carregamento da bateria). Tiago Farias sublinha também que "a tecnologia híbrida está ainda numa fase de demonstra챌찾o e só deixará esta fase quando o consumidor entrar num concessionário e puder escolher, em qualquer marca e modelo de automóvel comum, entre as op챌천es gasolina, diesel ou híbrido, tal como hoje já acontece na Suécia com os carros a etanol".
A verdade é que, na cabe챌a da maioria dos automobilistas portugueses, havia a ideia de que os híbridos seriam a alternativa mais limpa e menos 'energívora' num planeta a bra챌os com o aquecimento global e o desafio energético. Mas a realidade parece mais complexa.
Francisco Ferreira tem dúvidas em relação às conclusões do estudo do IST, argumentando que "as estimativas mais conhecidas quanto ao consumo de combustível dizem que os híbridos têm uma vantagem de 20% em relação aos carros a gasolina e andam a par nos carros a diesel". Em todo o caso, o dirigente da Quercus salienta que os números do IST "reforçam uma ideia consensual: os híbridos a diesel vão ter uma clara vantagem em relação aos modelos convencionais, quando forem lançados no mercado em 2010".
O líder ambientalista reconhece que "nos últimos anos todos os modelos convencionais t챗m reduzido as emiss천es de CO2 e mesmo o consumo de combustível". Mas recorda que as contas feitas pela Federa챌찾o Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) sobre o ciclo de vida dos automóveis híbridos concluem que, "ao fim de tr챗s anos de utiliza챌찾o, a uma média de 15 mil km percorridos por ano, o volume de emiss천es evitadas equivale a 40 mil km, comparando com um modelo convencional".
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LEXUS GS 450h (hybridmotor). É o pior classificado na categoria Classe Média Superior do Top Ten da Quercus Preço: 68.876 euros (82.066 euros na versão High) Comparação: BMW 520d, 520i, 523i, 525i, 530i e 535d; e Volvo V70 D5, V70 2.0 D e S80 D5 Consumo: 7,9 litros por 100 km Emissões de CO2: 185 g/km |
O estudo do IST analisou seis ciclos de velocidade mas destacou nas suas conclusões o ciclo Cascais-Lisboa. Ao todo, foram comparados os ciclos de vida total de automóveis de passageiros convencionais a diesel e a gasolina com híbridos, eléctricos e a hidrogénio, e ainda com automóveis convencionais flexifuel (a gasolina e etanol, ou a gasóleo e biodiesel). No conjunto, são 32 situações diferentes, que abrangem até carros que não estão à venda no mercado português (os que usam etanol) e outros que, mesmo no mercado mundial, só existem em pequenas séries (os eléctricos) ou em protótipo (os que consomem hidrogénio). Escolhemos as seis situações mais importantes, onde o vencedor no consumo de energia e nas emissões de CO2 é, sem dúvida, o carro eléctrico.
Nos carros do futuro, a alternativa a hidrogénio tem duas situa챌천es com um impacto muito diferente: o hidrogénio produzido através do gás natural, mais amigo do ambiente, e o obtido por electrólise (decomposi챌찾o da água), que é, para já, um verdadeiro desastre ambiental.
LISBOA DIÓXIDO DE CARBONO Crise n찾o reduz emiss천es Apesar do consumo de gasolina em Portugal ter caído 6,4% e o de gasóleo ter subido apenas 0,9% entre Janeiro e Julho, o total de emiss천es de dióxido carbono (CO2) dos combustíveis rodoviários reduziu-se apenas em cerca de 0,93%, "o que significa que o impacto da crise nas emiss천es é irrelevante", afirma Francisco Ferreira ao Expresso. O dirigente da Quercus fez as contas mas este resultado, que pode parecer surpreendente, deve-se a duas razões: "O gasóleo tem um peso em toneladas três vezes superior à gasolina consumida no nosso país e, por outro lado, emite mais CO2 por litro". Esta constata챌찾o vem, de certo modo, refor챌ar o alerta dado pelo Parlamento Europeu (PE), que numa resolu챌찾o aprovada na semana passada avisava que os objectivos da UE em matéria de clima para depois de 2012, quando terminar o Protocolo de Quioto, "n찾o devem ser postos em causa pela actual crise financeira internacional". O PE instava ainda a UE a manter "as metas ambiciosas de 20% de energias renováveis no consumo final dos Estados-membros e de 10% de fontes renováveis no sector dos transportes até 2020". Se na área financeira a crise é evidente, nos combustíveis o contexto internacional tem mudado rapidamente. Os pre챌os do petróleo já rodam os 60 dólares, quando em Julho ultrapassavam os 140, e os pre챌os da gasolina e gasóleo em Portugal baixaram mais uma vez (3 e 2 c챗ntimos, respectivamente, na Galp). Quanto ao CO2, é de recordar que a Associa챌찾o de Construtores Europeus de Automóveis se comprometeu a baixar as emiss천es no consumo dos motores para 140 g/km em 2008 (menos 25% que em 1995), e quer atingir os 120 g/km em 2012. |