Há oportunidade para empresas portuguesas
Com vantagens em termos de água, carvão e gás relativamente ao gigante vizinho África do Sul (a braços com um défice de energia), Moçambique posiciona-se como potência energética, também pcom a intenção de suprir as necessidades do Zimbabué e outros países da região, já relativamente bastante industrializados. A nível de gás natural em Inhambane, "as perfurações permitem bastante optimismo", diz o ministro da Energia, Salvador Namburete. "No contexto da energia há lugar para empresas portuguesas", afirmou.
"Existem muitas oportunidades de negócio para empresas portuguesas de energia. Temos experiência e conhecimento nas energias mais clássicas e nas renováveis", disse por seu turno o administrador-executivo da Hidro-eléctrica de Cahora Bassa, Fernando Marques da Costa.
O responsável da HCB acrescenta que as oportunidades que existem são não só do ponto de vista tecnológico, mas também de construção e obras públicas. "São todos projectos de grande envergadura, o que implica associar empresas de dimensão", acrescentou.
A nível de barragens no Rio Zambeze, o plano de energia - gizado ainda durante o período colonial - prevê a construção de um novo empreendimento hidro-elétrico 60 quilometros a juzante de Cahora Bassa. Mphanda Nukwa com 2500 MW de potência. Onde os brasileiros da Camargo Corrêa e a EDM marcam presença.
Segundo o ministro da Energia, Salvador Namburete, estão também em estudo mais duas pequena barragens Boroma e Lupata, com uma potência conjunta de 1000mw, além da construção da central norte em Cahora Bassa, com mais 1250 mw.
Está também a arrancar a central a carvão de Moatize, com 2400 mw em duas fases, entre outros empreendimentos. "Todos estes projectos precisam de uma 'auto-estrada' para ligar aos locais de consumo de energia", salienta o ministro. Se a região central do país está relativamente servida por linhas de distribuição de energia, "o Sul está desligado do resto do país". A energia para Maputo, Gaza ou Inhambane chega através da África do Sul. "O objectivo prioritário é garantir o escoamento dessa energia para o sul", salienta.
A linha Tete-Maputo é a "espinha dorsal" que vai garantir o abastecimento, num modelo de de parceria público-privada liderada pela Electricidade de Moçambique (EDM). "Já estamos a receber manifestações de interesse no futuro consórcio", adiantou Namburete.
No âmbito do acordo da HCB "há uma linha de crédito de 124 milhões de dólares para financiar investimentos nas renováveis", salientou Namburete.
Com uma regulamentação do uso do solo que exige que só sejam aproveitados para a produção de bio-combustíveis os que não tenham aptidão alimentar, Moçambique já recebeu pedidos de terra para empresas de cerca de 6 milhões de hectares. "Fizemos o zonamento agrário para evitar os erros cometidos por outros países em termos de segurança alimentar", salientou o ministro da Energia.
Os portugueses da Martifer e da Visabeira já têm acordos para a produção de oleaginosas, enquanto a Galp detém uma central de biocombustível.