Moatize (Canal de Moçambique) – O governador do Banco de Moçambique, Dr. Ernesto Gove, defendeu na província de Tete, que o funcionamento dos investimentos, passa pela existência de um sector financeiro saudável e competitivo. Por isso advertiu que os bancos não podem continuar a situar-se apenas nas capitais provinciais e cidades, dado que maior parte dos projectos que precisam de investimentos neste momento, estão nas zonas rurais do país. Apontou, por outro lado, que os fundos de iniciativas locais que vem sendo colocados pelo Governo (referia-se aos 7 biliões que o Estado através do Governo tem estado a locar aos distritos), precisam da existência de bancos para a sua viabilização. O dirigente do Banco de Moçambique entende que a existência de bancos nas zonas rurais pode concorrer para mobilização de poupanças, que por sua vez podem viabilizar o alargamento de mais investimentos nestas zonas. Contudo, frisou que a expansão dos bancos não pode ser feita, de maneira nenhuma em sacrifício das regras de gestão. Falando na vila de Moatize, durante a cerimónia de inauguração de mais um balcão do Millennium-BIM, Ernesto Gove precisou que o sector bancário moçambicano, está actualmente com um crédito mal parado de 1 por cento, o que segundo as suas palavras, significa que "está a crescer de forma forte e sólida", apesar de ter referido também que pairam sobre o sistema bancário nacional, ameaças adversas, principalmente a actual crise financeira mundial. De acordo com o governador do Banco Central, apenas um sector financeiro forte e saudável pode atender às necessidades económicas que o país tem. Actualmente, ainda segundo Gove, o país regista estabilidade macroeconómica, estando a economia a crescer a 7 por cento, mas lembrou que a caminhada para a expansão da rede bancária é longa, dado que maior parte dos distritos do país, ainda não têm bancos. Até agora, o Banco Central diz que apenas 42 dos 128 distritos estão cobertos por serviços bancários, na sua maioria de microfinanças, em número de 58. Entretanto, em declarações exclusivas ao «Canal de Moçambique» pouco depois da cerimónia de inauguração do balcão do BIM em Moatize, o Dr. Ernesto Gove, governador do Banco Central, negou que a expansão dos serviços bancários possa vir, a curto prazo, eliminar o recurso por parte das populações, de moedas externa, como tem vindo a acontecer até agora, sobretudo nas províncias de Tete, Manica, Zambézia, Niassa e Cabo-Delgado, em que segundo as autoridades governamentais, muitas pessoas, para fazerem as suas transacções comerciais, têm optado pela moeda do Malawi, Zimbabué e Tanzânia, para a compra e venda de bens de consumo, em vez de usarem o Metical, a moeda nacional. Em consequência, muitos têm mais moeda estrangeira, do que o Metical. Para Gove, "a eliminação desta prática de recurso a moeda externa, não vai acabar para já, mas sim, é um processo que penso que vai ser gradual, à medida que se instalam mais bancos". (Bernardo Álvaro)
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