Cá estou eu e o mau tempo, ( e tinha o cabelo marcado), mas não faz, mal também não hei-de fazer a vontade ao sábio raivoso, nem vou acabar com minhas probres unhas, nada disso, vou ficar aqui quietinha, ouvindo música, e quem sabe dar continuidade a mais uma crónica.
Ontem foi um daqueles domingos enfadonhos em que nada fiz, e me deitei já tarde, mesmo assim não consegui dormir, devia ser dia quando dormitei.
De repente a porta se abriu, e um homem de bandeja na mão me dizendo, acorda; esfreguei os olhos duas vezes, devia estar tendo visões... era isso, tinha morrido e reencontrado o meu "mordomo" me servindo um café, bolas como era possível... Novamente a voz " acorda, trouxe uma caneca de leite e uma torrada", come e dorme mais um pouco pois passaste a noite em claro. Caramba... afinal não era o mordomo e sim meu marido, que teria acontecido? Devia ser grave para ele faltar ao serviço, lhe perguntei" o que é que eu tenho, estou mal"' Ele apenas sorrindo disse: "tirei um dia de folga, dorme que eu faço o almoço", ná... aqui há gato!!!
Comi a torrada e o leite, e me certifiquei que estava viva me beliscando, e espreitando a cortina vi mais um dia de chuva, ai me sentei na cama e fiquei cismando com os meus botões, que raio de milagre teria acontecido... aos anos que não como uma torrada na cama, realmente dá que pensar, e assim como tinha sido dispensada da tarefa do almoço deixei-me estar mais um pouco enquanto recordava alguns anos passados, 39 anos.
Nunca pensei casar, era uma moça muito independente, senhora do meu nariz, e não me via recebendo ordens, e sobretudo regras.
Já tinha 30 anos quando o que é hoje meu marido me conseguiu levar á certa, eu era mais velha e por isso mesmo, e porque a minha vida tinha sido muito complicada tinha muito mais juizo que ele, e depois de muitos tapas lá me convenceu, embora claro lhe tivesse lido logo a cartilha, que não era de de João de Deus, mas a minha, e assim resolvi fazer mais uma experiência, e logo se veria.
E me lembrei disto por causa do café com torradas na cama heheh, foi assim durante muito tempo lá, na minha terra onde ele caiu de paraquedas e se enforcou, azar o dele!
Somos totalmente diferentes mas nos damos bem, nos aceitamos, e tentamos conciliar os gostos e as maneiras de ser, eu posso dizer até que o trãnsformei (para melhor), um bom bocado, como dizia a minha sogra " ah! Ganda mulher, só você conseguiu endireitar este malandro"! Coitada já se finou...
E assim ele e a filha almoçaram, e eu comi uma malga que foi da minha sogra e que já é centemária, um destes dias vai para o museu dos cacos, mas me soube bem uma sopinha de feijão com couves, bem quentinha, e logo um café, e assim passou metade do meu dia.
São Percheiro 19 de Janeiro 2009