O pico de água no Zambeze foi atingido este ano, em Caia, com um nível de 5,70 metros de altura, com o caudal a atingir um volume de dez mil metros cúbicos por segundo. A situação fez com que fossem inundadas algumas áreas, particularmente com culturas da primeira época. Na mesma altura, pelo menos 235 famílias, o equivalente a 1544 pessoas, que insistiram em regressar às áreas de risco ao longo do Zambeze, tiveram que ser evacuadas, com a sensibilização levada a cabo por 155 comités locais espalhados pela bacia daquele rio.
As mesmas viriam a fixar-se em centros de reassentamento baseados em Inhangoma, distrito de Mutarara, em Tete, ilhas Moto e Rezende, na região de Caia, em Sofala, e Morrumbala, na Zambézia.
José Malanço, técnico do Departamento de Gestão dos Recursos Hídricos na Direcção Nacional de Águas, disse à nossa Reportagem que o pico previsto poderá não atingir 5,70 metros, como anteriormente. O nível de alerta em Caia é de cinco metros. Ontem, o nível medido nesta estação foi de 4.97 metros, menos três centímetros em relação ao alerta.
Para além das afluências a jusante da HCB, há o registo de precipitações persistentes no Zumbo, a montante, facto que contribui para que haja elevadas confluências para a albufeira, o que levou a barragem a passar a descarregar, há sensivelmente quatro dias, um caudal na ordem de 3500 metros cúbicos por segundo.
De igual modo, as elevadas precipitações ocorridas na Alta Zambézia motivaram uma subida significativa do nível hidrométrico do rio Licungo, que atingiu 5,60 metros em Mocuba na passada terça-feira, sendo a primeira vez que chega àquele ponto. O alerta no local é de seis metros.
Ainda na região centro, o rio Púnguè continua acima do alerta em Mafambisse, onde foi registado ontem o nível de 6,40 metros. Devido à falta de chuvas a montante, regista-se uma progressiva redução dos níveis, atendendo que na segunda-feira estavam a 6,58 metros.
Os rios Save e Búzi registam níveis oscilatórios com tendência para baixar, devido à fraca precipitação a montante.
Na região sul praticamente todos os rios, nomeadamente Limpopo, Incomáti, Mutamba e Inhanombe, mantêm tendência de redução dos caudais, uma vez que não tem havido contribuições a partir de montante.
As instituições gestoras de águas, considerando que a época chuvosa ainda vai a meio, renovam o apelo às populações ribeirinhas e à comunidade em geral para a tomada de medidas de precaução nas zonas baixas, com destaque para a bacia do Púnguè, em Mafambisse, onde se recomenda a retirada das zonas de risco, pois, apesar da tendência lenta de abaixamento dos níveis, estes continuam muito altos. Insiste na necessidade da observância de cuidados redobrados na travessia dos rios.