Graças meu Deus, hoje o sol brilhou e eu voltei a sorrir que bom.
Um vento frio, mas o sol se impoz fazendo frente ás carantonhas feias do frio, e venceu.
Finalmente ia sair um pouco, calçar minhas sandálias... e enfim cortar meu cabelo, já não me conhecia, quando me mirava no espelho perguntava em tipo de chacota, "me diz espelho meu, há rosto mais lindo que o meu", ai o maldito embaciava e mostrava um sorriso amarelo, e só por pouco de livrou dos meus vaipes!
Caramba, até pareço mais nova, e uma amiga escreveu me dizendo, "menina compra um brinco te enfeita", achei graça porque não tenho as orelhas furadas, culpa do papá Percheiro que nunca nos deixou, ás cinco meninas enquanto de baixo de sua asa furar as orelhas, dizia ele que se tinhamos nascido assim era porque assim deveria ser, e o certo é que nenhuma de nós furou.
Confesso que adorava ter umas argolas, mas só de pensar que tinha de abrir um buraquinho nas minhas prendadas orelhas desistia, mas tenho pena, e agora que se lixe.
Cabelo curtinho á "Zé Maria" até pareço outra Maria, aproveitei e arranjei minhas unhas saturadas de tanto teclar, e logo a seguir ala que se faz tarde, e ai vou eu para o café não do Chiado, mas do Lima Limão.
Foi uma festa, e claro bebi o café á borla do senhor da "luneta", conversei um pouco e sai, quando ouvi "sinola, anda ver blusa bonito para tu", simpática, mas minha carteira estava careca ai lhe disse por sinais, "não há dinero", e vim para casa.
Continua de pé no meio da derrocada, minhas roseiras estão queimadas de tanto frio, está tudo muito triste, mas enfim hoje não quero falar de coisas tristes pois hoje estou alegre, até perdi a vontade de comer, acontece, por vezes o contentamento faz perder o apetite, e agora fico por aqui, breve poderei ver abrir as florinhas do campo, e ai quem sabe volto a fazer nova crónica.
São Percheiro