Chinhoyl, Zimbabué, 28 Fev (Lusa) - O Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, afirmou hoje que as apreensões das explorações agrícolas dos brancos vão continuar, apesar da oposição do novo primeiro-ministro do governo de coligação, Morgan Tsvangirai.
"Há explorações agrícolas que foram designadas (para serem distribuídas) de acordo com a lei da aquisição das terra, das cartas de oferta enviadas aos novos agricultores. Não vamos deixar que os antigos proprietários destas fazendas recusem abandoná-las", declarou Mugabe perante os milhares de partidários reunidos para celebrar o seu 85º aniversário.
As cartas de oferta são documentos enviados às pessoas escolhidas para tomar posse de uma exploração agrícola.
"Não vamos ouvir as desculpas que alguns agricultores usaram para apelar à justiça perante a SADC (Comunidade da África Austral). É insensato. Temos a nossa própria justiça aqui", disse o chefe de Estado.
Mugabe lançou no ano 2000 uma reforma agrária controversa, retirando explorações de agricultores brancos para a dar a zimbabueanos negros.
A questão das terras é extremamente sensível no Zimbabué, onde a minoria branca conservava a maioria das terras aráveis, desde a independência, em 1980.
Cerca de 4.000 agricultores brancos foram já obrigados a abandonar as suas explorações agrícolas desde que começou a reforma agrária de Mugabe.
Esta reforma, minada pela precipitação e pela violência, é apontada como responsável pela queda da produção agrícola.
Neste país, antigamente considerado o celeiro da África Austral, os novos agricultores - geralmente partidários do regime de Mugabe - tem falta de meios e capacidade para dirigir as explorações agrícolas.
O Zimbabué está actualmente mergulhado numa crise humanitária dramática e a maioria dos seus 13 milhões de habitantes precisam de ajuda com urgência, de acordo com dados do Programa Alimentar Mundial.
Segundo o Sindicato dos Agricultores Comerciais do Zimbabué - essencialmente comporto por agricultores brancos - as invasões de propriedades pelos partidários do regime de Mugabe aumentou nas últimas semanas.
"Do nosso lado devemos agir correctamente. Os proprietários deverão dispor de tempo para partir, mas o processo não pode demorar anos", declarou Mugabe.
Entretanto, o novo primeiro-ministro, Morgan Tsvangirai, que dirige um governo de coligação, apelou quarta-feira à paragem imediata dos ataques contra os agricultores brancos.
ARA.
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