A saudosa atriz Mirita Casimiro ao lado do grande actor Vasco Santana.
No filme de 1937 Maria Papoila
Antigamente os cântaros eram cheios para manter a casa e levados à cabeça por viçosas raparigas...hoje alguns já vão dizendo " Água imprópria para consumo..."...os tanques públicos que se vão cobrindo de limos...mas que já serviram para as moças lavarem e corarem a roupa...contar segredos...trocar confidências...enquanto faziam concursos da roupa mais branca...sem Tide...apenas com o recurso a barras de sabão azul compradas a retalho no azeiteiro que se iam cortando aos poucos e aos nós dos dedos...o cheiro a alho fresco triturado nas batatas cozidas e no ovo nas tardes a seguir à vindima, cujas cestas eram transportadas por lentas e ruminantes juntas de bois...as linhas do vale do vouga...as estações lacrimosas abandonadas pela política do betão...que agora só se reconhecem quando por baixo dos pneus se sente um ressalto dos carris, nos sítios onde antigamente passava um comboio...
O roteiro gastronómico imperdível...as trutas do rio Paiva...a vitela à Lafões...o cabrito assado...os pastéis de Vouzela...o queijo da serra...em tarde de Avé-Marias pelas quais ressoa o sino de uma qualquer capela...não longínqua...
São estas as memórias de quem também ama aquela terra...
Maria Papoila filme de Leitão de Barros,
Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
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A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Fernando Pessoa
Sem saudades na lembrança
disse Adeus
À terrinha e mais ao mar
Trago na alma a esperança
E a fé em Deus
Parto a rir, parto a rir e a cantar
Ai, ai, ai...
Despedi-me das ovelhas
Do meu cão das casas velhas
Do lugar onde nasci
Ai, ai, ai)
Não me importa de ir à toa
Se o meu sonho é ver Lisboa
Mais ao mar, que eu nunca vi
Adeus ó terra
Adeus linda serra
De neve a brilhar