AMBANINE MOÇAMBIQUE
Quando nos juntamos, rompemos o dique
Da saudade imensa que vem tanta vez
Trazer nostalgia, lembrar Moçambique;
Na escola aprendemos que era Português.
Como tal, nós o amamos,
Ali trabalhamos,
Lançamos raiz,
Na machamba ou na cidade,
Fomos na verdade
Quem fez o País.
Com que displicência somos “retornados”
Quais cartas dispersas d’humano baralho!
Com que ligeireza fomos ‘spoliados
De teres e haveres fruto do trabalho.
Sem tempo de transição
P’rá livre opção,
Partir ou ficar?
Hoje no País dos coqueiros,
Estão estrangeiros
No nosso lugar.
Quem não viveu lá, é que não entende
Os fraternos laços entre afro e mulungo!
O mago feitiço que sempre nos prende,
Mesmo separados pelo mar jucundo.
Se recordar é viver,
Eu gosto de ter
Mil recordações
Do País a Oriente…
E da sua gente
Que cantou Camões.
Cocuanas, ambanine!
Esfanhanes, ambanine!
Às mamanas ambanine!
Aos mufanas, ambanine!
Nota; Machamba, horta.Mulungo, branco. Cocuanas, velhos. Esfanhanes, bebés. Mamanas, mulheres com filhos. Mufanas, jovens. Ambanine, adeus
Graziela Vieira
Ourém, Fevereiro de 2000