João Gimo Sozinho, chefe do Departamento de Relações Públicas no Comando da PRM, disse que os detidos são supostos patronos do tráfico de pessoas e foram capturados no povoado de Cankune, no distrito de Changara, numa viatura de marca Toyota Land Cruiser Prado, de cor branca, com a chapa de matricula BP9235 a caminho da região sul do país.
“Tudo aconteceu na madrugada do dia 5 de Julho corrente quando cerca da meia-noite, no Posto Policial da Báscula no Bairro Matundo, na cidade de Tete, a Polícia de Trânsito apreendeu duas viaturas transportando na carroçaria e coberta de lona 244 imigrantes ilegais, supostamente traficadas e a caminho da áfrica do Sul.
João Gimo Sozinho apontou que a viatura de marca Leyland Frightliner, de cor preta com a chapa de matrícula MZ 6190 e com o atrelado MZ 5964, pertencente a empresa transportadora malawiana NINKAWA sediada na cidade de Blantyre, transportava como mercadoria e coberta de lona 224 imigrantes ilegais etíopes e somalis.
O motorista da viatura Garikai Magasa, de nacionalidade zimbabweana, que tentou de imediato subornar os elementos da Polícia de Trânsito, com um valor de 50 mil kwachas, moeda do Malawi, equivalente a 8 600 meticais, acabou confessando que os mandantes da operação já tinham atravessado a ponte Samora Machel na cidade de Tete a caminho para Manica.
“Depois de obtermos estes dados coordenamos com o Comando distrital da PRM em Changara que foi ao encalço, tendo os surpreendido no povoado de Cancune a sensivelmente 5 quilometros da sede distrital de Changara à espera das viaturas em causa”.
Entretanto, outra viatura de marca “FUSO”, cor verde, que ostentava a chapa de inscrição MLZ-58-37, pertencente a Carlos Luis e na altura conduzida pelo nacional Manuel Jorge Ramos, natural de Tete e residente no Bairro Francisco Manyanga, na cidade do mesmo nome, foi surpeendida pela PRM transportando num contentor 71 imigrantes ilegais etíopes, por volta das 22 horas do dia 6 de Julho, quando tentava a travessia da ponte Samora Machel.
A nossa Reportagem entrevistou na Cadeia da Máxima Segurança BO na ciddade de Tete, Danniel Kavanguca, que se expressando fluentemente na língua portuguesa disse que era refugiado de Congo a viver no campo de refugiados de Doa em Zaleca ao norte do Malawi tendo acrescentado que, apenas se encontrou com o grupo dos 71 imigrantes pelo caminho quando tentava viajar ilegalmente a caminho do Zimbabwe à procura de melhores condições de vida.
“Eu vinha a minha viagem para o Zimbabue só que me encontrei com este grupo quando estava a violar a fronteira de Malawi com Moçambique em Dedza, via Calomue, na Angónia por volta das 20 horas. Juntos apanhamos a boleia de um dos camiões que fazia a trajectória Malawi/Porto da Beira. Quando chegamos na ponte Samora Machel encontramos aqueles membros da Polícia de Trânsito que trabalham aí e mandaram revistar o carro e o contentor e fomos apanhados. Aqui na BO somos apenas 3 e os restantes foram já recambiados e por isso não conheço as razões da nossa permanência aqui”, referiu Danniel Kavanguca.O nosso entrevistado recusou-se a aceitar que seria ele um dos acompanhantes do grupo e interrogado sobre onde aprendeu a falar fluentemente português, Danniel Kavanguca disse que foi nos centros de refugiados de Tanzania e Malawi, onde permaneceu cerca de 5 anos.As viaturas encontram-se sob custódia da Polícia e os imigrantes foram todos ontem repatriados para o Malawi, país de origem via Calomue junto da fronteira de Dedza.