No dia em que o mundo se preparava para acompanhar entusiasmado o início da viagem à Lua, os jornais portugueses não escondiam o interesse pela empreitada espacial. O Diário de Notícias não se fez rogado e declarava que esta viagem era “a maior Aventura do Século” e a “mais fantástica proeza humana”. O Comércio do Porto, mais sóbrio, destacava na capa “A Maior Epopeia Espacial”.
Os preparativos para o lançamento da nave Apollo 11 dominavam os diários portugueses e O Primeiro de Janeiro avisava que, no Cabo Kennedy, iria estar presente uma vidente enviada por uma revista inglesa, embora o jornal não tenha feito referência a nenhuma previsão. Os convidados eram tantos que a organização teve de criar uma nova hierarquia, lia-se n’O Primeiro de Janeiro. Os VIP passaram a ser os terceiros numa lista de VVIP, as pessoas muito muito importantes, e os VVVIP, os mais importantes de todos.
O jornal O Século deixava-se fascinar pelos números. Primeiro pela bilião e 200 milhões de pessoas que iriam assistir às emissões de TV. Depois pelos 80% de possibilidade de êxito na missão, de acordo o astronauta Neil Armstrong. E por fim por uma sondagem curiosa: 50% dos franceses achavam que a (viagem à) Lua não valia o que custava.
No meio dos números e factos ainda há espaço para falar de Portugal. O Diário de Notícias avisava que a bandeira portuguesa era uma das que viajava até à Lua na nave. Mas depois da missão voltava. Pelo contrário o Comércio do Porto noticiava que uma medalha “pouco maior do que uma moeda de um escudo”, gravada com mensagens de 73 chefes de Estado, incluindo o Presidente Português, ia ser deixada em solo lunar. Américo Thomaz deixou para a posteridade espacial a seguinte mensagem: “O Povo português, descobridor do mundo conhecido, nos séculos do passado, admira aqueles que, nos dias de hoje, se dedicam à exploração do espaço”.