GARE DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE MAPUTO
CONSIDERADA PELA REVISTA NEWSWEEK COMO A SÉTIMA MAIS BELA DO MUNDO
| | A Gare da Estação Central dos Caminhos de Ferro em Maputo foi considerada pela Revista americana Newsweek como sendo a mais bela de África e a sétima colocada numa lista que compreende nove (9) Estações ferroviárias eleitas mediante monitoria especializada realizada em todos os continentes.
Segundo a Revista Newsweek, 'A Estação Central de Maputo, provávelmente a mais bela de África, foi desenhada por Gustave Eiffel em 1910 e a ideia era que a sua aparência se assemelhasse a um Palácio com pilares de mármore e enfeites em ferro fundido'. |
A Revista descreve de forma resumida as nove melhores Estações Ferroviárias do mundo e apresenta no fim a classificação das mesmas pela seguinte ordem:
1. St. Pancras, Londres
2. Grand Central Terminal, Nova York
3. Chhatrapati Shivaji, Mumbai
4. Central Station, Antwerp, Bélgica
5. Dare des Bénédictins, Limoges, França
6. Lahore Railway Station, Paquistão
7. Gare da Estação Central dos Caminhos de Ferro, Maputo, Moçambique
8. Hua Hin Railway Station, Thailand
9. Atocha Station, Madrid.
Clique em Newsweek para mais detalhes (english)
Um pouco de História:
O edifício sede dos CFM
A construção da estação central dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques (Maputo), hoje totalmente encoberta pela imponente fachada que depois se lhe acrescentou encimada pela magnífica cúpula em cobre com a esfera armilar, havia sido começada no ano de 1908. Veio substituir a antiga - de madeira e zinco, construida pela companhia concessionária, que existia do outro lado da avenida 18 de Maio, defronte do actual Posto médico dos CFM.
| | Tendo sido dada por concluida, ela foi solenemente inaugurada no dia 19 de Março de 1910. Tratava-se de um melhoramento importante que se ficava a dever ao engenheiro Lisboa de Lima, autor do projecto.
Freire de Andrade, então Governador geral, solicitara ao Ministro e Secretário do Estado da Marinha e do Ultramar que fossem enviados «dois escudos de Armas Reais portuguesas, lavrados em mármore, para serem afixados nos pórticos». Mas elas só chegariam em 1911, depois de proclamada a República, e as armas tiveram que ser alteradas. Mesmo assim, jamais lá seriam colocadas por incúria dos que sucederam a Freire de Andrade: |
Para o pórtico da estação, por iniciativa, do Governador geral, Freire de Andrade fora requisitada de Lisboa um Escudo Nacional em mármore lavrado, o qual tendo chegado a Lourenço Marques (Maputo) em 1911 a bordo do paquete «Beira», depois se perdeu.
Por fim recuperado nos nossos dias, foi solenemente colocado no seu lugar em Julho de 1970 por iniciativa do Gabinete de História dos Caminhos de Ferro de Moçambique - CFM. O Escudo Nacional, trabalhado em pedra de liós, é uma obra de arte de muita valia, tendo sido executado em Lisboa nas oficinas de Germano José de Salles & Filhos.
Ao acto solene da inauguração da nova estação, mesmo sem o escudo das Armas Reais, fez-se nesse dia aos 19 de Março de 1911, com a saida dos dois primeiros comboios para S. José de Lhanguene, onde se celebrava a festa de S. José, padroeiro daquela missão, presidiu o Governador geral Freire de Andrade. Sete meses depois deste acontecimento proclamava-se a República.
Uma vez implantado o novo regime, passado o período de entusiasmo pela vitória da revolução, inicia-se o da fúria demagógica na perseguição movida pelos «carbonários» de Lourenço Marques, que se intitulavam de «vigilantes da República», contra Freire de Andrade e certos directores e chefes de serviços públicos tidos por desafectos à República e por «reaccionários e traidores ao novo regime». Exige-se a demissão imediata de tais entidades e a sua expulsão de Moçambique, o que por fim veio a verificar-se em 8 de Abril de 1911. Era então nomeado Governador geral da Província (Moçambique), o capitão-tenente Freitas Ribeiro.
O engenheiro Lisboa de Lima, vítima também dessa desconcertante incompreensão popular fomentado pelos «carbonários», demite-se do cargo de director de porto e do Caminho de Ferro de Lourenço Marques. É substituido pelo engenheiro Lopes Galvão. Este, por sua vez, é substituido em 1912 pelo engenheiro João Henrique Von Haffe.
Porém, a confusão política, com reflexos na administração pública da Província, continua. Em 14 de Março de 1912 regressam a Lourenço Marques os cidadãos que em 2 e 5 de Julho de 1911 haviam sido, pelo Alto Comissário Azevedo e Silva, mandados desterrar para diferentes pontos da Província, como «carbonários».
As grandes figuras republicanas da época julgam então ter chegado a altura de submeter ao Ministro das Colónias uma representação-protesto reclamando melhoramentos imediatos para Moçambique. Em sessão magna reuniram-se os dirigentes da Associação dos Proprietários, dos Empregados de Comércio e da Indústria, dos Lojistas e da Cámara de Comércio.
Os Seviços dos Caminhos de Ferro de Moçambique, estiveram sempre em mãos de engenheiros distintos, com sobejas provas da sua capacidade e a eles coube solucionar diversos e intricados problemas do pôs-guerra, num ambiente de ligeira trégua política.
Assim, deu-se por concluido o majestoso edifício sede dos CFM, um dos mais belos de Lourenço Marques (hoje Maputo - Moçambique) e não só; construiram-se em Ressano Garcia 4 casas de alvenaria para a moradia de 10 famílias de empregados dos CFM; construção de uma nova ponte metálica de 80 metros de vão sobre o Rio Matola; construção de 3 novos hangares para o serviço dos armazéns gerais; nova gare de triagem ao quilómetro 3; assentamento de novas feixes de linhas para o serviço da carvoeira; ampliação das linhas da estação de Ressano Garcia para se adequarem ao novo serviço de carvão; construção de 2 reservatórios de cimento armado de 200 metros quadrados de capacidade; instalação de um aparelho central de manobra e encravamento de agulhas e sinais na estação de Lourenço marques; instalação de agulhas automáticas nas estações de Moamba e Incomáti; construção de triângulos de inversão em Lourenço Marques, Moamba e Ressano Garcia [...].
A entrada de Portugal na guerra resultara, a despeito de todos os sacrfícios impostos à nação, de certo modo benéfica, pois deste modo se salvou a integridade do Ultramar, de modo especial de Moçambique e de Angola.