Posted on Setembro 1, 2009 by ovigia
Não é todos os dias que elogio a imprensa, é mesmo raro eu fazê-lo, não é que não o queira fazer, mas porque por e simplesmente são muito mas muito raras as vezes em que ela merece ser elogiada.
É que jornalistas e jornalismo, nos dias de hoje, são uma ‘espécie’ em vias de extinção, especialmente os que têm coragem para apontar o dedo ao que se passa nos meandros da podridão da vida política deste triste país, por isso mesmo hoje é um dia a assinalar e por dois motivos, mas já lá vamos.
Como digo no título desta entrada, o Jornal i no seguimento do seu tema “Escândalos da Democracia”, resolveu trazer hoje um artigo muito interessante sobre mais um escândalo da vida política portuguesa que há anos tem estado bem escondido e longe da ribalta, claro está, com a cumplicidade dos pesudo-jornalistas deste país.
O artigo cujo título é “Corrupção no PS Escândalos da democracia: O livro que vendeu 30 mil e desapareceu”, leva-nos a conhecer o livro de Rui Mateus, “Contos proibidos. Memórias de um PS desconhecido”, no qual o seu autor documenta as diversas jogadas de bastidores do todo poderoso maçon, Mário Soares e sua corja de ‘irmãos’.
Como é óbvio e a precaver-me de eventuais arrependimentos por parte do jornal, já gravei a página.
Confesso que não sei se o artigo está na versão de papel do jornal.
Já há tempos por aqui n’oVigia havia escrito algo sobre este tema, A podridão da política portuguesa – “Contos Proibidos” de Rui Mateus.
Escândalos da democracia: O livro que vendeu 30 mil e desapareceu
“após ganhar as primeiras presidenciais, em 1986, fundou com alguns amigos políticos um grupo empresarial destinado a usar fundos financeiros remanescentes da campanha. (…) Que, não podendo presidir ao grupo por questões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro”.
Escândalos da democracia: O livro que vendeu 30 mil e desapareceu
O investigador Bernardo Pires de Lima também leu o livro e conserva um exemplar. “Parece-me evidente que desapareceu de circulação rapidamente por ser um documento incómodo para muita gente, sobretudo altas figuras do PS, metidas numa teia de tráfico de influências complicada que o livro não se recusa a revelar com documentos”, observa.
Escândalos da democracia: O livro que vendeu 30 mil e desapareceu
Os últimos três capítulos abordam o caso Emaudio – um escândalo rebentado pelo próprio Mateus e que motivou a escrita de “Contos proibidos” para “repor a verdade”. Para Joaquim Vieira e Bernardo Pires de Lima, a credibilidade do livro é de oito sobre dez. “O livro adianta imensos detalhes que reforçam a sua credibilidade e nenhum deles foi alguma vez desmentido”, argumenta o jornalista e actual presidente do Observatório da Imprensa.
Para além do interesse do artigo em si, pelo tema que aborda, também é bastante curioso o facto de no mesmo artigo o “jornal i” ter colocado no canto superior direito um link para download do livro em versão PDF.
Tendo em conta que os senhores do “jornal i”, nomeadamente a sra ‘jornalista’ Ana Rita Guerra num dos blogs desse mesmo jornal, o Teknológica, passam a vida a chamar de criminosos as pessoas que defendem a PARTILHA e uma rede aberta e livre, não deixa de ser caricato que tenham colocado online uma versão digitalizada do livro.
Será que pediram permissão ao seu autor?
Será que a pediram ao editor, a Dom Quixote?
Sinceramente creio que a resposta às duas questões é negativa, uma vez que tal como afirmo acima, se trata de uma digitalização da versão em papel e não um ficheiro directo do ‘manuscrito’ original, aliás pelo que me é dado a perceber trata-se da mesma versão que está quer no Scribd quer no filehost rapidshare a qual menciono na entrada que há tempos aqui escrevi, logo o jornal i é como o Frei Tomás, faz o que digo não faças o que faço, é caso para dizer que em casa de ferreiro, espeto de pau.
E já agora e uma vez que o artigo jornal i indica que não se sabe do paradeiro de Rui Mateus, segundo a wikipedia ele encontra-se nos EUA a leccionar.
Também não deixa de ser interessante que no artigo da wikipedia sobre Rui Mateus, existe um link para o forumnacional, um forum de índole fascista e xenófobo, que supostamente teria um link para o livro, de momento o site encontra-se em baixo.
Para terminar gostaria de afirmar que este artigo vem demonstrar duas coisas, a importância da partilha de informação e a extrema importância da Rede Internet para uma sociedade democrática e mais justa.
Creio que esta é a demonstração cabal do enorme poder da rede!
Um livro com um enorme sucesso de vendas e com potencial para muito mais, incluindo levar a uma investigação policial/judicial a algumas das ‘personagens’ lá mencionadas, deixa de ser publicado, presumo que não tenha sido a pedido do autor.
É aqui que surge o poder da rede, acabando com a censura que fez desaparecer o livro, é por isso mesmo que tanta gente tem medo do poder da Rede, é por isso que cada vez mais se tenta a todo o custo controlá-la, é por isso que vemos ser aprovada legislação para o seu controlo e a discussão à porta fechada por motivos de ’segurança nacional’ do ACTA.
Infelizmente é este o país em que vivemos, nas duas faces de uma mesma moeda, numa a maçonaria que controla o PS na outra a mesma maçonaria mas travestida de grupo de discussão, o Bilderberg, no qual pelos vistos o PSD se revê.
Bem podem falar pessoas como o Professor Medina Carreira, bem podem nos avisar do que aí vem, ninguém os ouve, ninguém pelos vistos que saber e as pessoas que querem ver mudanças e um Portugal democrático pouco ou nada podem fazer, a não ser alertar.
Correio da Manhã
Vivemos, em geral, sob a ‘ditadura’ do curto prazo. Também nos domínios económico, financeiro e social, estamos circunscritos ao ‘trimestre’. O método que se usa é fácil e bem acolhido porque consente todas as interpretações e, por isso, a todos serve. Mas tem um grave efeito redutor porque os portugueses ficam sem saber como estão e para onde os levam. Têm hoje uma visão que não passa do dia seguinte.
Correio da Manhã
O Estado Novo naufragou por falta de solução para as guerras coloniais; sem resposta eficaz para o presente afundamento económico, a actual democracia mergulhará o nosso País numa confusão financeira e social, de efeitos dificilmente previsíveis, e acabará por ser substituída. Provavelmente, entre 2015 e 2020.
Correio da Manhã
Mostram-se o PS e o PSD à altura destas necessidades prementes do País? Se forem o mesmo PS, que leva agora onze em catorze anos de Governo, e o mesmo PSD, que soma três, as minhas preocupações atingirão o grau do ‘pavor’.