Tete (Canalmoz) - Em entrevistas com o Canalmoz, alguns residentes da cidade de Tete, que se declararam membros e simpatizantes de partidos políticos, com maior destaque para os do partido Frelimo, não escondem que andam desiludidos com o comportamento dos seus chefes. Alegam que por isso recusam-se a seguir as caravanas da campanha eleitoral dos seus partidos. “Estamos cansados de contribuir para o enriquecimento de alguns grupos de indivíduos que depois da vitória não nos reconhecem e ainda por cima nos desprezam”. “Para piorar a situação, agora eles têm a coragem de nos vender camisetes da campanha a preços muito elevados”, dizia-nos um membro da Frelimo. “Cada camisete custa 300 meticais, nós que não trabalhamos onde é que vamos encontrar esse todo dinheiro?”. É neste tom que alguns supostos membros da Frelimo em Tete colocam a questão. Esta situação está a levar a campanha ao fracasso, em Tete. Os partidos concorrentes não se fazem sentir nas avenidas e bairros como tem acontecido normalmente quando estamos nesta épocas e isto é sintomático do ambiente de descrédito que está a envolver estas eleições. “Os políticos optaram pela campanha porta-a-porta porque as pessoas estão cansadas de serem usadas, para gritarem sem benefício nenhum”. Na ronda que o Canalmoz efectuou pelos bairros da cidade de Tete, incluindo a vila de Moatize, constatámos que a campanha está comprometida pelo facto de não existirem membros pelas ruas a caçar votos. São poucas também as casas visitadas pelos que optaram pela campanha porta-a-porta. O fracasso está à vista. O descrédito nos políticos está evidente. O descontentamento pelo comportamento da CNE é grande. Amina Benjamim, residente no bairro Matundo, disse que a “o desinteresse é uma forma de protesto e deve-se às irregularidades que a CNE cometeu ao excluir os outros partidos”. “O povo está desiludido e cansado com as manobras da Frelimo. Eu pertenço à Frelimo, mas sou simpatizante do MDM, isso porque não pretendo ver o meu país em patamares de desgraça”. Isaltina dos Santos, residente no bairro Matema, afirmou que fazer campanha em Moçambique é um sacrifício para, os coitados, pequenos partidos, sem dinheiro. “Para quem analisa bem os factos conclui-se que a Frelimo já ganhou as eleições, por isso que não estão preocupados em fazer campanha”. “O que está acontecer é simplesmente enganar o povo. Já corromperam a CNE e agora estão apenas a passear a classe, porque já sabem que nos próximos cinco anos estarão de novo na ponta vermelha”. Já os residentes do Moatize garantiram que os simpatizantes apenas estão a descansar. Mendes Mateus disse acreditar que nos próximos dias a campanha vai aquecer. “Quero apelar aos partidos para considerar os seus membros de modo a que estes tenham o ânimo de correr pelas ruas e gritar vota, vota...” “Nós queremos saber o que está acontecer com os nossos partidos. Será que não têm dinheiro de verdade? Ou houve desvio de aplicação dos fundos?” “Não se explica que um partido que queira ver o seu simpatizante a gritar, obrigue-o a comprar camiseta”. Refira-se que a Renamo ainda não arrancou com a campanha no distrito de Chiuta, alegando a falta de material de propaganda. Mas o delegado político provincial daquele partido, Albano Bulaunde, garantiu a nossa reportagem que brevemente vão receber o material. (Jorge José Mirione e Catarina Chachuaio)
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