Era assim a casa Portuguesa de então, onde o vinho não faltava, e escaciando o pão que depois na hora da janta seria cortado ou fatiado, com algum conduto lá dentro como se dizia naquela época, uma sardinha para três.
Nem sempre sobrava para a mãe, a mulher que agarrada ao tanque, passava os dias lavando a roupa da casa, e por vezes de alguma senhora mais abastada que dava a roupa ás lavadeiras, e assim sempre Maria como todas as mulheres poderia levar mais algum conduto para o marido que muitas vezes chegava bêbado a casa a maltratando, e aos filhos por vezes espalhados pelos campos ajudando, quase sempre, e á escola faltando.
Era assim a casa portuguesa, a mulher sofrida calada obedecendo ao ditador quando vinha mal humorado.... Lá estava o vinho em cima da mesa onde concerteza a féria não chegaria para Maria comprar todo o sustento.
Os filhos faziam seus próprios brinquedos, e de seus dedos pequenos uma caricia para alegrar a mãe que sempre estava triste, mal cuidada, as mãos gretadas pelo frio quando nos rios batia a roupa que ficava tenindo de uma brancura onde nenhum detergente entrava, e depois era corada ao sol.
Era assim a casa portuguesa onde faltava tudo, mas onde sempre havia um pouco de calor quando ao redor do lume os filhos se sentavam junto á mãe que lhes contava lindas histórias, e o pai dormitava de cachimbo nos beiços, pensando na jorna do dia seguinte, era complicada aquela vida, mas por certo melhor que hoje, onde já não há casas verdadeiramente portuguesas, onde falta todo um amor e atenção, onde as crianças crescem sem esperança, onde não há diálogo, um gesto uma atenção... é esta a casa portuguesa de hoje!
A todos bom dia
São Percheiro com imagem de Isabel Filipe