A história da Olá e os seus produtos emblemáticos são parte da memória de todos os portugueses. Gelados como 'Epá', 'Super Maxi' ou 'Perna de Pau', invenções nacionais que existem no mercado há mais de 30 anos, acompanharam gerações. Há ainda aqueles que há muito desapareceram das lojas mas que continuam no imaginário de muitos, como o 'Rol', o 'Fizz' ou o 'Pé', e que poderão voltar. Para o futuro, o desafio da Olá é aumentar o consumo de gelados ao longo de todo o ano, transformando o produto que começou por ser consumido na praia num dia de Verão num hábito de todos os dias, mesmo no Inverno.
Rol, Pé, Fizz ou Sky poderão ser nomes estranhos para os mais novos. No entanto, fazem parte das memórias dos mais velhos, que cresceram a comer estes e outros gelados, como os emblemáticos Epá, Perna de Pau ou Super Maxi, produzidos há mais de 30 anos. Todas estas marcas, que acompanharam as várias gerações de portugueses, fazem parte do universo Olá, que este ano celebra o seu 50.º aniversário.
A marca, que chegou a Portugal através de uma parceria entre a Unilever e a Jerónimo Martins, possui a única fábrica de gelados existente no País, em Santa Iria de Azoia. É lá que continuam a ser produzidos, entre outros, o Epá, o Super Maxi e o Perna de Pau, invenções nacionais que existem exclusivamente em Portugal e que são sucessos de vendas até hoje, com cerca de 15 milhões de unidades vendidas por ano. No entanto, a primeira unidade fabril da marca era localizada na Estefânia, a Fábrica de Gelados Olá, que veio a dar o nome à marca e que foi comprada em 1959 à empresa Ferreira e Trancoso.
Até se tornar líder de mercado, posição que ocupa até hoje, tendo actualmente dois terços de quota, demoraram 11 anos. Foi nessa altura, em 1970, que a marca comprou "a sua maior concorrente, a Rajá", e que assumiu "a liderança da produção e venda de gelados em Portugal", afirma Marta Quelhas, gestora de produto da marca. Nesse ano, a Olá tinha 17 gelados diferentes disponíveis no preçário, que surgiu também por esta altura. Até aí, os gelados eram vendidos em sacos e em carrinhos que percorriam as ruas e avenidas.
Actualmente, são 35 as variedades de gelados nos preçários da marca, que no total disponibiliza no mercado "mais de 150 referências".
Ao longo dos anos, a marca foi lançando diferentes produtos, alguns com fracasso, mas muitos com sucesso. É o caso do Magnum, que foi criado na Alemanha, ou do Cornetto, que apesar de ter nascido na Itália, a receita é "adaptada consoante o gosto dos consumidores", salienta Marta Quelhas. Este é, aliás, o gelado mais vendido em Portugal, com mais de 10 milhões de unidades consumidas por ano.
Já gelados como o Rol ou o Fizz, que surgiram na década de 80, há muito que desapareceram dos preçários devido à evolução e inovação neste mercado, apesar de permanecerem na memória de muitos.
A propósito do seu 50.º aniversário, a marca está a fazer um inquérito no seu site, questionando os internautas sobre qual o gelado que recordam com mais saudade e que mais gostavam de voltar a comer, porque, segundo a empresa, poderá voltar a ser produzido e comercializado em Portugal.
A reedição de gelados antigos é prática da Olá, que recentemente lançou uma petição cujo objectivo é reunir mil assinaturas para trazer de volta o Calippo Cola, retirado do mercado há 15 anos.
Apesar de ser uma marca presente nos cinco continentes e em mais de 50 países, Portugal é um mercado especial para a empresa, já que "é dos países onde conseguiu uma melhor implantação", refere a responsável. No entanto, o consumo nacional, de cinco litros por pessoa, está ainda longe do praticado nos países nórdicos, com 20 litros por pessoa.
O desafio da Olá para os próximos tempos será, portanto, aumentar a venda de gelados através do consumo ao longo de todo o ano, fazendo com que este deixe de um produto apenas sazonal e consumido durante o Verão, como acontece há 50 anos. Desde 1959.
Cada país sua marca
Apesar de estar presente em mais de 50 países em todo o mundo, a fabricante de gelados tem marcas diferentes para cada país. Se em Portugal a empresa ganhou o nome da Fábrica de Gelados Olá, em outros países tem nomes bem diferentes. É o caso de Itália, onde se chama Algida, de Espanha, onde é Frigo, dos EUA, onde é conhecida por Good Humor, do Reino Unido, onde é Wall's, e do Brasil, onde é Kibon. No entanto, a empresa tem feito um esforço por uniformizar a imagem da marca, simplificando-a na década de 90 "sob o actual símbolo do coração Olá". Este "representa o que é comum e universal no posicionamento da Olá pelo mundo - uma marca próxima do consumidor - uma love brand ligada desde sempre aos momentos mais importantes", afirma Marta Quelhas, gestora de produto da marca.
Os concorrentes
Apesar de ser líder de mercado, com dois terços dos gelados vendidos em Portugal, a Olá tem duas empresas concorrentes a operar no mercado nacional: a Menorquina e a Nestlé. A primeira, originária do país vizinho, onde afirma ser líder, possui três fábricas em Espanha e tem mais de 100 distribuidores na Península Ibérica. Além dos gelados de pau, a marca, presente em 35 países em todo o mundo, aposta fortemente nos gelados de sobremesa, estando presente em vários restaurantes nacionais. Já a multinacional Nestlé está em Portugal desde 1988, com a marca Camy. Mais recentemente, em 2000, e depois de algumas aquisições, a marca passou a chamar-se Ice Cream Nestlé, sendo proprietária de alguns sucessos conhecidos em Portugal como o Maxibon, Extreme, Smarties e Nesquik.
150 referências
de gelados é actualmente o portfólio da Olá. No preçário deste ano existem 35 gelados diferentes, o que contrasta com a oferta em 1970, com apenas 17 variedades.
10 milhões
de 'Cornettos' de morango são vendidos por ano em Portugal. Este é, segundo a Olá, o gelado mais comercializado no País, sendo a sua receita adaptada ao gosto nacional.
15 Milhões
é o total vendido por ano de 'Epá', 'Super Maxi' e 'Perna de Pau' (incluindo o 'Perna de Pau Mega'). Com mais de 30 anos, estes gelados só existem em Portugal.
50%
dos consumidores portugueses compram gelados para consumo em casa, o dobro de há cinco anos, graças ao esforço das marcas neste sentido
http://dn.sapo.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1400696